Capítulo 8: Escapatória

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A escapatória não era mais um desafio. A dor foi o que restou em meu coração. Além de tudo, havia encontrado uma amiga e, possivelmente, passei grande parte desse terror apaixonado por ela.

Anne Conrad, a mulher mais corajosa que já tinha conhecido. Grande parte da coragem que adquiri para sobreviver na ilha havia sido por intermédio dela.

Precisava prosseguir. Por isso, com muita dificuldade localizei os pilotos dos aviões. Juntamos os comunicadores e desativamos as torres de bloqueio de sinal dos satélites, enviando uma mensagem de socorro imediato para a força militar.

Comuniquei às forças a localização da ilha e conseguimos as coordenadas do lugar. Devido a situação, o tempo máximo de chegada exposto pelos militares foi de seis horas.

Enquanto arrumávamos as coisas para partir na direção da praia, um dos pastores me chamou.

- Oi jovem. Eu gostaria de agradecer a você, pois através de você Deus nos salvou. Você acredita em milagres, meu jovem? – Disse ele. Respondi:

- Acredito bem mais do que acreditava antes, com certeza, pastor...

- Pois saiba que eles existem e, hoje, você foi um dos instrumentos para Deus fazer esse milagre, assim como os cinco pães e dois peixinhos. Acredite, Deus sempre nos surpreende! – Ele falou, sorriu e foi embora.

Apesar de ter sorrido um pouco a tristeza tornou quando me lembrei da expressão "Dois peixinhos", pois a memória de Anne foi forte já que éramos nós dois enfrentando tudo.

Apesar da dor, continuei andando cabisbaixo na direção da praia. Tinha salvado centenas de vidas, mas havia perdido uma que, em tão pouco tempo, conseguiu valer mais que todas elas juntas.

O pastor passou novamente perto de mim e repetiu a mesma frase antes de chegarmos na praia: "Deus sempre nos surpreende, rapaz!".

Quando cheguei à praia, uma silhueta feminina sombreou toda minha visão da ajuda que estava chegando. Quando minha visão melhorou, pude avistar Anne, com um sorriso no rosto.

Gelei, me belisquei e só então percebi que era ela mesma. De longe ela falou: "EI! Não achou que eu ia morrer tão fácil assim, não é? Claro que eu ia sair antes que explodisse!". Meus olhos encheram-se de lágrimas e os dela também.

Nossos lábios se encontraram intensamente e um abraço confortador tomou conta do cenário enquanto ouvíamos o som de helicópteros e navios de resgate chegando na ilha.

FIM

ILHADOSWhere stories live. Discover now