Contra-ataque

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 Now they're going to bed
And my stomach is sick
And it's all in my head, but  
(Agora eles estão indo para a cama
E meu estômago está embrulhado
E está tudo na minha cabeça, mas ) 

Colocaria a terceira ideia da noite em ação. Eu ainda só não tinha decidido se tudo isso seria para conquista-la ou para fazê-la de palhaça, como eu sentia que estava fazendo comigo. A ideia de tê-la rendida a mim e depois ignorá-la era tentadora. Seria uma vingança perfeita para aquele joguinho que me obrigava a participar. Segui com o baile.

Aproximei da loira que estava de costas para mim enquanto conversava com as minhas amigas. Colei meu corpo ao seu, passando as mãos pela sua cintura. Fingi possessividade. Soltei um suspiro na intercessão da nuca com o seu pescoço, forcei a voz, deixando-a o mais rouca possível.

— Shion, gostei muito de nossa dança. Ficaria feliz em tê-la como companhia também para um drink. Aceita, princesa? – a distância entre minha boca e sua orelha era quase nula, o que a fez arrepiar. Mesmo sendo um jogo, em que a protagonista não era ela, gostava das reações que causava na loira.

Foi com um aceno de cabeça positivo para mim, que o inferno astral da Hyuuga começou.

Pousei um dos braços em volta dos ombros de Shion para guia-la até o bar. Ela sorria e falava coisas aleatórias, nas quais eu não prestava a mínima atenção. Meus olhos estavam fixos em outra pessoa, sinceramente. Passamos por Toneri, que conversava com Neji e Mitsashi Tenten, sua namorada. Os dois não pareciam estar felizes na companhia daquele homem. Mas, também, quem estaria?

Otsutsuki Toneri era vistoso. Possui uma pele tão pálida quanto a de Hinata, um cabelo despenteado com fios quase brancos; uma feição angelical, umas tatuagens estranhas ao redor do pescoço, na altura das clavículas – talvez para dar um ar mais despojado naquele jeito almofadinha de se portar; seus olhos são de um azul muito mais claro que os meus, um azul-diamante, eu diria. Admito que seja bem incomum.

Entretanto, aquele cara é insuportável. É dois anos mais velho que a gente na escola. Estudou com Neji, Tenten e Rock Lee. Nosso grupo era muito amigo dos três, mas nunca engoliu o Toneri. Sempre nos olhava com ar de superioridade, parecia sempre com raiva de mim e vivia cercando Hinata, insistentemente. Diferente de todos nós, não cresceu na escola de Konoha.

Entrou anos mais tarde. Isso porque morava fora. Era de uma família tão rica quanto a de Hinata. Os dois possuíam a mesma origem, pelo que eu entendi, mas em certa altura, um pouco tempo após a fundação da cidade, houve um racha, criando dois novos clãs. Teve uma educação incomum, mais em casa do que em escolas, já que seu pai viaja muito. Talvez, por tudo isso junto, se achava especial. Eu sempre o achei um bundão e, definitivamente, não entendia o namoro dele com a azulada por vários motivos. Um em especial.

Cheguei ao meu destino: o balcão do bar. Logo, me pronunciei – propositalmente - em um tom de voz mais elevado.

— Ryoga, meu amigo! Estou de volta! Pode ver dois drinks? Um você já sabe...

— Um duplo de saquê com gelo, não é?

— Isso, garoto! E, para a senhorita, tudo o que ela desejar. Atenda bem "MINHA PRINCESA" – dei ênfase nessa parte. Olhei discretamente para o lado, focando uma cadeira um pouco distante dali, mas perto suficiente para ouvir a nossa conversa se assim o que quisesse. Vislumbrei a dona daquele assento abaixar a cabeça, visivelmente incomodada.

Ryoga acompanhou meu olhar e, logo, entendeu a situação. Encarou a perolada, depois encarou a loira. Em seguida, me encarou com um semblante tomado em dúvidas. Mas, resolveu cooperar comigo, como se fosse cúmplice de seja lá o que eu estivesse tramando. Deu-me um sorriso camarada.

Senhor OtimismoWhere stories live. Discover now