Pro meu sangue ferver

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Dias atuais

Despertei das recordações ao ouvir uma voz bem conhecida. Lembrei-me de que ainda estava no baile.

— Dobe você não vai me falar de uma vez por todas o que aconteceu entre você e a Hinata?

— Um beijo, teme.

— OOOOH, agora você me fez descobrir a roda novamente! Que foi um beijo a festa inteira viu... assim como viu a cara de paspalho que você fez depois que a mão dela encontrou o caminho até a sua fuça! Aliás, quem diria que Hinatinha tinha uma direita tão pesada!

Ignorei a piadinha sem graça. Estava desanimado demais para retrucar as provocações do Uchiha.

— Não, teme! Não estou falando de hoje. Estou falando de um maldito e maravilhoso beijo que foi a minha perdição depois desses seis meses em que achava que ela não teria mais efeito sobre mim...

— O QUÊ? Qual parte da novela eu perdi no fim das contas?

Suspirei pesadamente. — Nos beijamos há quatro dias, enquanto conversávamos sobre amores não correspondidos, naquele balanço do parque.

— Aquele que você ia quando se sentia para baixo?

— Exato.

— Mas, se isso aconteceu... o que significa tudo isso? Ela com Toneri, você com Shion... esse showzinho no bar, seguido do showzinho na pista de dança... – ele movimentava os dedos como se tentasse encontrar uma resposta pelos movimentos, como se quisesse ligar pontos.

Fui obrigado a externar todas as lembranças que passavam pela minha cabeça momentos antes. O diálogo no parque e o que se sucedeu depois. Tentei ser sucinto.

— E foi isso. O momento foi estragado pela Shion. Ela, com a ligação, fez a gente despertar da nossa magia. Foi quando ela me disse àquelas palavras que mais pareciam tiros... Hoje ficou bem claro que o problema que ela tinha que resolver, a pessoa para quem ela deveria ligar é o imbecil e mimado Toneri. Como eu pude achar que o cara a quem ela dedicava tais sentimentos era eu? Como pude achar que hoje a encontraria aqui e explicaria tudo? Que ela iria me ouvir dizer que não sinto nada pela Shion... que nunca fomos para cama...

— Que você é um virjão...

— Ai, Sasuke. Podemos pular esse detalhe, ok? – suspirei. — Você sabe muito bem o motivo disso... Fui embora do baile e, todas as outras chances que eu tive nos últimos meses... bem... eu tentei, mas o rosto de Hinata sempre me assombrava e eu não conseguia prosseguir. E, quer saber, nem sinto vergonha disso.

Sasuke continuava com cara de deboche.

— O que me frustra de verdade é o fato de ter pensado que conseguiria me confessar e que ela estaria disposta a me ouvir...

— Então o lance com a Shion hoje é...

— Fazer ciúmes? Sim e não. Bem... como explico? Hinata veio para essa festa com Toneri, mas sempre que olho para ela, encontro seus olhos me encarando. Isso já estava me deixando doido. Tanto porque não posso suportar essa situação...

— De ela te encarar?

— Não. De não ser eu ao lado dela, fazendo-a sorrir. Por não ser eu o motivo dela estar usando aquele vestido, com aquele decote cretino, delineando aquele corpo absurdamente lindo. Céus teme, eu estou surtando!

— Naruto, você... a coisa é séria mesmo... naquele dia da formatura achei que era só atração... mas você... – ele estava pasmo.

— Estou apaixonado por Hyuuga Hinata? – sorri sem força. — Perdidamente, eu sei. De quadro, eu arriscaria. Totalmente rastejante aos seus pés. Sempre achei essa menina incrível, teme. Desde quando eu nem posso me lembrar. Acho que eu me apaixonei quando tínhamos 12 anos, no lance que a levei ao meu balanço. Só que talvez eu acreditasse que alguém como a Hinata jamais olharia de verdade para um cara cabeça-oca como eu. – suspirei. — Eu não sabia nada sobre mulheres afinal de contas... acho que até hoje não sei – dei de ombros.

Senhor OtimismoOnde histórias criam vida. Descubra agora