— Ele vai acompanhar você? — perguntou a recepcionista com uma voz gentil quando viu Cris.
Nelson olhou para seu assistente. Com um sorriso reconfortante dele, o nadador virou-se para a mulher:
— Sim, ele vai.
— Sendo assim, venham comigo, por favor — disse a enfermeira que veio da porta dupla nos fundos.
— Você fez isso antes, certo? — perguntou a enfermeira enquanto levava eles para uma sala pequena com um sofá, alguns armários e vestiários. Nelson assentiu e a mulher passou uma pequena cesta plástica e uma chave para ele. — Então conhece o procedimento. Tamanho P, certo?
— Ah, sim? — respondeu Cris, um pouco confuso. A enfermeira assentiu e deixou a sala. — Por que ela perguntou?
— Pras roupas — disse Nelson, colocando o celular e carteira na bolsa plástica.
— Preciso que explique um pouco mais — disse Cris, fazendo círculos com as mãos.
— Não sabe sobre esse exame? — Quando o assistente negou com a cabeça, Nelson virou-se para ele com uma expressão em branco e depois riu. — Como explico de um jeito decente? Bom, primeiro, nós ficamos pelados.
— Até agora estou gostando pra onde isso vai — interrompeu Cris, com um sorriso.
— Então colocamos as roupas do hospital. — Nelson continuou como se não tivesse sido interrompido, embora sorriso também. Ele mostrou a cesta plástica para Cris. — Depois nós colocamos tudo de metal aqui, então podemos ir pra sala de exame.
— Que saco. — Apesar de falar aquilo, Cris também colocou sua carteira e celular na bolsa. — Por que precisamos fazer tudo isso?
— Se tiver qualquer tipo de metal, a máquina pode não funcionar direito. O metal interfere com ela ou algo do tipo. Daí o paciente e quem acompanhar não pode entrar na sala com nenhum tipo de metal. Nem zíper e botões.
— Sério, que saco. Mas não sou eu quem manda nisso — disse Cris, tirando a camisa.
— Por que você está tirando a camisa? — perguntou Nelson, num sussurro preocupado, olhando para a porta, como se esperasse que a enfermeira voltasse a qualquer segundo.
— Pra trocar de roupa? — disse Cris, a voz indicava que deveria ser óbvio.
— Tá, bem, tem um vestiário nos fundos. E ainda não trouxeram as roupas!
— Eu sei, mas assim é mais divertido, digo, mais rápido. Além do mais, por que você está todo agitadinho? Somos dois homens, não precisa ter vergonha, sabe? — Cris mostrou um sorriso malicioso.
Antes que Nelson pudesse responder, a enfermeira abriu a porta.
— Aqui estão suas roupas... — Ela ficou quieta quando percebeu que Cris estava sem camisa. Com um sorriso forçado, passou a roupa para eles. — Estarei esperando lá fora até que se troquem — disse, de forma cortês, e deixou a sala, embora não antes de Nelson notar seu rosto vermelho.
Cris riu e, antes que o nadador pudesse dizer algo, correu para o vestiário.
Com um suspiro de derrota e bochechas vermelhas, Nelson foi trocar de roupas também.
— Devo dizer. Isso é estranho. Estranho demais — disse Cris do outro lado da divisória de plástico.
— Sei que vou me arrepender de perguntar, mas sou um idiota — murmurou Nelson e depois suspirou, alto o bastante para Cris ouvir. — O que é estranho?
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O nadador e o assistente
CasualeO clube Prado Maranhão de desportos aquáticos, um lugar onde aqueles que miram o topo dos esportes aquáticos se juntam. Nelson, chamado no passado de garoto prodígio da natação brasileira, está perto de se recuperar de um acidente sério que quase ti...