[10] third reason;

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-O que achaste deles? - Taehyung perguntou-me quando já tínhamos saído da salinha e andávamos pelos corredores do hospital até á saída.

- Eram adoráveis, confesso - suspirei - mas mesmo assim, Taehyung, continuo sem perceber... -olhei-o enquanto este caminhava calmamente a meu lado, com as mãos nos bolsos do seu casaco colorido.

- Perceber o quê? - encarou-me.

- Isto tudo - fiz uma pausa - tudo bem, eu percebi que vocês visitavam estas crianças ás vezes mas...porquê?

-O Jimin sempre amou crianças...

- Eu sei mas...

-....e ele sentia que devia ajudar estes pequeninos a serem mais felizes, mesmo que o que fizesse fosse pouco, elas ficavam contentes por vê-lo e ele sentia-se bem com isso, sentia-se realizado. - ele completou e eu pude ver o brilho em seus olhos, não percebi se era porque estava prestes a chorar ou se era apenas nostalgia. A sua voz não soava embargada então deduzi que fosse o segundo. - e eu também me sinto completo quando estou aqui, como se a minha existência fizesse bem a alguém, sabes?

Assenti, embora nunca tivesse sentido isso.

De repente, Taehyung ficou mais sério, tal como estava antes de vermos as crianças. A sua expressão mostrava que ele estava pensativo e de certa forma eram esses pensamentos que o afetavam. Ele não estava normal, não estava a ser ele próprio, e eu sabia que algo estava diferente, mas decidi não dizer nada, pois nunca fora bom a consolar alguém nem nunca sabia o que dizer quando alguém parecia triste. Comecei a odiar esse aspeto em mim. Taehyung fazia-me odiar coisas em mim próprio, ele tinha esse poder.

Ele parecia ridiculamente perfeito, com todas as qualidades que eu não tinha juntas e tinha inveja disso. Inveja de não ser como ele, de não ser o suficiente. Era incrível como até ele aparecer na minha vida eu não percebia esses meus defeitos. Taehyung fazia-me vê-los tão facilmente que chegava a ser cruel, ainda para mais no momento em questão, onde a única pessoa que me faria tentar mudar já não estava cá.

Apercebi-me então naquele momento, enquanto a caminhada até á saída era dolorosamente silenciosa e a expressão de Taehyung era cortante, que mais uma vez a personalidade do moreno se sobrepunha á minha. Quis bater-me ao perceber que estava novamente a comparar-me a ele. Afinal isso não levava a nada. Tivera dito a mim próprio antes que não poderia voltar a fazê-lo porque isso só me iria matar mais um pouco, só me faria sentir pior.

Então, Jungkook, por que o fazes? Eu perguntava-me. Talvez a resposta fosse que o meu subconsciente ainda queria ser bom para Jimin, ainda queria compensa-lo, embora não fosse possível. Ou talvez a resposta seria que eu era louco; eu tinha perdido o juízo. Era isso: eu tinha perdido qualquer sanidade e estava paranoico! Ou pelo menos eu queria acreditar que assim o era.

Mas eu sabia que isso não era verdade e a primeira hipótese era muito mais viável, embora parte da segunda não fosse completamente absurda.

Sabia que a bondade de Taehyung era mais uma das aparentes mil e umas qualidades que fizeram Jimin se apaixonar. A sua facilidade em lidar com crianças com certeza aqueceu o coração do meu noivo e eu não podia competir contra isso.

Eu sabia também que Taehyung estava a sofrer naquele momento, tal como eu estava desde a morte de Jimin. Ele era mais forte que eu e tinha sabido aguentar-se, pelo menos na minha presença. Nunca o vira perder a cabeça ou desabar nos poucos encontros que tivemos. Apenas o tinha visto chorar no funeral, enquanto eu, mesmo nessas poucas vezes, já tinha mostrado o meu lado completamente fraco. Taehyung tentava e muitas vezes conseguia fingir, eu descobrira isso naquele momento, mas era surreal pensar que alguém o conseguiria fazer para sempre.

Now I Know Why He Loved You - FANFIC  Where stories live. Discover now