chapter four - primeiro de fevereiro

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"Você sabe o que faz a prisão desaparecer? É cada afeição profunda, genuína. Ser amigos, irmãos, para amar [...] alguém que não tem isso está desprovido de vida" — Vincent Van Gogh.

Harry quase coloca o carro na garagem. É algo tão natural, abrir o portão da frente e depois o da garagem, estacionar seu carro na última das seis vagas e pendurar as chaves ali mesmo. Mas ele não mora mais ali, pelo menos não por hora, desse modo, ele estaciona do lado de fora, em cima da grama, não o agrada fazer isso, mas não há outra opção e Niall irá estacionar ali de qualquer maneira.

Louis está esperando-o na porta, com roupas que não são inteiramente dele e sorrindo largo. Harry tropeça ao olhar para ele e sorri envergonhado, é nesse momento que o seu Louis riria e viria até ele, não aguentando mais esperar a caminhada lenta de Harry, se jogaria em seus braços e o beijaria.

Mas esse Louis não é seu Louis, então ele esconde a risada e espera pacientemente Harry, afastando-se da porta para que ele possa entrar.

— Obrigado por vir e me desculpe por ontem — murmura Louis enquanto fecha a porta. Sua voz suave preenche todo o ambiente e parece puxar Harry, atraindo-o, mas ele sabe que deve se afogar.

— Não foi sua culpa — diz Harry olhando ao redor e sentindo-se tão familiarizado que dói. — Está sozinho?

— Estou — responde Louis parado perto da porta.

Os dois estão alguns metros separados e é tão... estranho. E Harry sabe que Louis está sentindo o mesmo, isso tudo o faz querer gritar que os dois estão juntos há tanto tempo que sabem mais sobre o outro que sobre si mesmo.

— É estranho ter empregados e minha mãe tinha um compromisso. Os meninos chegarão em breve — diz ele afastando-se da porta, mas ainda incerto sobre onde ir.

— Já conheceu a casa toda? — pergunta Harry e Louis nega com um aceno. — Quer ver a sala de troféus? Nós ganhamos alguns com a banda — diz ele sorrindo minimamente.

Ele está sendo modesto. O One Direction ganhou mais prêmios do que caberia em um quarto, mas eles são ricos o suficiente para ter um quarto enorme lotado dos mais diversos prêmios. E fotografias.

Fotografias onde Harry e Louis claramente são mais que amigos. E por claramente entende-se beijos apaixonados.

Harry mostra o caminho, subindo as escadas e andando pelo corredor até o penúltimo quarto à esquerda, gira a maçaneta suavemente, mas a porta não abre. Ele reprime um sorriso irônico enquanto puxa as chaves do bolso e abre a porta.

A parede do fundo é coberta de fotos, desde premiações a fotos pessoais, nas paredes laterais, há prateleiras repletas de prêmios, assim como nas estantes do meio. É abarrotada e parece uma biblioteca com aquelas estantes localizadas no centro. Havia também revistas e jornais com matérias sobre eles, mas os dois nunca liam e com o tempo foram ficando sem espaço, então tudo acabou no sótão.

Obviamente há espaços vazios entre as fotos, Harry não está verdadeiramente surpreso, Johannah deve ter pensado em tudo nos mínimos detalhes.

— Por que você tem as chaves? — pergunta Louis dando a volta por trás de Harry e caminhando até as estantes.

— Alguns dos meus prêmios estão aqui — responde Harry, sem saber como explicar a Louis o porquê de ele ter as chaves de sua casa, da casa deles.

— Por causa da mudança? — Louis passa a mão suavemente pelos prêmios, como se pudesse quebrar se ele respirasse demais em cima.

— Isso — diz Harry engolindo em seco, se Louis se lembrasse dele, saberia que aquilo era mentira apenas pelo tom de voz, mas ele não lembra e a mentira é justamente por isso, então Harry não liga.

Remember MeWhere stories live. Discover now