Capítulo X

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Agosto 2012


- Vocês tem noção que fazem 30 dias que não saímos daqui de dentro? – Nick disse parecendo desanimado.
- O lugar mais longe que eu vou é até minha casa. – Noah concordou.
- Mas eles querem novas músicas, é nosso futuro. – Leo respondeu.
- Mas nós temos que viver caralho! Eu não comi ninguém essa semana. – Caio disse.
- O único que pegou alguém foi o Pedro. – Nick riu e fez Leo bufar.
- Sem detalhes. – Leo respondeu, fazendo todos rirem.
- Acho que já temos boas canções, ficar em cima dos instrumentos o tempo todo não vai fazer bem pra ninguém, poderíamos tirar um final de semana de férias. – Pedro cortou o assunto inicial, talvez por medo de apanhar de Leo e finalmente deu uma solução para o problema "hormônios acumulados".
- Voto em praia! – Nick pulou do sofá.
- Meu pai tem uma casa em Woodbine, podemos ir para lá. – Pedro sugeriu.
- O que acha? – Leo me encarou.
- Por mim está ótimo. – Falei feliz.
- Isso fica a quanto tempo daqui? – Nick perguntou.
- Pensa nas meninas de biquíni. – Caio sugeriu rindo.
- Cara, são quase 7 horas de viagem, mas podemos ir hoje a noite e ficamos uma semana lá. – Pedro sugeriu.
- E vamos como? – Noah sentiu próximo ao amigo.
- Com o carro do Pedro, óbvio. – Nick respondeu.
- Sempre sobra pra mim. – Pedro disse rindo.
- Ou a Nathy não vai junto, assim pode ser um dos nossos. – Caio disse.
- Claro que ela vai! – Pedro falou parecendo brabo.
- Calma, só queria ver tua reação. – Caio debochou.
- Vocês são idiotas. – Pedro respondeu sério, enquanto os outros riam.

Minha mala foi a maior, tive que pensar por seis, afinal eles estavam preocupando-se apenas com as bebidas e eu precisava de mais coisas. O carro de Pedro é bem espaçoso, mas conseguimos lotar ele com mil tralhas. Os garotos combinaram ir revezando na direção, enquanto eu ia atrás apenas observando a vista. Depois de mais de 6 horas de viagem, chegamos ao destino escolhido! Era uma casa enorme em frente ao mar, muito bonita e bem decorada, levamos algum tempo conhecendo a mesma antes de irmos para escolha dos quartos.


- Leo você fica aqui, Caio ali, Noah no quarto da frente do Caio, Nick do lado do meu, esse é meu quarto. – Pedro ia apontando e mostrando onde cada um se instalaria.
- E a Nathy? – Leo perguntou.
- Meio óbvio onde ela vai ficar. – Nick riu debochado.
- Comigo que sou quase um irmão. – Leo sorriu.
- Sonha! - Pedro voltou a falar.
- Com você que ela não vai! – Leo respondeu emburrado.
- Prefere que eu fique sozinho no meu quarto e você não tenha como trazer uma garota para seu quarto enquanto estivermos por aqui? – Pedro respondeu.
- Hey, eu sou a única garota desta casa. – Respondi ciumenta.
- Claro, claro. Agora já pode ir para o NOSSO quarto. – Pedro disse debochado me dando um selinho.
- Nathalia, você vai trocar teu primo gostoso por essa coisa magrela ai? – Leo falou se aproximando e me fazendo rir.
- Você é meu primo preferido, mas... Poxa, essa coisa magrela tem coisas que eu gosto. – Ri abraçando Leo.
- Sem detalhes, por favor. – Pediu fazendo todos gargalharem.
- São sete horas da manhã, então... Boa noite. – Nick foi o primeiro a falar se dirigindo ao quarto, em seguida todos foram para seus quartos e eu acompanhei Pedro.

Xx

- Dormiu a viagem toda e ainda tem sono? – Pedro falou se atirando na cama ao meu lado. - Só um pouquinho. – Respondi lhe abraçando.
- Vai ser bom poder passar esse tempo contigo. – Ele sorriu e me roubou um beijo, em seguida senti suas mãos em minha bunda, tentando se livrarem de minha calcinha.
- Seu safado! – Eu ri e arranhei de leve sua barriga.
- Sou doido por você, sabe disso né?
- Eu te amo. – Falei e em seguida recebi um beijo seu, mas sem resposta, logo senti seus beijos se espalharem para meu corpo e por algum tempo esqueci daquilo, me entregada para aquele momento que estávamos vivendo.

Acordei na manhã seguinte com Pedro completamente em cima de mim, ele dormia tranquilamente e a casa estava silenciosa indicando que todos ainda dormiam. Fiquei o observando e perguntei-me como viveria sem aquilo, sem os meninos o tempo todo, sem ter ele comigo, sem ter seus beijos ou receber seu carinho, não sabia o que esperar do próximo ano, mas com certeza seria um ano difícil e mais solitário. Por sorte teria minha tia, mas pensar em não ver os meninos todos os dias, me fazia ter vontade de chorar.
- O que foi? – Pedro perguntou sonolento, limpando uma lágrima que caia sem que eu percebesse.
- Nada, só estava pensando. – Sorri triste.
- Em que? – Ele me encarou.
- Em como vai ser sem ter vocês comigo no próximo ano.
- Podemos nos falar pela internet, você sabe que o Leo não ficaria longe de ti muito tempo. – Ele sorriu.
- Só o Leo vai sentir saudade? – O encarei.
- Claro que não, todos vamos. – Ele deu de ombros e levantou. – Vem tomar banho comigo? – Pediu manhoso.
- Depois eu vou. – Respondi e virei para o lado oposto ao dele, tentando dormir novamente.

Acabei sendo acordada por Pedro após o banho, ele estava molhado e pulou na cama me molhando de propósito. Desisti de dormir e após acordar os meninos, fomos todos passar o dia na praia. Seguimos o mesmo exemplo no outro dia, passando o dia na beira da praia e durantes as noites indo em algumas festas na região.
No terceiro dia por lá fomos até um luau, várias meninas davam em cima de Pedro, ele com o violão tocava algumas músicas e distribuía sorrisos, me deixando irritada.

- Pedro, eu quero ir pra casa. – Disse sentando ao seu lado.
- Ta cedo Nathy. – Respondeu rindo e pegando alguma bebida, antes de voltar a tocar.
- Tô com cólica. – Justifiquei.
- Ixi. – Ele riu. – Ainda bem que não tenho nojo. – Gargalhou.
- Eka! – Fiz careta e acabei rindo também.
- Você canta muito bem. – Uma loira sentou ao lado dele, vestia um biquíni pequeno e encarava os músculos que Pedro exibia.
- Obrigado. – Respondeu feliz.
- De nada... Soube que estão a passeio por aqui, seria legal conhecer mais da cidade, se precisar de uma guia... – Ela ia dando em cima dele, quando senti muita raiva e segurei sua mão, ele desvencilhou a mão da minha, tentando justificar que tocaria outra música, mas seguiu encarando a loira.
- Claro, depois me passa seu telefone, sorriu.
- Eu vou pra casa. – Falei com raiva me levantando.
- Ok. – Falou um pouco bravo, mas me seguindo no segundo seguinte.
- Espera! – Disse segurando meu braço.
- Fica ali com a guia. – Falei com raiva.
- Que ciúmes bobo. – Disse me roubando um beijo.
- Não estou com ciúmes!
- É meio óbvio que está, poxa Nathy, o mês está acabando, vamos aproveitar.
- Falei que você não precisava aproveitar? Eu estou indo para casa, se você quiser ficar...
- Ok, eu vou ficar então. – Disse com raiva e voltou a sentar onde estava. Segundos depois a menina voltou a conversar com ele, enquanto o filho da mãe sorria me encarando. Não esperei muito, voltei para casa com raiva, juntei minhas coisas refazendo a mala, peguei um cobertor, travesseiro e fui dormir no sofá.
Assim que fechei os olhos, a porta foi aberta.
- Você ficou com aquela loira lá? – Nick falava muito bêbado.
- Claro que não, eu ia atrás da Nathy, mas você tinha que arrumar confusão.
- Desculpa cara.
- Desculpo, agora vai logo dormir. – Pedro falava irritado, guiando Nick pela escada.
- O que aconteceu? – Perguntei sonolenta.
- Depois que você saiu esse jumento começou a brigar com um cara duas vezes maior que ele, tive que separar e ainda levar no hospital, pra fazer ponto!
- Ponto onde? – Levantei indo até eles.
- Aquele idiota me tocou uma garrafa, eu não apanharia se fosse no mano a mano. – Nick justificou, ainda bêbado.
- Ele ficou uma hora fazendo a porra do curativo e não curou da bebida ainda. – Pedro disse irritado, enquanto eu observava o curativo na testa de Nick.
- Melhor você colocar ele na cama. – Falei seguindo os dois.
- Hey, eu to bem! – Nick tentou caminhar sozinho e quase caiu. Com raiva Pedro pegou ele e guiou até o quarto, no segundo seguinte, Nick se atirou na cama e capotou.
- Preciso de um banho. – Disse indo em minha direção tentando dar um selinho, mas virei o rosto. Ele não falou nada, apenas negou com a cabeça e foi até o banheiro.
Voltei para o sofá tentando dormir novamente, mas logo Pedro sentou ao meu lado me encarando.
- Onde você pensa que vai?
- Voltar para casa amanhã. – Disse braba.
- Combinamos de voltar na sexta, não amanhã.
- Não quero voltar com vocês, vou voltar sozinha.
- Não to com saco pra brigar hoje. – Falou levantando.
- Idem. – Falei mais alto.
- Então, por que quer voltar amanhã?
- Pra não ficar sozinha! Igual hoje.
- Eu não deveria, mas estava voltando pra casa assim que você saiu, só que aconteceu os rolos com o Nick e fui ajudar.
- Você estava voltando?
- Estava, embora quisesse aproveitar mais, não ia conseguir ficar lá sem você, garota.
- Por quê?
- Por que o que?
- Por que não conseguiria ficar sem mim?
- Por que, mesmo você muitas vezes estar sendo bem infantil, eu vim pra cá contigo e não pretendo te deixar para ficar com outra garota.
- Então por que não assume logo nosso namoro?
- Acho que agora não é uma boa hora para falar sobre isso.
- E quando vai ser uma boa hora?
- Quando nós voltarmos dessa viagem, vamos aproveitar, por favor. – Ele disse me pegando no colo e levando para seu quarto.
Tentei, mas não consegui resistir aos seus beijos e logo nos tornamos um só. Decidi viver aqueles dias como se fossem os últimos, ás férias estavam acabando, o show se aproximava e junto com tudo isso a mudança para Vancouver. Não tocamos no assunto namoro durante o resto da viagem, também não brigamos tanto, visto que Pedro ficava comigo praticamente o tempo todo.

Chegamos cansados e fomos cada um para sua casa, mesmo com ele insistindo para que fosse até seu apartamento, resolvi seguir Leo e matar a saudade de meus tios, que mais pareciam meus pais.
- Acorda preguicinha. – Pedro falava beijando meu pescoço.
- Hey, quem deixou? – Respondi preguiçosa.
- Acordei, fiquei com saudade e vim te ver. Acho que a Bethy achou que estava subindo para o quarto do Leo, riu divertido.
- Ela sabe de nós. – Falei preguiçosa.
- Você contou? – Perguntou em choque.
- Sim, ela é a única amiga mulher que eu tenho e também única em que confio. – Disse sentando na cama.
- Mas deveria ter me perguntado o que eu acho disso tudo, não?
- Por quê? Eu apenas falei que estávamos ficando.
- Hum, ficando... E o que ela disse?
- Que não era para eu me apaixonar, mas acho que o conselho veio um pouco tarde. – Sorri roubando-lhe um beijo.
- Em duas semanas nós vamos mudar para Ontario. – Ele advertiu.
- Vou sentir saudade. – Falei abraçando ele.
- Eu também pequena, mas podemos nos ver nos feriados.
- Sim, em todos. – Sorri.
- Todos acho que fica complicado.
- Mas e nós? E nosso...
- Foi por isso que sempre lhe disse para não assumirmos nada, acho melhor a gente ficar esse ano assim, sem assumir sabe, é complicado, namoro a distancia acaba distanciando as pessoas, eu gosto de você, amo ficar junto contigo e vou morrer de saudade, mas acho melhor não assumirmos.
- Você não quer se sentir culpado por ficar com outras garotas, enquanto eu achando que te namoro, não fico com ninguém. – Falei o afastando.
- Não é isso Nathy, eu só acho que nós somos novos e temos muito tempo pela frente.
- Eu não quero te ver com outras.
- Você não vai me ver com outras! Eu fiquei com alguma outra garota depois que começamos a ficar sério?
- Não, mas achei que você assumiria.
- Nossos amigos sabem e por enquanto é isso que importa.
- Você nunca vai deixar de ter vergonha de mim. – Falei com raiva.
- Eu não tenho vergonha de você, caralho, para de frescura! – Disse com raiva.
- Não é frescura, é o que eu sinto. – Falei sentindo as lágrimas. – E sinceramente, se eu fosse você faria o mesmo ou até pior, poxa, você é lindo, logo vai ficar mega famoso, ter a garota que quiser, aquelas modelos lindas, pra que perder tempo com alguém como eu?
- Por que você é linda!
- E você mentiroso, caralho Pedro, acha que eu nasci ontem? É óbvio que não quer assumir nada, por poder ter alguém muito melhor.
- Nathalia, pelo amor de Deus cresce um pouco, eu gosto muito de ficar com você, mas tem horas que não tem como querer algo a mais, porque você se torna muito infantil.
- Se eu sou infantil, você é um medroso! Cagão! – Falei mais alto.
- Shiu, quer chamar a atenção da sua tia? – Falou tapando minha boca.
- Quero que você suma daqui! – Disse me afastando dele.
- Tenho certeza que você quer outra coisa. – Disse me roubando um beijo.
- Hey, vocês deveriam escovar os dentes antes disso. – Leo invadiu o quarto nos interrompendo.
- Isso se chama ciúmes, vem aqui que te dou um beijo também. – Pedro riu e foi atrás de Leo que saiu correndo em direção o andar de baixo.

Setembro 2012

Passamos ás duas últimas semanas trancados em minha casa, mais precisamente na garagem onde os meninos ensaiavam. Com o início das aulas voltei a acordar cedo e não consegui acompanhar as madrugadas em claro dos garotos. Durante essa última semana eles tiveram algumas reuniões para assinatura de um contrato com uma gravadora local, eles pareciam animados, felizes com aquilo, mas algo em Pedro me intrigava. Nosso relacionamento continuou igual, parei de cobrar alguma atitude dele e após uma conversa com Leo, chegamos a conclusão que ele tinha medo de assumir algo, mas gostava de mim. Claro que ouvi-lo falar que estávamos apenas "ficando sem compromisso" me incomodava bastante, contudo cobrar não mudaria nada, apenas causaria algumas horas de aborrecimento, que com um beijo Pedro me faria esquecer, ele tinha um poder de persuasão enorme e talvez isso fosse o que mais odiava naquele garoto.
Durante esse tempo, minha mãe teve o bebê, soube que era um menino, mas não quis ir ver, não era ciúmes, apenas não sentia nada por aquela mulher e desejava que o bebê tivesse mais sorte que eu.
O dia mais esperado dos últimos meses chegou, queria poder acompanhar todos os passos dos meninos, estranhei o fato de Pedro não ter me enviado nenhuma mensagem, faziam dois dias que não nos falávamos e Leo parecia estranho também. Como e a vaca da professora de química (perdoe-me vaquinhas, não tenho nada contra vocês) passou uma prova para o último período, não consegui ir com os meninos até a arena, cheguei no momento que Northern Lights subiu ao palco, graças minha credencial de "produtora" consegui acompanhar todos os momentos do show nos bastidores, vibrando a cada música e aplausos da platéia. Abrir o show de uma banda grande é complicado, o fã geralmente passa horas, até mesmo dias na fila e está ali para ver seus ídolos, não alguns garotos "desconhecidos" cantarem suas canções, mas por merecimento, eles foram muito bem recepcionados e muitos que estavam na fila para compra de ingressos se surpreenderam e aplaudiram a cada música que meus garotos tocavam.
Fui até o camarim e assim que eles trocaram de roupa liberaram entrada. Algumas meninas aguardavam ansiosas, entre elas reconheci à nova peguete do Caio. "Eles estão realmente famosos, até as groupies já estão esperando" - pensei pouco antes de entrar e abraçar cada um deles.
- Vocês foram incríveis! – Disse abraçando e Noah e Caio que estavam bem na entrada. Leo ainda trocava a camiseta, então fui até Pedro. – Você estava perfeito. – Falei o abraçando e indo lhe dar um beijo, mas senti o mesmo se afastar.
- Obrigado. – Ele sorriu parecendo um pouco constrangido e então beijou minha testa. Olhei para trás procurando o motivo pelo "não beijo", pois os meninos já estavam acostumados a nos verem juntos.
Então o produtor entrou perguntando se poderia liberar as meninas e nesse momento Leo saiu de dentro do pequeno banheiro me olhando com uma certa tristeza. Consegui traduzir um "desculpa" sem som saindo de sua boca e no segundo seguinte as cinco meninas entraram no camarim, se agarrando cada uma em um deles.
Pedro deu um beijo demorado na loira, que parecia ter uns 18 anos, seios com silicone e fazia o tipo "gostosa", encarei ele incrédula, mas o mesmo fingiu não notar e seguiu beijando a garota. Sem saber o que fazer esperei que a boca dos dois desgrudasse e o puxei para um canto, deixando a menina perplexa.
- Hey! – Ela tentou exclamar, mas ele fez sinal para ela ficar quieta.
- Posso saber o que você está fazendo? Por que isso? – Perguntei sem entender.
- Desculpa Nathy, eu tentei te ligar, mas você não atendeu, amanhã podemos conversar melhor se quiser, mas hoje não posso falar muito. O nosso novo produtor, dono da gravadora que assinamos o contrato já está vindo aqui, ele é pai da Alicia, conheci ela na agencia e bem... Estamos ficando. Sei que você pode ficar braba comigo, mas nós nunca assumimos nada, então eu não teria o que terminar, eu só... Seria ruim para minha imagem namorar alguém menor de idade. Você é muito nova para mim. E também... – Ele tentava formular alguma frase, mas não conseguia, parecia nervoso, minha raiva aumentava a cada segundo, não conseguia acreditar no que estava ouvindo, queria sumir, queria apagar ele da minha vida e do meu coração. Não esperei mais respostas, apenas virei indo em direção a porta do camarim e deixando as lágrimas tomarem conta de mim.


2016

A vida realmente é uma caixinha de surpresas, depois de tanto tempo jamais esperava voltar a esse lugar, foi aqui a última vez que vi Pedro e também o dia da minha maior decepção. Desde então cresci, me tornei mulher e mudei o foco de minha vida e de minhas responsabilidades. Não queria vir, mas foi um pedido de Leo que sempre me ajudou tanto, principalmente depois do acidente de minha mãe e de Joaquim ter entrado para minha vida, que negar esse pedido não poderia ser uma opção.
Como sempre cheguei atrasada, por sorte o show ainda não havia começado. Estava em um camarote reservado a família do Northern Lights, seria o último show da tour DVD e em um mês eles se trancariam novamente em estúdio para a gravação do novo álbum. Agora como sucesso de mídia, crítica e público, eles não abriam shows para grandes bandas e sim eram a atração principal desses eventos. Com a tour do primeiro CD que originou o DVD, conheceram todos os continentes.
Após o que aconteceu, há quase quatro anos atrás, Pedro me enviou algumas mensagens, mas não respondi e bloqueei ele de minhas redes sociais. Eram poucas, raramente postava algo, não tinha tempo para essas coisas. Pedi também pra Leo não falar sobre minha vida com ele, ou com os outros meninos, dos quais conversava por email e telefone. Eram raras as vezes que estavam na cidade e depois que sai da casa de tia Bethy, foram ainda mais raros os momentos que encontrei com eles. Eles nem ao menos conheciam Joaquim e achei que seria melhor assim.
Cumprimentei alguns conhecidos que ali estavam e parei observando o público que lotava o local. Muitas fãteens gritavam enlouquecidas e tinham cartazes com nomes e frases para os meninos. Uma certa nostalgia tomou conta de mim assim que a cortina foi aberta e o show começou.
Foram 15 músicas em pouco mais de 90 minutos, 15 canções que traduziam sentimentos, que me faziam lembrar de um passado que eu queria esquecer, mas também de momentos em que eu pude sorrir. A vida nem sempre é como nós queremos, existem pedras, pedreiras no caminho, mas me sentia orgulhosa em tudo que já havia passado e de todas as minhas conquistas nesses 20 anos de vida.
Eu não tinha fãs, tinha uma melhor amiga, um primo que amava como irmão e um casal de tios maravilhosos, além do amor da minha vida e me sentia completa e grata.
Sai do local do show e fui até minha casa que por sorte não ficava muito longe dali, trocando de roupa e indo até o apartamento de Caio que faria uma social comemorando seu aniversário. O taxi em que estava acabou se envolvendo em um acidente, nada grave, apenas bati o braço deixando um roxo próximo ao cotovelo, mas fui obrigada a ir até o hospital local fazer alguns exames. Depois de ser liberada e atender mais de 10 ligações de Leo, consegui chegar ao apê encontrando vários amigos já bem alterados devido drogas e bebidas. Sabia que correria o risco de encontrar Pedro e também alguma namorada, nunca conseguiria acompanhar sua lista, pois mudava toda semana, mas havia prometido para Caio que fez um drama falando que sentia saudade do mascote deles... E acabei aceitando.
- Parabéns seu bêbado! – Falei encontrando Caio que virava uma garrafa de tequila, não queria estar próxima a ele no dia seguinte.
Logo Leo e Nick vieram me abraçar e apresentaram alguns novos amigos. Noah estava mais afastado em uma sacada junto com Pedro que parecia estar bem bêbado reclamando de algo.
- Ah Nathy chegou! – Noah disse e veio em minha direção.
- Quanto tempo, que saudade. – Falei o abraçando.
- Muita saudade Nathy, o Leo fala tão pouco de ti, deveria aparecer mais!
- Minha vida anda um pouco corrida, mas vou tentar. – Sorri.
- Tem uma pessoa que não parou de beber desde que soube que você viria para a festa... – Ele apontou para a sacada.
- Não quero falar com ele. – Falei olhando o chão.
- Faz tanto tempo, vocês nunca mais...
- Não, eu não quero ouvir a voz de Pedro. – Disse sentando em um sofá próximo.
- Ok. – Noah falou e saiu indo até o amigo que agora já me encarava.
Eles trocaram algumas palavras e Noah voltou.
- Nathy, eu sei que você não quer, mas pelo menos escuta o que aquele bunda mole quer te falar, se é que vai conseguir falar algo, ele disse que para de beber depois que falar com você...
- Eu já disse que não tenho... – Ia falando, então Pedro começou a tocar algumas garrafa vazias no chão, quebrando-as e gargalhando em seguida.
- Ele não ta muito legal. – Noah disse, concordei com a cabeça e decidi ir até ele.
- Nunca imaginei que te encontraria nesse estado... – Falei me aproximando, sentindo o cheiro forte de álcool.
- Você já me viu bebendo antes. – Respondeu mal humorado.
- Mas não assim, não dessa maneira Pedro, o que está acontecendo com você?
- Foi o Leo, é culpa dele. – Justificou encarando o chão. - Por onde você esteve esse tempo todo?
- Eu sempre estive aqui Pedro.
- Não, você sumiu Nathalia! Você desapareceu da nossa vida.
- Eu não desapareci Pedro, eu só... Não ia conseguir. – Falei com voz falha.
- Eu fui um idiota. – Respondeu mexendo nervosamente nos cabelos.
- É, você foi. – Disse tentando controlar o choro.
- Será que algum dia você vai conseguir me perdoar?
- Eu desejo isso todos os dias.
- Por quê? – Ele pela primeira vez me encarou.
- Porque meu coração dói toda vez que eu lembro e eu não gosto de conviver com essa dor. – Falei sincera.
- Eu estou solteiro, nós vamos ficar algum tempo aqui em Montreal, poderíamos nos ver, conversar, não sei.
- Melhor não. – Disse olhando o céu.
- Por quê?
- Porque não temos nada em comum, não teria motivos para conversarmos.
- Eu gostava de você. – Falou tentando segurar minha mão, o afastei em seguida. – Queria poder voltar no tempo.
- Não faria diferença alguma.
- Você acha?
- Tenho certeza.
- Por que não faria diferença?
- Porque nós apenas ficávamos, nunca teríamos algo mais sério, você é mais velho que eu, não daria certo, eu preciso e gosto de ficar com garotos da minha idade. – Tentei repetir suas palavras durante aquele dia.
- Você está magoada, eu sei que... – Ele tentou formular algo encarando o chão, mas meu celular tocou, era a babá de Joaquim falando que ele havia acordado e não parava de chamar por mim.
- Tenho que ir, foi bem te rever, espero que você pare com isso. – Apontei o chão. – E consiga firmar um relacionamento que não seja ruim para sua imagem. – Conclui o deixando sozinha, me despedindo dos meninos, que reclamaram por ter ficado tão pouco tempo lá e indo em direção minha casa.   


FIM!


Nota da autora: Explicando! 

Sei que nesse exato momento vocês devem estar querendo me matar e se fosse leitora dessa história estaria sim querendo matar a autora também haha, mas quando pensei em Perfectly Perfect tinha em mente duas shortfics, contudo já nos primeiros capítulos passei o máximo de páginas para uma short e assim transformei ela em long, fiquei em dúvida se transformaria as duas shorts em uma única long, ou em duas longs, cheguei a conclusão que duas ficaria melhor, assim não me afastaria da ideia original, apenas aumentaria ela. Então, sim teremos uma parte dois, já sendo escrita! Pretendo manter o ritmo de atualizações seguindo o exemplo da parte um, pelo menos uma vez por mês e espero que gostem dessa segunda parte. Me surpreendi positivamente com o número de comentários nessa reta final, espero não decepcioná-las! Obrigado por todo apoio, caso queiram saber mais sobre minhas histórias segue o link das minhas redes sociais, grupo no facebook (onde posto spoiler e falo sobre as atualizações) e de todas as histórias postadas.

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