Curses and Shakespeare

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06 de Novembro de 1996.

Garoava naquela manhã de Quarta, o chiado das pequenas partículas de chuva ecoando pelos corredores de Hogwarts enquanto ele fazia seu caminho sozinho para a sala de Runas Antigas. Sabia que a veria lá e isso lhe deu uma razão a mais para se levantar e encarar mais um dia. Nunca, em hipótese alguma, pensou que pudesse sentir-se assim em relação à ela. Sua inimiga passou a ser da noite para o dia sua muleta. Conversar com ela no dia anterior havia sido o escape pelo qual ele ansiou por todos esses meses de tormenta. Assim que chegou à sala ele viu Hermione. Estava - como sempre - na primeira carteira, passando a pena de sua caneta tinteiro distraidamente em sua têmpora. Olhou brevemente ao redor, a sala ainda não estava cheia, havia poucos alunos, sendo a maioria da Corvinal e muitas mesas desocupadas. Dane-se! Pensou. Então caminhou até a primeira carteira e parou ao lado de Granger, que ergueu o rosto para ver quem era.

- Posso me sentar? - Ele perguntou.

- Desde quando você pede permissão para alguma coisa? - Replicou com um ceticismo exagerado.

- Tem razão. - Ele disse em meio a um suspiro, em seguida deu a volta na mesa e sentou-se ao lado dela.

- Você tá melhor?

- Um pouco. - Admitiu com um dar de ombros.

Ela sorriu em resposta.

- Seus amigos debilóides souberam que estávamos de conversinha por aí?

- Não chame eles assim. - Ela revirou os olhos e suspirou resignada. - Sim, souberam. Acho que a escola inteira soube ...

- Incomoda você? - Ele incitou arqueando uma sobrancelha.

- Não ... Porque, incomoda você? - Ela devolveu.

- Ainda não sei dizer ... - Draco franziu o cenho, pensando à respeito.

Hermione o encarou por alguns segundos e desviou os olhos para seu silabário, parecendo um pouco envergonhada. Era verdade o que ele dissera, ainda era complicado para Draco pensar em Hermione em termos positivos.

- Mas ... - Ele começou hesitante atraindo as íris âmbar de novo para ele - Podemos repetir isso mais vezes, sabe como é, - Draco coçou a nuca sem graça - só para eu ter certeza de que não me incomoda ser visto com você.

Um riso irrompeu pelos lábios dela e Draco não conseguiu conter o seu próprio.

- Faremos esse sacrifício. - Ela disse em meio à risada.

Ainda não parecia correto para ambos sentirem-se confortáveis lado a lado. Contudo, sentiam-se exatamente assim. E para Draco, era inacreditavelmente bom ter a companhia e a risada dela enchendo seus ouvidos.

05 de Dezembro de 1996.

Os passos apressados eram o único eco daquele lado do sétimo andar. Seus rostos se viravam a cada segundo, só para conferir se ninguém os observava. Pararam quando alcançaram a tapeçaria de Barnabás, um lugar extremamente familiar para ambos.

- A Sala Precisa? - Hermione o olhou. - O que vamos fazer aqui, exatamente?

- As piores atrocidades que existem! - Draco ironizou.

- Tratando-se de você eu não me surpreenderia.

Draco esfregou as têmporas com seus indicadores, um riso anasalado e breve escapando de si.

Escolhas Irreversíveis - DramioneWhere stories live. Discover now