Capítulo 11

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HAYLEY BLAKE


Morte.

A própria palavra desperta o medo no coração das pessoas. Elas consideram a morte tão incompreensível quanto inevitável. Mal conseguem falar a respeito, o coração dói apenas em imaginar perder alguém que você ama ou se importa.

Mas a morte chega para todos um dia, é inevitável. Da mesma forma que um dia chegaria para mim, acompanhada de fogo e castigo eterno, era o que eu merecia por todo sangue que derramei.

Nunca estive pronta para aquela despedida, para o vazio que se instalou em meu interior após perdê-los, nenhum luto levaria embora aquela dor e a saudade não diminuiria com o tempo, nunca desaparecia.

Era mais uma cicatriz em minha alma para suportar.

Meus olhos ardiam pelo choro, prendi meu lábio inferior entre meus dentes para me manter no controle. Está quase amanhecendo, o sepultamento aconteceria naquele momento, estava na hora. Os lobos tinham a tradição de cremar os mortos ao amanhecer.

O Alfa da nossa matilha jogaria fogo neles, mas como Jackson estava ali, a honra seria dele de iniciar.

Andei até a margem do lago e me abaixei, ficando ao lado de seus corpos. Olhei para Mila e forcei um sorriso com os olhos marejados, levei minha mão até sua bochecha e a acariciei enquanto me abaixava para dar um leve beijo demorado em sua testa, tantas emoções ruins passavam dentro de mim naquele momento. Arrumei as flores sobre seu peito e ao redor do seu corpo, eram margaridas, suas favoritas.

Diego estava em uma jangada feita de galhos e folhas, ao seu lado. Seu rosto tão sereno e tranquilo, como se estivesse em paz, levei meus dedos e empurrei os fios loiros de seus cabelos que caíam em seus olhos. Beijei sua testa da mesma forma que fiz com Mila, antes de me levantar e respirar trêmula, olhando para o corpo dos dois.

-Vocês serão lembrados enquanto eu viver, nunca esquecerei de seus sorrisos e a alegria que me traziam. Vocês partiram para um lugar melhor, uma terra de paz e união eterna. -Começei a falar com a voz embargada, algumas lágrimas teimosas escapavam dos meus olhos. -Apenas saibam que não haverá mais dor ou sofrimento-dei uma pausa para respirar. -Vocês finalmente encontrarão a paz, minhas pequenas crianças, e sortuda é a Lua por poder acolhê-los em seu lar. Mila e Diogo, vocês estão marcados em meu coração até o dia da minha morte.

Respirei fundo antes de voltar para o lado de Aiden. Quando me aproximei, ele abriu os braços e eu o abracei forte.

-Mais duas mortes por minha causa, mais sangue inocente em minhas mãos. -Sussurrei enquanto o apertava fortemente, com uma tola ilusão que seus braços aliviariam a culpa em meus ombros.

"Nós devíamos ter protegido eles, salvá-los. Nós falhamos, de novo."

-Você não tem culpa da crueldade das outras pessoas, Hayley. -Disse em meu ouvido, tentando me reconfortar. Mas nem meu irmão, nem ninguém conseguiria me ajudar naquele momento.

O soltei enquanto secava meus olhos e olhei na direção de Jackson, ele estava com uma garrafa de uísque na mão. Ele tomou um gole e jogou uma boa quantia do líquido ao redor de seus corpos, antes de me olhar enquanto apontava para os corpos sem vida. Suspirei e andei até o mesmo, me abaixei e empurrei a jangada feita de galhos, que suportava o corpo de Mila. Jackson fez o mesmo com a outra. Peguei a garrafa de suas mãos e virei o restante do líquido em minha garganta, desceu queimando, mas foi bom.

Jackson pegou duas tochas que estava acendida e me entregou uma, lentamente aproximei meu braço da jangada e joguei a tocha, vendo que Jack tinha feito o mesmo.

Sangue Puro: A última Labonair ( Livro 1) - FINALIZADOWhere stories live. Discover now