04 - O ESTRANHO DE PRETO

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          Já se passou um mês desde o Festival de Primavera, e sempre que eu perguntava a Viollet sobre o por que dela ter passado o festival inteiro como se procurasse algo entre as árvores, ela dava um jeito de desconversar e mudar de assunto, então deixei de perguntar, mas isso não significa que desisti de descobrir o motivo. 

          Eu estava indo caçar novamente, e acabei avistando Viollet ao longe. Isso já estava começando a virar rotina, eu vejo Viollet no caminho, chamo ela, conversamos um pouco, pergunto sobre o festival, ela desconversa e acabava indo embora dando uma desculpa qualquer, mas hoje não vou chamá-la - pensei - vou simplesmente segui-la para descobrir aonde vai toda semana. Me escondi atrás de algumas árvores e a segui de longe, sem que ela percebesse, chegando em uma clareira. Eu nunca havia estado ali, nem mesmo sabia da existência daquele lugar. Chegando lá me escondi atrás de uma moita para observar, e lá estava Viollet, conversando com um homem alto de cabelos loiros e olhos castanhos que trajava roupas de uma seda tão negra quanto a noite mais escura. Era muito belo, admito, porém carregava algo semelhante a ódio em seu olhar. 

          Pelo fato deles conversarem baixo, não consegui entender nada além de algumas poucas palavras como trato, quebrado e vida. Não entendi muito bem mas parece que alguém quebrou algum tipo de trato e agora o homem queria que Viollet se redimisse ou algo do tipo. 

          Fiquei tentando escutar a conversa por mais alguns minutos até que o homem diz uma única frase mais alto, sumindo no ar logo em seguida, o que faz com que eu levasse um susto e me surpreendesse ao mesmo tempo.

- Sabe, minha pequena Deusa, você deveria tomar mais cuidado para que na próxima vez em que nos encontremos ninguém a siga.

          Assim que ele se foi, Viollet se virou na minha direção, eu não sabia como reagir e aparentemente ela também não, já que parecia tão surpresa quanto eu.

- O que faz aqui, Lucca? - Peguntou ela.

- O-O que eu faço aqui? Bem, eu acho que meio que acabei te seguindo. - Não sabia exatamente o que deveria responder. 

- Quanto da conversa você ouviu, Lucca? - Perguntou com calma e um pouco de medo na voz. - Por favor fale a verdade.

- Não ouvi quase nada, eu juro! - Falei saindo totalmente de trás da moita.

- Muito bem então. Vou refazer a pergunta: o que você ouviu? 

- Apenas algumas palavras.

- Que palavras? - Falou já perdendo um pouco a paciência e com tom de preocupação.

- Trato, quebrado e vida. - Falei rápido, antes que ela perdesse toda a paciência que ainda lhe restava. 

- Só isso? Mesmo? - perguntou ela com certo receio e eu apanas balancei a cabeça positivamente.

- Mas quem era ele afinal? O que queria? E qual o significado dessas palavras, pra você ter ficado tão nervosa com o fato de eu ter ouvido? - Perguntei.

- Não estou nervosa, apenas não quero te envolver em nada.

- Viollet, quem era ele?

- Isso é algo que diz repeito apenas a mim então apenas esqueça tudo, por favor, Lucca. 

- Muito bem, não vou perguntar mais nada. - Por enquanto. Pensei. 

          Depois dessa pequena discussão acabamos indo embora e não falamos uma única palavra em todo o caminho de volta.

◇◆◇CONTINUA◇◆◇  

Doce PrimaveraWhere stories live. Discover now