• Capitulo 26 •

10.1K 516 20
                                    

Era o meu pai, em meio aos berros e brigando com um dos homens que trabalham pro Bruno. Na mesma hora Bruno foi chegando nele e puxando.

— BRUNO. ESPERA!! - eu gritei indo até aonde Bruno e meu pai estava.

Meu pai me olhou, e quando eu fixei meu olho em meu pai, vi o quanto ele estava acabado pelas drogas, meu pai estava magro, parecia um qualquer. Nunca em toda minha vida havia visto ele assim. Aquele homem que sempre andava de social, cortava o cabelo sempre, andava cheiroso e limpinho, estava tudo ao contrário.
Ele me olhava com uma cara de piedade, deu dó. Quando me liguei, olhei ao redor e havia uma rodinha de gente fuxiqueira olhando a gente, Bruno logo mandou tudo mundo "XISPAR" e eu fiquei ali olhando meu pai que me olhava com um certo arrependimento.

— Filha... - meu pai ia dizer e Bruno já cortou ele.

— Opa, pode parar de falar, cê não tem vergonha na cara não caralho?! - Bruno disse sacudindo ele.

— Calma Bruno, deixa eu conversar com meu pai por favor. Apenas eu e ele! - eu disse olhando pros olhos do meu pai que estavam murcho.

— Bele, mais qualquer coisa, grita, que ai neguinho vai sair no caixão. - Bruno disse largando meu pai.

Eu estava querendo saber o porque ele estava aqui, como ele conseguiu me achar?

Entramos em casa, e pedi pra que ele sentasse no sofá, ele sentou todo envergonhado e eu sentei ao lado dele.

— O que você veio fazer aqui? E por que tá desse jeito? - eu perguntei e ele começou a chorar.

— Perdi tudo Maria, perdi Mariana, perdi Helena, perdi você, perdi minha casa, perdi a noção. Tudo por causa das drogas... - ele disse ao meio das lagrimas que escorriam pelo rosto dele.

— Por que você foi se envolver com isso? Mariana não era obrigada a viver aquilo. Ninguém é obrigada a viver apanhando e passando fome do lado de um usuario de droga! - eu falei pra ele e cada vez mais ele soluçava com o choro.

— Eu sei, eu sei. Mas eu não consigo sair das drogas. Eu vivo andando na rua, sem o que comer e nem beber... - ele disse limpando as lágrimas.

— Tá com fome? - eu perguntei e ele balançou a cabeça que sim.

Fui na cozinha e vi que havia uns biscoitos, dei com suco e a fome era tanta que ele acabou querendo mais.
Fiquei olhando ele comer e pensando como eu poderia ajudar ele com isso. A primeira pessoa que veio na mente foi Mariana, eu precisava da ajuda dela.

— Espera aqui! - eu disse e sai de casa atrás de Bruno que estava sentado no chão esperando.

Ele me olhou e levantou na hora.

— Eai, qual é a fita? - ele disse pegando a fuzil dele que estava encostada na parede.

— Vai atrás da Mariana e busque ela. Ache ela, rápido! - eu disse e fui empurrando ele pra ele ir.

Eu entrei de volta e meu pai estava sentado sem entender nada. Eu apenas abaixei a cabeça e sabia que os problemas apenas iriam começar.

Ficamos conversando ali e ele só sabia me pedir perdão, e que ele me amava muito e não conseguiria ficar sem eu, Mariana e Helena. Eu via nos olhos dele que ele estava realmente arrependido e apenas eu tentava acalmar enquanto Bruno não chegava logo com Mariana.

Eu olhava pro relógio e passava devagar os minutos, do nada o Bruno entra todo suado com Mariana. Ela se assustou quando viu e não quis entrar. Acabei convencendo ela pra eles conversarem. Eles ficaram lá conversando e eu e Bruno subimos para o quarto e acabei contando tudo para ele, que tentava me entender.

— Ele precisa de uma clínica... - eu disse e Bruno ficou parado pensando.

— Vamos colocar ele, mas ele não pode vacilar. Entrar nesse mundo das drogas, as vezes nem tem volta mais... - Bruno disse sentando na cama do meu lado.

Ficamos conversando e resolvemos descer, Mariana estava sentada conversando com meu pai, ele apenas chorava.

— Pai... Você precisa de ajuda, você vai pra uma clínica de reabilitação. Não aceito ver você desse jeito! Você nunca foi assim, sempre teve um sorriso no rosto. - eu disse e ele apenas me olhava com os olhos vermelhos de tanto chorar.

— Você quer ajuda não é? Veio até aqui, então foi pra alguém te ajudar! - Mariana disse e ele abaixou a cabeça.

— Sim. - ele respondeu com uma voz baixa.

— Então amanhã mesmo a gente vai atrás entendeu? Enquanto isso... Dorme hoje aqui tio. Mas sem vacilo em! - Bruno disse e foi subindo as escadas.

Meu pai agradeceu ao Bruno e Mariana precisou voltar ao trabalho. Nos despedimos, e ela foi, falei pro meu pai ir tomar um banho, peguei uma roupa de Bruno e dei a ele.
Enquanto eu estava descendo a escada ouvi uma batida na porta, Bruno apareceu e desceu junto comigo. Ele abriu a porta e era Teresa chorando.

Ela logo foi entrando e me abraçou.

— O que foi Teresa? - eu disse puxando ela pro sofá.

— Maria eu to grávida. - Teresa disse chorando.

É muita novidade nova pra mim, não tava aguentando saber tudo de uma vez não...

O dono do morro e a patricinha ( REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora