Capítulo 5: O Cálice

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...

Minhas forças estavam totalmente esgotadas, mas a vontade de encontrar Anne me ajudou a nadar até uma rocha que ficava próxima a uma cachoeira.

Olhei para cima, tentando saber se ela não tinha caído comigo, mas minha memória me alertava de que nós dois havíamos caído de mãos dadas e, certamente, juntos.

Visualizei um movimento incomum na água e então abri um sorriso. Apesar de saber que não era certo gritar, chamei o nome de Anne três vezes, mas não ouvi nenhuma resposta.

Aproximei-me, através da rocha, do que parecia ser certa perturbação na superfície das águas cristalinas do rio. Olhei para o fundo e, apesar de não ver claramente, visualizei uma entrada parecida com um alçapão.

Pensei comigo mesmo, que Anne deveria estar lá. Ela era muito mais esperta e mais ágil, o que a colocava bem a minha frente.

Depois que olhei melhor, notei que existia alguém dentro do alçapão, sinalizando com a mão. Não tinha certeza de que era Anne, mas sabia que era uma possibilidade.

Mergulhei na direção do alçapão segurando firmemente a arma com apenas duas balas. Após atravessar o alçapão, olhei em volta e notei outra subida.

Com a respiração presa, nadei rapidamente até a entrada. Subi com muita pressa e já tendo meus pulmões consumidos pela água. Respirei fundo e tossi bastante, só então olhei em volta e percebi que estava do outro lado da cachoeira.

Olhei para o outro lado e vi Anne que, surpreendentemente me abraçou calorosamente:

- Escapamos! Graças aos céus escapamos, Thomas!

- Verdade... Mas onde estamos? – Questionei.

- Na verdade, dessa vez juro que não sei... Enfim, fiquei de dar algumas respostas para você... – Respondeu ela. Ao mesmo ponto que confirmei com a cabeça, ela prosseguiu em sua fala:

- Eu sei o que eles querem com a gente, na verdade eu descobri aqui mesmo, mas não sei o porquê. Eu tinha um comunicador e meu oficial me passou algumas informações que ele descobriu, uma delas é que realmente eles fazem parte de uma religião muito esquisita.

- Mas o que eles pretendem com essa história do Éden? – Questionei curioso. Ela respondeu-me de imediato.

- Descobrimos que eles foram infectados por um parasita que se aloja no cérebro, funcionando como uma colmeia. Eles obedecem a quem tem o parasita chefe, como uma abelha rainha... Mas sobre o Éden eu não sei de nada...

- Meu Deus! Definitivamente armas biológicas... Eu sou biólogo e entendo de vírus e parasitas, mas nunca ouvi falar ou pesquisei sobre um que se comportasse dessa forma! – Impressionei-me.

- Esse parasita chamado Kolmeia é perigoso e causa mutação genética em quaisquer tipos de animais, por este motivo você deve ter visto insetos gigantes ou animais selvagens modificados e carnívoros... Incrivelmente até os animais obedecem ao Komeia Mister, o parasita que coordena a sociedade dos outros através de ondas eletromagnéticas. – Exemplificou Anne.

Meus olhos encheram-se de temor diante de uma situação dessas. Lembrei novamente de meus estudos e não consegui lembrar de nenhum organismo com tal inteligência.

Hesitei em dizer para Anne o que um parasita com esse poder e essa inteligência poderia querer de simples humanos, mas com certeza seria necessário.

- Anne, temo em dizer que, se esses parasitas se comportam dessa forma, talvez possam possuir uma política muito simples de expansão... Sabe o que quer dizer?

A feição de Anne congelou por longos quatro segundos. Ela coçou a cabeça fortemente e olhou-me profundamente antes de falar:

- Sim... Quer dizer que eles pretendem infectar outras pessoas, certo? E, de alguma forma, eles precisam de nós para isso... Entendeu o porquê do Éden?

- Sim, mas... Não tem lógica usarem a bíblia para realizar tais feitos. Esses parasitas não podem ser simplesmente blasfemadores, pois além de terem sido feituras de Deus, não têm conhecimento de nossa sociedade e muito menos da bíblia! – Explicitei minha opinião.

- Eu tenho uma teoria... Enquanto estava correndo e fugindo das criaturas, encontrei um Sclaven que possuía um cordão com um pingente de uma cruz... – Anne brilhantemente especulou.

- Eureka! – Gritei fervorosamente. – Isso quer dizer que os parasitas usam as memórias de seus hospedeiros para formular sua espécie. Então, provavelmente os símbolos e o éden devem ser fragmentos de memórias deles...

Felizes com as descobertas, mas totalmente desesperados por não sabermos o que fazer, permanecemos imóveis por alguns minutos. Anne olhou para o fundo da caverna e pôde observar uma mesa.

Pedi para que tomasse cuidado, mas ela simplesmente foi. Chegando lá, viu um cálice de ouro brilhante e totalmente enfeitado com pérolas.

Dentro dele havia alguns papéis amassados. No restante da mesa existiam roupas velhas, pedaços de papéis e peças de metal.

Concluí que seriam pertences abandonados pelos Sclavens após terem recebido as Kolmeias. Olhamos com cuidado e descobrimos uma foto. Assustei-me.

Na foto, um grupo de padres e fiéis encontravam-se na frente de um avião enorme que poderia comportar pelo menos umas quinhentas pessoas.

Virei a foto e descobri do que se tratava. O informativo dizia: "Maior caravana para Israel da Alemanha, contribuições e petições serão feitas lá".

Percebi a tragédia que poderia ter sido desencadeada a partir de uma simples foto. Muito provavelmente um grupo de cristãos teriam se acidentado naquele lugar.

Meu espinhaço gelou por completo, respirei fundo e ouvi passos. De repente, notamos uma invasão de criaturas voadoras através da cachoeira. Uma delas pegou Anne e levou-a.

Tentando disparar tiros contra os insetos gigantes, deparei-me com outros dois insetos que vinham em minha direção. Infelizmente, as duas balas que restavam já tinham sido disparadas.

Mesmo não tendo espaço para correr muito bem, tentei escapar de todas as formas. Pulei novamente pelo alçapão e nadei incansavelmente de volta para o lado de fora da cachoeira, onde fui surpreendido pelos insetos novamente.

Um primeiro que veio em minha direção desviou o caminho, parecendo procurar outra pessoa. Vendo de longe, notei que Anne havia escapado do besouro que a havia capturado.

Notavelmente, Anne era uma mulher admirável. Sua habilidade era excepcional e única. Olhei novamente para o inseto que me perseguia e não pude evitar a minha captura.

Olhei para trás rapidamente enquanto estava sendo brutalmente levado e pude ver que Anne sofria do mesmo fim. Embora estivesse escapado, agora tinha sido recapturada.

ILHADOSWhere stories live. Discover now