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Enquanto conduzia até casa, a curiosidade remoía-me mas o medo ainda me assombrava. Mesmo assim, não havia chance de eu não ler aquele diário de ínicio ao fim, cada página e cada palavra.

Ali estava a alma de Jimin. Sabia disso porque aquele caderno fez parte da vida dele desde o primeiro dia que o conheci naquela floresta...

E tu? Estás aqui porquê? — eu perguntei, depois de lhe contar a minha história e o meu sonho um tanto deprimentes, enquanto olhava para o caderno que Jimin tinha pousado ao lado do seu corpo.

—  Ah, eu venho cá para explorar, pensar ou escrever. Depende dos dias. — ele sorriu sem me olhar.

— E hoje é qual desses dias?

— Hoje eu vim fazer tudo ao mesmo tempo — ele riu fraco, largou a planta que desfazia com as mãos e pousou o caderno no colo. — Comecei por explorar esta parte da floresta com mais atenção enquanto pensava, e, bem, também trouxe isto — ele apontou para a capa negra desenhada. — Talvez parasse em algum lado para escrever um pouco.

— E porque não o fizeste?

— Encontrei-te — respondeu simples com um sorriso aberto que me aprisionou em si por segundos.

— Pensavas em quê no caminho para cá? — não fazia ideia desde quando me havia tornado tão curioso ou interessado em algo, porque raramente o era, porém com Jimin era diferente.

— Em tudo. — foi vago. — São esses pensamentos que rabisco nestas folhas aqui. É uma confusão, mas liberta-me de alguma forma.

Aquele diário sempre fora um mistério para mim. Não tinha a permissão para o ler e respeitava isso. Via Jimin com ele todos os dias durante o ano em que andamos na escola juntos mas depois disso, a partir do momento em que nos separamos na universidade, nunca mais havia visto o objeto.

Por algum motivo, preferi ler no carro, além de não querer esperar até chegar a casa. Então, mudei o meu percurso e em poucos minutos cheguei a um grande parque que havia na cidade. Estacionei num sitio reservado, em baixo de umas árvores altas, e suspirei fundo fechando os olhos antes de alcançar o caderno pequeno mas espesso que tinha pousado no banco ao lado.

Folheei as páginas um pouco velhas e só depois abri na primeira folha. Comecei a ler, sem deixar de sentir um incomodo no peito pela enorme nostalgia e saudade que sentia ao ler tudo aquilo que a letra pequenina e atrapalhada transmitia.

23 de julho de 2006

Devo começar por apresentar-me. Sou Park Jimin, o teu irmão, e neste momento tenho 17 anos.

Hoje marco um dia de mudança. A partir de agora começa um novo Jimin, uma nova vida e uma nova mentalidade. Os últimos dois anos foram negros, mas prefiro não falar disso, não mereces ouvir tal coisa.

A partir deste diário vou falar contigo Jieun, e contar-te momentos da minha nova vida. Tu ouvias-me sempre tão pacientemente. Não prometo contar tudo, nem falar contigo todos os dias, e espero que não te importes, mas serei sempre sincero.

...

4 de agosto de 2006

Querida Jieun,

Desde que  fui expulso do colégio que os pais andam mais atentos a mim e a tudo o que faço. Compreendo isso então não vou fazer birra, embora toda esta preocupação me irrite mais do que aquilo que sei que deveria irritar. Sei que o que fazia era errado e agradeço o apoio que recebo apesar de tudo. Tenho a certeza que tu também me apoiarias, mesmo que eu saiba que se estivesses aqui tudo aconteceria de maneira diferente.

Now I Know Why He Loved You - FANFIC  Onde histórias criam vida. Descubra agora