[13] what a coincidence, don't you think?

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Sequei as lágrimas com as mangas e reparei que estivera naquele sitio, perdido dentro do meu próprio passado, durante demasiado tempo. Peguei então na moldura que tinha deixado cair em cima da mesa e voltei a pô-la em cima do móvel, sítio de onde nunca devia ter saído, mas desta vez virada para baixo.

As memórias ainda me atormentavam então decidi que, naquele momento, o melhor era arranjar uma solução para pará-las.

Eu não queria, juro que não queria, mas foi mais forte que eu quando me direcionei ao quarto e vesti uma roupa qualquer, saindo rapidamente de casa em direção ao bar mais próximo. Ainda me debati dentro do carro antes de arrancar, quase a forçar-me a entrar novamente em casa e meter-me na minha cama quentinha, mas no fim decidi que não havia nada que me impedisse, nada que valesse a pena.

Então eu entrei no bar confiante que, mesmo estando exausto e devastado, ali encontraria a cura para o meu sofrimento naquela noite.

O ambiente era escuro, em tons de vermelho vinho, e a música alta poderia incomodar-me se eu realmente estivesse com a disposição para me importar. Não tinha muita gente e eu achei isso ótimo, então arrastei-me até ao balcão e sentei-me numa das cadeiras altas. O barman olhou-me entediado, demonstrando que não estava espantado com o meu aspeto e que ver pessoas como eu para ele era o dia-a-dia. Porque eu sabia que estava horrível. Juntando ao desleixo dos últimos tempos, a minha cara estava ainda inchada e com manchas vermelhas, horrorosas. Eu conseguia senti-lo, mas não conseguia arranjar forças para querer saber.

Com a minha voz rouca ainda do choro eu pedi uma vodka, que rapidamente bebi, e logo a seguir pedi outra e outra, sentindo o líquido arder na minha garganta. Era mau mas ao mesmo tempo bom, não curava mas aliviava.

A minha cabeça começou a pesar e senti-me meio tonto. Ainda estava sentado, com os cotovelos apoiados no balcão e as mãos a tapar os meus olhos. Suspirei frustrado e naquele momento desejei morrer. Eu queria chorar mas tinha vergonha demais para isso, então enterrei mais o rosto nas minhas mãos numa tentativa de me controlar.

— Dá-me mais uma! — ouvi uma voz bêbada que logo reconheci mesmo a meu lado. — Bem forte, sim?

Ganhei forças para levantar os olhos, de forma a puder ver quem falava, e desejei mais uma vez morrer quando confirmei as minhas suspeitas.

Era Taehyung, de novo.

Apertei os olhos, não querendo acreditar na minha pouca sorte.

Não queria vê-lo, não queria ouvi-lo e não queria falar com ele. Só queria que todos desaparecessem, nem que fosse só por aquela noite.

Voltei a esconder o rosto nas mãos, como se isso ajudasse em alguma coisa.

— Jungkookieee! — ouvi-o gritar e suspirei, arranjando força de vontade suficiente para levantar a cabeça e olhá-lo. — Que coincidência, hm? — ele pendurou-se em mim enquanto segurava um copo com uísque.

Olhei para a frente numa tentativa de o ignorar e fiz sinal ao barman para me trazer outra bebida.

— De volta aos velhos hábitos, ah Jungkook? — olhei para ele de novo, sem acreditar que ele iria mesmo provocar-me naquele momento. Não estava pronto para lidar com um Taehyung bêbado.

O barman trouxe-me a minha bebida e eu precipitei-me em beber um grande gole como encorajamento para lhe responder.

— O que queres, Taehyung? — falei sem paciência depois de pousar o copo no balcão e encará-lo, este que já se tinha sentado a meu lado.

Ele deu um gole na sua bebida e sorriu para mim divertido. Mas a sua diversão notava-se ser falsa. Taehyung era aparentemente um bêbado alegre mas essa sua alegria, agora, era uma alegria depressiva. Ele parecia um trapo, notava-se que estava uma lástima. Não me importei com isso, na verdade, porque, naquele momento, eu odiava-o, odiava-me a mim próprio e odiava Jimin. Eu odiava o mundo e o mundo odiava-me.

Now I Know Why He Loved You - FANFIC  Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin