⚓ Seven ⚓

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AVISO: Capítulo com menção +18

Boa Leitura!

“Não pertenço a breves momentos, a curtas emoções e a acanhados desejos. Me faço nas grandes tempestades, nas eternas sensações e nas inflamadas vontades.”

~ Paulo César

JUNGKOOK

     Quando escolhi medicina, foi jurando salvar o máximo de vidas que Deus me permitir. Prometi ao meu pai que não cometeria os mesmos erros novamente, ainda que não tenha sido por minha negligência que o mais velho tenha partido. Afinal, o que um garoto poderia fazer sem conhecimento algum naquela época?

     Me encontrava no fim de mais um plantão exaustivo, doze horas doando o melhor de mim para trazer conforto aos pacientes da emergência, honestamente nem sequer me lembro do mundo fora do hospital. Meu último atendimento do dia foi uma criança que havia sofrido um acidente doméstico, precisou de alguns exames e imobilização imediata de um dos bracinhos.

     Fui trazido de volta ao mundo real quando entrei em meu consultório, onde encontrei o celular sobre a mesa e inúmeras ligações perdidas no aparelho. A preocupação foi saber que todas aquelas chamadas não atendidas vieram apenas de uma pessoa, minha mãe.

     Naquele instante acreditei que se tratasse de algo grave, e sem temer uma possível punição disciplinar do conselho do hospital, abandonei meu turno minutos antes do mesmo encerrar. Sempre coloquei minha família em primeiro lugar, não há emprego no mundo que me faça negligenciar ou virar as costas para as duas pessoas mais importantes para mim.

     Somente no estacionamento me dei conta da tal tempestade forte que meus colegas de trabalho comentaram pelos corredores, o estrondo de raios e trovões era alto o bastante para amedrontar até mesmo aqueles que nunca se espantam com chuva. Esse tipo de turbulência não me causa medo, somente me acolhe ao trazer recordações de tudo que já vivi no momento em que estive solitário.

     Me sinto familiarizado com tempestades, pois o final dela me faz recordar a volta que minha vida deu para chegar onde estou.

     Assim que abri a porta do apartamento, avistei minha mãe na cozinha, aparentemente em seu estado normal enquanto buscava por um copo de água gelada. Soube naquele instante que o problema não é com ela ou com JungHyun, mas isso não me tira a preocupação pelas inúmeras ligações perdidas em meu aparelho.

     A mais velha se desculpou ao me ver tão atordoado, e quando finalmente me acalmei, soube exatamente a razão de tanto desespero ao tentar contato mais cedo. Ele está novamente em minha cama, procurou abrigo entre meus lençóis como havia lhe oferecido caso entrasse em novas crises.

     Confesso que subjuguei os problemas de Jimin no início de tudo isso, afinal o sofrimento e a dor do próximo não pode ser comparada a nossa, somente a pessoa sabe o fardo que é capaz de carregar. Descobri que sua versão orgulhosa não passa de uma máscara para parecer mais forte, o garoto se sente mais vulnerável quando seus traumas e fobias são expostos desta maneira.

     Depois de uma boa conversa com minha mãe, segui até meu quarto, onde encontrei a visita inesperada sobre a cama e encolhido sob os cobertores. Jimin desarma qualquer um de minhas estruturas, foi o único capaz de me fazer repensar sobre inúmeras ações, além de ficar mais atento aos modos que meu corpo reage quando ele está por perto.

Destiny ⚓ JIKOOK || KOOKMINWhere stories live. Discover now