*21*

2.2K 79 1
                                    


A campainha toca e corro até à porta. Espreito pelo olho e vejo o Tiago do outro lado.

Abro a porta e sou recebida por um rapaz extremamente charmoso.

"Olá princesa." Planta um beijo na minha bochecha.

"Olá macaquinho." Retribuo o beijo e abro espaço para o rapaz entrar.

"Eu só vou buscar a minha mala e já venho."

Subo até ao meu quarto e coloco tudo o que preciso na minha mala. Desço as escadas e vejo o Tiago ao lado da minha mãe.
Dou-lhe um beijinho e recebo um aviso para ter juízo em troca.

Quando saímos de minha casa o Tiago guia-me até ao seu Mercedes e segue até Matosinhos.
O Afonso decidiu marcar um almoço num restaurante perto da praia. Segundo ele, hoje é um dia muito especial e queria que estivéssemos todos juntos.

Claro que aceitei e o Tiago ofereceu-se para me vir buscar. Ao inicio recusei porque ele teria que fazer um trajeto longo para me ir buscar mas ele insistiu bastante e eu acabei por aceitar.

"Sabes o porquê do almoço?" O moreno pergunta depois de baixar o som do rádio.

"Não faço a mínima ideia, sinceramente. Ele só queria que fossemos todos."

"Tenho a sensação que vai sair asneira." Resmunga baixinho mas em tom de brincadeira.

"Nunca esperes nada de bom daquele rapaz."

Começamos a rir e ficamos assim por alguns minutos porque quando nos calavamos a risota começava outra vez.

"Como correu a frequência ontem?"

"Não correu nada bem. Tenho a sensação que vou deixar a disciplina para trás mas não posso fazer nada. Agora é focar nas outras."

"Vais ver que vais conseguir." Tenta acalmar-me e sorrio com o seu carinho.

"Obrigada macaquinho."

"Sempre aqui." Coloca a mão na minha perna e continua a conduzir calmamente.

---

Quando chegamos ao restaurante já é uma da tarde.
Os irmãos Barata, a Mafalda, o Zé, os pais do Zé e do Tiago, os pais e algumas primas do Afonso estão já sentados numa mesa imensamente comprida.

Acho estranho estarem todos aqui e fico a imaginar os vários cenários para isso.

Tento desligar-me disso e cumprimento rapidamente todos os presentes.
Sento-me ao lado do meu melhor amigo e recebo um abraço apertado da sua parte. Encosto a minha cabeça ao seu pescoço e fico lá por alguns segundos.

"Onde está o Afonso?" Pergunto depois de me afastar do Zé.

"Não sei. Estamos todos à espera dele."

Aceno com a cabeça e tento focar-me nas conversas paralelas que estão a acontecer. Como não acho interessante nenhuma, começo a falar com o Tiago, que está ao meu lado.

Estou cansada de esperar e por isso encosto a minha cabeça ao ombro do moreno que fez de meu motorista hoje.

"Ainda não te tinha dito que estás linda." Fala baixinho ao meu ouvido e fico envergonhada com as suas palavras.

Não era da boca dele que eu queria ouvir, mas fico constrangida na mesma.

"Obrigada. Tu também estás lindo, mas só hoje." Brinco com o rapaz e começamos os dois a rir alto.

Desvio a minha atenção para todos à nossa volta quando percebo que todos fizeram silêncio, o que fez com que só as nossas gargalhadas se ouvissem naquela mesa.

Tento perceber o motivo e o meu coração aperta quando vejo o André rodeado pela família. Apenas eu e a Mafalda ficamos afastadas, mas a rapariga está em pé à espera para cumprimentar o moreno enquanto eu permaneço sentada.

Quando todos parecem ter cumprimentado o futebolista, o seu olhar desvia-se na minha direção, o que me leva a crer que já tinha conhecimento da minha presença.

Todos parecem perceber o seu olhar em mim, o que me faz levantar e ir em direção ao grupo de pessoas em pé. Quando estava junto deles, a mãe do meu melhor amigo puxa-me para si.

"Esta é a Alice, a namorada do teu primo Tiago." A senhora diz, na sua inocência.

Sinto-me perdida com a sua frase e sei que isto vai correr cada vez pior.

"Nós não namoramos, mãe." O Tiago tenta explicar a pobre senhora. A verdade é que ela meteu na cabeça que eu e o filho andamos e agora meteu - me numa enrascada.

"Ainda." A sua mãe acrescenta e vejo a cara do André demasiado séria.

Aproximo-me dele, que está com uma expressão indecifrável, e deposito um beijo na sua bochecha. Sinto uma das suas mãos pousar nas minhas costas e fazer pressão para nos aproximarmos.  Afasto-me rapidamente e fico junto do Afonso, que me abraça de lado e sussurra que tudo vai ficar bem.

As coisas estão cada vez piores.

Sentamo-nos todos à mesa e o André fica a dois lugares de mim, do outro lado da mesa.

Sinto o seu olhar constantemente em mim, mas tento não olhar na sua direção. Depois do que ele fez não quero cometer o erro de aproximar-me de novo e magoar-me ainda mais.

"Esta tudo bem?" A voz do Tiago soa no meu ouvido e olho para ele.

"Sim, só estou com fome." Minto com um pequeno sorriso para tentar disfarçar a dor no meu coração.

O moreno parece não acreditar muito em mim e fica constantemente a tentar animar-me.

"As tuas piadas são horríveis." Gozo com o rapaz e ele olha-me com um falso olhar zangado.
Não me controlo com a sua expressão facial e solto algumas gargalhadas, que são acompanhadas pelas do Tiago.

Ouço uma cadeira a arrastar com força no chão e um André demasiado alterado sai de forma bruta do restaurante.
Alguns presentes ficam confusos com a sua reação enquanto outros olham para mim.

Vejo o Filipe levantar-se e ir em direção à saída por onde fugiu o rapaz por quem estou apaixonada.

Levanto-me, sufocada com toda a situação e vou até à casa de banho.

Olho o meu reflexo no espelho e noto as lágrimas que insistem em nascer nos meus olhos. Inspiro fundo para tentar acalmar-me.

"Devias ir falar com ele." Assusto-me com uma voz feminina e olho na direção da porta, onde está a mãe do moreno.

Permaneço calada e a senhora continua o seu discurso.

"Eu conheço o meu filho e sei que ele é completamente apaixonado por ti. Ouve o que ele tem a dizer minha querida, deixa-o explicar-se."

Depois de falar sai da divisão, deixando-me sozinha a pensar.

Eu vou tentar ouvir mas não vou voltar a cometer o mesmo erro de acreditar nele.

Saio então da casa de manhã e vou até à saída por outro caminho para não passar pela mesa onde estão todos.

Quando chego à rua arrepio-me com o frio e com a imagem que vejo à frente.

O André está sentado no chão, com a cabeça entre os joelhos, enquanto o Filipe está ao seu lado em silêncio. Quando este me vê, levanta-se sem fazer barulho e caminha até ao interior do restaurante, depois de me dar um beijo na testa.

Ganho coragem e sento-me ao lado do moreno de Milão, que continua com a cabeça na mesma posição.

"Esta é a tua oportunidade de falares." A minha voz sai rouca e fraca e insulto-me mentalmente por isso.

A sua cabeça levanta-se com uma rapidez alucinante e apetece-me rir com a sua expressão.

O rapaz tenta falar mas a única coisa que faz é abrir e fechar a boca.

" Eu disposta a ouvir o que tens para dizer. Tens um minuto para começar a falar."

OPORTO- André Silva ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora