Quando as máscaras caem

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Caminhei lentamente para o banheiro. Não só o corpo estava pesado e as pernas trêmulas devido ao confronto com o Toneri, mas a minha cabeça estava um turbilhão.

"Droga, me sinto estranhamente bem em ter quebrado as fuças daquele maldito!", disse em pensamento. "Mas, ele merecia, não merecia, Deus?", eu estava realmente incomodado por estar contente em ter feito mal a alguém. "Yamato-taichou...Iruka-sensei, espero que não se decepcionem! Mas antes ele do que a Hinata, certo? Aquele..."

Meu coração doeu. Falhou duas batidas. Soquei a parede. Ainda tinha coisas a resolver. A noite é uma criança!

O otimismo responsável pelo apelido que ganhei na adolescência começava a voltar. Cheguei naquela festa com um objetivo: me declarar para a Hyuuga. Em menos de meia hora eu já estava com outro: queria me vingar dela. Uma hora e meia depois estava em êxtase: ela realmente me deixou louco com aquela dança, jamais imaginaria que ela pudesse chegar àquele nível de sensualidade. Duas horas mais tarde: eu estava socando o cara mais tosco que já conheci na vida e que se atrevia a coloca-la em perigo.

— Mas que porra de noite maluca é essa? – suspirei contrariado.

Quando finalmente entrei no banheiro, lavei o rosto. A água fria foi um alento. Senti algumas partes arderem. Lavei bem as mãos. Não queria que restasse nenhum resquício daquele cara em minha vida. "Tomara que apodreça na cadeia..." O barulho de porta abrindo quebrou o silêncio ensurdecedor do recinto, tirando-me dos devaneios.

— Naruto, Chouji e Kiba buscaram roupas novas para você. Toma! – pelo espelho, vi Neji me oferecendo uma sacola. Virei-me.

— Obrigado, Neji!

— Você sabe que nós, Hyuuga, nunca teremos palavras o suficiente para agradecer o que fez essa noite, não sabe?

— ... – suspirei. — Fiz apenas o que meu coração mandou, Neji. Faria tudo exatamente igual.

— Quando se tratar dela, Naruto, peço que continue fazendo o que seu coração mandar. Garanto-lhe que, sempre que o fizer, conhecerá sentimentos e sensações que nunca experimentou. Sua vida ficará estranhamente completa. E, aí, você conhecerá a verdadeira felicidade.

Sorri de lado e não perdi a chance de zoar o sério Hyuuga. Eu precisava relaxar de toda a tensão. — Hyuuga Neji é um romântico incorrigível no fim das contas? O que Tenten andou fazendo, hein? – soltei um risinho.

— Você é sempre um grande idiota, não é mesmo, Uzumaki? – franziu o cenho, contrariado. — Mas, sabe, é esse seu jeito que faz com que gostemos e confiemos em você!

Aquelas palavras me pegaram de surpresa. — Naruto, espero que esteja ciente dos sentimentos de Hinata. Eu peço que cuide da minha prima. Cuide desse sentimento. Não a faça sofrer. Eu poderia te ameaçar... dizer que teria que se ver comigo se alguma lágrima a mais fosse derramada por você... – respirou. — Só que dessa vez, e só dessa vez, irei dar um voto de confiança para um velho amigo. – estendeu a mão como quem fechava um trato.

— Obrigado, Neji. Não vou decepcioná-lo, amigo! – sorri. Ele que fora criado como irmão de Hinata, estava praticamente dando a benção para o nosso relacionamento. "Pera, falei relacionamento?", corei.

Quando Neji iria deixar o banheiro, questionei. — Neji, só mais uma coisa. Você disse "se alguma lágrima a mais fosse derramada por você"... o que me faz concluir que Hinata já o fez algumas vezes... – balancei a cabeça negativamente, aborrecido com a constatação. — Desde quando ela...?

— Desde quando eu nem posso contar, Naruto. Ela sempre te amou calada. Sempre te admirou em silêncio. Em toda essa cidade, não existiu pessoa que mais teve fé em você do que a minha prima.

Senhor OtimismoWhere stories live. Discover now