Now I Know Why He Loved You - FANFIC

[21] it's too late now, or maybe it isn't;

[ t a e h y u n g ' s  p o v ]

Depois de um bom tempo encarando as mensagens, decidi que não responderia a Jungkook, pelo menos não naquele momento, e levantei-me do sofá em que estava sentado.

Olhei para o relógio da cozinha. Oito em ponto. Não tinha fome, então decidi também que não iria cozinhar.

E desde quando Kim Taehyung não tinha fome? Bem, algo realmente estava errado comigo, mas a verdade era que o meu organismo cada vez pedia menos comida e cada vez mais cigarros.

Esse pensamento lembrou-me Jungkook e como ele parecia não ter muito apetite. Na última vez que estivemos juntos, em sua casa, ele não quis comer de manhã e eu sabia que ele estava muito mais magro do que nas fotos que Jimin me mostrara uma vez. 
Eu não queria ser como ele, em nenhum aspeto. Não podia sê-lo.

Mesmo assim, não quis comer àquela hora e reparei que precisava de um banho.

Depois de me despir, olhei-me ao espelho - este que mostrava apenas até o meio do meu tronco - e encarei o meu próprio reflexo por algum tempo. Eu parecia bem. A base perfeitamente espalhada pela minha pele morena e a franja perfeitamente arrumada e lisa construíam a imagem de homem confiante e bem sucedido que sempre fora. Mas, bastando apenas passar um pedaço de algodão com desmaquiante, tudo isso desmoronou. As olheiras fundas e pele cansada. A franja não mais tão alinhada. Do que adiantava? Fingir era uma merda. E o pior era que eu já desconfiava que não conseguia mais enganar ninguém.

Ah e como eu gostaria de o continuar a conseguir fazer. Principalmente comigo próprio. Gostava de conseguir pensar que estava tudo bem, nem que fosse uma ilusão, mas a realidade estava diante dos meus olhos, naquele espelho.

Fechei os olhos e voltei a abri-los, esvaziando a minha mente. Acabei de tirar todos os produtos da minha pele e rapidamente entrei para tomar banho. A água envolveu o meu corpo e senti um relaxamento momentâneo. Mas logo o meu cérebro voltou a entrar em colapso. Eu sabia que não iria ter paz.

Quando terminei, voltei á cozinha e comi qualquer coisa que não caprichei muito em preparar. Depois, fui para cama. Não havia nenhum outro lugar para ir. Esperava poder dormir e desligar de tudo por umas horas, porém não aconteceu. Ver Jungkook não me fez bem. Ele trazia ao de cima muitas coisas que eu tinha vindo a tentar controlar em mim próprio. O meu subconsciente não me empurrava para fazer aquilo que estava certo. Talvez houvesse algo de errado no meu sistema, e esses erros atormentavam-me, faziam-me pensar demais, entrar em colapso.

Nas poucas horas que dormi naquela noite, eu pensei, pensei muito. Dei milhentas voltas na cama e senti-me quase que a sufocar. Em algum momento devo ter chorado, não sei, não me lembro. O meu ponto de viragem está pouco presente na minha mente. Aquela noite não é uma memória clara para mim.

Acordei ainda mais cansado, com o olhar desfocado e cabeça perdida. Porém algo estava vincado no meu cérebro. Não era uma memória clara, tal como já disse, mas tinha um estranho e forte sentimento de determinação. Pensava em apenas uma coisa, e ela estava desenhada como um plano. Um plano que eu seguiria á risca, sem espaço para desvios. Eu sabia que se, por um momento apenas, vacilasse, tudo iria por água a baixo e voltaria a ser tudo o mesmo. E eu não suportaria que tudo voltasse ao mesmo.

(...)

- O QUÊ? - o meu chefe arregalara os olhos quando lhe entregara a carta do meu despedimento. - Mas, Taehyung, és dos melhores funcionários que temos e os leitores adoram as tuas criticas. És parte da alma da revista! Não podes ir embora assim! - ele olhava-me ainda surpreendido, perdendo um pouco da postura imponente e de certa forma rude que sempre mostrava. Eu mantive-me apático, tentando mostrar-me indiferente aquilo que acabara de fazer, e por isso evitava olhá-lo nos olhos.