05 - TRATO QUEBRADO

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          Já se passou alguns dias da pequena discussão que tive com Viollet e não a vi mais desde então, mas como – por algum motivo – não sei onde ela mora, não posso ir procurá-la, então a única coisa que posso fazer no momento é esperar até ela voltar a aparecer.

          Imagino que ela esteja nervosa com o que aconteceu naquele dia, afinal, eu provavelmente acabai ouvindo uma conversa que não deveria. Ainda assim me pergunto quem seria o "homem misterioso" com quem ela estava conversando, e sobre qual seria o motivo deles estarem conversando em um lugar tão escondido. Eu com certeza vou voltar neste assunto quando encontrar com Viollet novamente.

          Mas vou esquecer esse assunto por enquanto. Resolvi voltar a desenhar – coisa que eu não faço a anos – para relaxar e esquecer um pouco os problemas. Eu estava concentrando desenhando em minha mesa sob a janela de meu quarto, quando um pássaro enorme e totalmente negro pousa no beiral da janela, me dando um enorme susto. Ele permanece ali durante alguns minutos, como se me observasse, e então sai voando novamente.

          Por algum motivo, tive a impressão de já ter visto aquele pássaro em alguns lugar.

- Lucca! - Falava Perry já entrando no quarto sem ao menos bater antes. - Lucca! Viollet está lá na sala! Ela parece preocupada com algo e quer falar com você. Deve ser algo urgente já que ela chega a estar praticamente desesperada. - Assim que ele termina de falar eu saio em disparada para a sala, onde se encontrava Viollet.

- Viollet, está tudo bem? Você sumiu por dias! Perry disse que você quer falar comigo e que é urgente.

- Sim, é algo bem urgente. - Falou ela rápido. Nunca a tinha visto tão desesperada antes. - Por favor me diga que nenhum pássaro negro passou por aqui!

- Pássaro negro? Sim, um pássaro negro apareceu em minha janela agora à pouco, mas por que isso seria tão urgente? - Perguntei estranhando aquela conversa. 

- Não, não, não, não. - Repetia Viollet rapidamente enquanto andava em círculos pela sala. -  Acontece que aquele pássaro na verdade é Dante, o homem com quem você me viu conversando no outro dia, e se ele realmente esteve aqui isso não é bom, nem um pouco bom.

- Espera, calma Viollet, será que dá pra me explicar o que está acontecendo? 

- Certo. Respira Viollet, respira, vai ficar tudo bem, se acalma. - Falou ela pra si mesma. Se acalmando aos poucos. - Muito bem, eu vou explicar tudo calmamente desde o início. Lucca, pode ser que você não acredite, mas eu moro no Templo da Deusa da Floresta, eu sou a Deusa da Floresta e aquele pássaro, Dante, é simplesmente o Deus da Morte. 

"Nós vivíamos pacificamente na floresta, e bem, mesmo sendo deuses, temos nossas regras e uma delas é bem clara: não podemos nos envolver com humanos. Eu desobedeci essa regra e tive um preço a pagar, o Deus da Morte tomou para si a vida do humano que amei. Depois do ocorrido eu e Dante começamos a nos desentender diariamente eté que resolvemos fazer um trato: ele iria embora da floresta, mas com uma condição, eu nunca mais poderia voltar a me comunicar com humanos como sempre fiz, se eu quebrasse o trato eu teria de recompensá-lo. O trato foi quebrado, eu me apaixonei novamente. Ele veio atrás de mim, e me deu um mês para tentar convence-lo à mudar o 'castigo', mas o prazo acaba amanhã e se eu não o fizer mudar de ideia, você morre Lucca."

          Quando terminou de falar, ela estava chorando copiosamente, desesperada, enquanto eu fiquei simplesmente chocado com a história e a quantidade de informações que recebi em tão pouco tempo. Viollet é uma Deusa e eu posso morrer.

◇◆◇CONTINUA◇◆◇  

Doce PrimaveraWhere stories live. Discover now