Ignite

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Louis Tomlinson sempre soubera que eventualmente teria de revelar sua sexualidade para sua mãe. Era uma dessas coisas inevitáveis da vida, como escorregar em uma poça na rua, comprar pipoca no cinema, começar a cantar Mr. Brightside assim que os primeiros acordes soavam, chegar em casa e chutar os sapatos para fora dos pés. Às vezes imaginava as circunstâncias: na varanda da mansão com uma brisa de verão soprando seus cabelos, no carro durante uma ida até o supermercado, na mesa de café da manhã após uma das viagens de seu pai. Eram sonhos reconfortantes em ambientes razoavelmente controláveis.

O que Louis não esperava, entretanto, era sua mãe entrando em seu quarto no sábado em que ela e Lottie deveriam estar em Brighton, enquanto seu pai visitava Viena. No sábado em que Harry havia ido passar a noite junto com ele. No sábado em que eles estavam se agarrando seminus entre cobertores com uma comédia romântica qualquer sendo reproduzida fantasmagoricamente pela TV como uma espécie de trilha sonora.

Sua mãe havia ficado paralisada, boquiaberta. Harry havia pulado para fora da cama, murmurando palavrões enquanto vestia suas calças. Louis havia se enrolado em um lençol.

— Esse é o filho da Anne? O gêmeo do Henry? — Perguntou, saindo do transe. Em seu blazer preto, saia risca de giz e saltos agulhas, ela era a personificação de autoridade.

— Si-sim. — Louis se surpreendeu quando sua voz saiu audível. Trêmula, mas ainda assim.

— Você estava beijando o filho problemático de Anne na cama, em um final de semana no qual eu e Lottie inocentemente íamos fazer compras em Brighton. — Parecia estar tentando colocar os pensamentos em ordem, agora andando de um lado para o outro. Harry havia conseguido se enfiar em uma camiseta, e agora estava dividido entre prestar atenção na conversa e amarrar os cadarços de seus Vans. — Diga algo, Louis William Tomlinson.

— Mãe, eu sou gay.

Harry congelou, observando a reação dela temerosamente.

— Não, não pode ser. — Ela sussurrou, lágrimas escorrendo por suas bochechas rosadas. — Diga-me que você não queria isso, que foi ele que te forçou e que essa aberração não é você. — Encostou-se na parede, as mãos tremiam e as pernas também. — Diga-me que você ainda quer pedir a Eleanor em namoro.

— A Eleanor sabe sobre mim e Harry. Nós dois estamos juntos, ele nunca me forçou a nada. — Ele murmurou. Levantou-se e caminhou até estar de frente para ela, pateticamente embrulhado no lençol. Harry estava em silêncio, porém pronto para intervir caso algo acontecesse.

— Você é uma desgraça para essa família, Louis.

— Não, não sou. São vocês, com esse discurso de ódio e preconceito, que destruíram a nossa família e a nossa religião. — Louis disse, com os olhos úmidos e o cenho franzido. — Eu escolhi o amor e a minha liberdade. Por que isso te magoa tanto, mãe? Por que a minha felicidade dói tanto em você?

— Porque sodomia é um pecado, e porque tudo isso é nojento. — Ela cuspiu em um tom cruel, virando-se para encarar Harry. — E ele é um pobre coitado sozinho, triste e fazendo essas tatuagens e tentando se encaixar em algum lugar. Ninguém o ama de verdade, é apenas um cachorrinho chutado para fora de casa. É isso que você quer ser, Louis? É essa a sua liberdade?

Louis sentiu seu sangue arder nas veias ao ver lágrimas escorrerem do rosto pálido de Harry.

— Eu o amo de verdade. — Respondeu firmemente, encarando-a. — E é isso o que quero. Quero Harry ao meu lado, e a liberdade de amá-lo infinitamente. Quero segurar a mão dele enquanto ele faz outra tatuagem, quero assisti-lo ganhar prêmios com as suas fotografias. Eu o amo e é essa a minha liberdade.

Harry abraçou Louis. Enterrou seu nariz na curva do pescoço dele, passando os braços ao redor da cintura fina e apertando-o contra seu peito.

— Eu também te amo, meu bem. — Ele fungou, deixando um beijo nos cabelos de Louis. — Eu te amo muito. Eu te amo para caralho.

— Pegue suas coisas e saia dessa casa, Louis. Eu e seu pai depositaremos uma mesada em sua conta até o fim do ensino médio, depois disso você está por conta própria.

Foi o veredito que ela deu, virando-se e saindo do quarto.

Louis permaneceu nos braços de Harry, só que agora ele soluçava alto. Seu corpo tremia sem parar, e ele segurava a camiseta do outro com toda força que tinha.

— Ela nunca mais vai me amar, Harry.

Harry deixou um beijo rápido nos lábios de Louis.

— Ela não merece a honra de te amar, Lou. 

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perdão pela demora?

xx

Homewrecker (l.s)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن