Birthday Surprise

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05 de Junho 1997

Uma capa de veludo verde escura, uma jaqueta de couro e um anel de família - mais um. Esses acompanhados de um pequeno pedaço de papel onde lia-se um tímido "Feliz aniversário, meu amor". Draco girou o anel em sua mão, esse com o brasão da família Black. Colocou o anel em seu dedo médio da mão oposta à qual repousava a herança dos Malfoy. Observava o anel recordando-se das histórias que sua mãe lhe contava quando pequeno, de como eram conhecidos e respeitados pela comunidade bruxa. Quando cresceu um pouco, com doze anos, soube depois de ouvir uma conversa às escondidas  que o casamento de seus pais havia sido arranjado pelas duas famílias. Foi um divisor de águas em sua vida. 

Alguém abriu a porta do dormitório, arrancando-o de suas memórias conturbadas. Draco se apressou em guardar o papel em seu bolso e colocando a capa dentro do malão sobre a cama ele olhou por sobre o ombro para ver quem era. Arrependeu-se assim que o fez, e seus olhos rolaram nas órbitas sem que ele percebesse. 

— Vejo que recebeu os seus presentes — Snape disse com sua voz arrastada, a última palavra soando como um palavrão. 

— O que você quer? — Draco disparou, virando-se para o mais velho. 

— Educação, para começar — O padrinho o advertiu, não sou com palavras mas com seu olhar reprovador, para logo em seguida emendar: — E lhe dar isso. 

Snape lhe ofereceu um pergaminho e por um segundo Draco pensou que pudesse ser algo sobre seu aniversário. Arqueou a sobrancelha para o bruxo ao pegar o mesmo de sua mão, e o abriu. Seus olhos correram pelas palavras caligrafadas e à medida em que as absorvia e assimilação seu coração ia perdendo o compasso: 

"Draco,

Escrevo a você não só para lhe parabenizar por seu aniversário, mas também por sua iniciação como um de nós. Todavia, há mais coisas desagradáveis do que o contrário para que eu lhe diga, como por exemplo a sua relutância em acabar de uma vez com a missão que incubiram a você. Não manche o meu nome, minha história, sendo um covarde! Gastei ouro aos milhares para criá-lo e espero que você saiba ser agradecido. Nossos aliados conseguiram invadir Azkaban e creio que logo essa notícia se espalhará, de qualquer modo queria que fosse o primeiro a saber. Borgin nos enviou uma coruja a pouco informando-nos de que o armário sumidouro está apto para uso, o que nos deixou extremamente curiosos para saber porque não foi você quem nos deu a feliz notícia, uma vez que esse era o seu papel. Estaremos na Sala Precisa às 20 horas em ponto para que possa explicar à nós pessoalmente. 

Atenciosamente, Lucius Malfoy, ou se preferir, papai." 

As mãos de Draco suavam e tremiam, quase que inconscientemente. Lucius regressou de Azkaban para compor o cenário catastrófico que era a vida de Draco. Aquele pergaminho era um mau presságio, vindo de Snape só podia! Um anúncio apocalíptico, cabia melhor. 

— Quando ele… ? — Draco não conseguiu prosseguir. 

— Vá a minha sala depois do almoço e assim podemos nos planejar melhor — Snape cruzou os braços e ao analisar e expressão pavorosa do rapaz, disse mais: — Até lá, tente não fazer nenhuma bobagem. 

E assim o professor deixou o dormitório e Draco, o último prestes a sofrer uma síncope. 

. . . 

O relógio ressoou por Hogwarts, indicando que aquele era o horário do almoço. Contudo, ele não conseguia sair da posição vexatória a qual se colocou quando o choque de saber que seu pai era um homem "livre" passou. Encolhido sob o edredom de sua cama, sob o seu medo e com as persianas fechadas como se assim pudesse passar despercebido caso resolvesse não comparecer ao ominoso reencontro, Draco Malfoy estava com pena de si mesmo. 

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