Capítulo 28

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Sophie achou-se deslumbrada com a opulência de Londres. Durante aqueles dias, passou a admirar as ruas, as pessoas, a música e as artes que o lugar lhe oferecia. Apenas não apreciava a companhia de sua mãe, que vulgarmente por vez ou outra abria a boca somente para despejar chateações.

— Oh, se o meu amado filhinho estivesse aqui do meu lado... — Diana dramatizava. — Mas não está. E perderá todo o encanto que Londres tem a oferecer.

— Falas como se Brandon já houvesse morrido. Seu filho ainda está vivo, apenas casou-se.

— Com uma pobretona sem renome. Que grande mancha no nome de nossa família. Isso, sem dúvidas, é pior do que a morte.

Sophie meneou a cabeça, e ousou dizer para a mãe parar de defender Brandon, que era adulto o suficiente para arcar com as consequências. Naquela noite, foram a um baile que acontecia na residência de um homem chamado Oswald Fernand. Assim que chegaram até o tal lugar, os ouvidos de Sophie foram agraciados com uma bela melodia que soava do piano.

Pôs os olhos no pequeno menino que tocava piano com maestria, sem parecer ter medo ou receio diante de tantos adultos que o olhavam com admiração. O garotinho tinha os cabelos bem penteados amarrados em um pequeno rabo de cavalo com uma fita preta, trajava um casaco marrom e tinha uma postura impecável perante o piano, como se já fosse um adulto. Sequer tinha os olhos na partitura, demonstrando seu incrível talento enquanto os dedos tocavam com uma destreza absurda as teclas.

— Este é Johannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus Mozart*, o pequeno convidado de meu pai. — dissera um jovem ruivo, aproximando-se de Sophie.

— Deixe-me adivinhar, deve ser filho do Sr. Oswald Fernand, estou certa?

— Que falta de educação a minha — curvou-se em uma elegante reverência. — Sou Stefan Wood Fernand.

— Sophie Valentine.

— Dissestes que é uma Valentine, senhorita?

— Sim. Creio que devas conhecer o nome de minha família devido as várias instituições que carregam nosso sobrenome. — instituições estas que incluíam uma escola de prestígio e o hospital psiquiátrico em que o próprio Victor fora internado.

Oh, céus, o rapaz tremeu por dentro o horror voltando. Mas já era adulto, não havia porque temer o nome da família Valentine. Conteve os seus medos mais infantes e os tremores que sentia pelo corpo toda vez que ouvia o nome daquela bendita família, e continuou a conversar com a moça.

— Permita-me apresentar os meus irmãos. Aqueles são Osmar, Olaf e Orfeu.— guiou-a para os rapazes que conversavam enquanto degustavam uma taça de vinho. — E aquela ali, aquela formosa donzela que está dançando com aquele cavalheiro é a minha irmã, Olivia.

Sophie admirou as feições da jovenzinha que bailava com maestria pelo salão. Era deveras pequena, com uma aparência que poderia ser tida como meiga, encantava a todos que dela se aproximavam. A cascata de cachos castanhos dançava em pleno ar, seguindo o bailado do vestido de seda verde com renda amarela nas bordas. Os olhos azuis, estes brilhavam como safiras, empolgada com o seu par que a conduzia em uma agitada dança.

— Se eu não estiver sendo um tanto ousado, — Orfeu curvou-se para Sophie, — queres dançar comigo, cara senhorita?

Sophie corou. Não era uma donzela propensa a bailes e nem mesmo era cortejada pelos rapazes, contudo aceitou a dança. Durante o bailado, Orfeu se dispôs a prosear com Sophie.

— Não sou tão bom dançarino quanto Stefan. Ele possui asas nos pés. Todas as damas de qualquer baile jogam-se em seus braços, almejando ao menos ter uma única dança com ele, nem que seja por um minuto. Além de ótimo dançarino, meu irmão toca perfeitamente piano, cravo, rabeca e flauta. É fluente em várias línguas e um matemático genial. Porém, ultimamente, tens desistido de todos estes dons e passou a isolar-se e desferir pouquíssimos sorrisos para nós. Creio que a única pessoa da qual ainda troca sorrisos calorosos seja com a nossa irmã, Olivia.

VENNIAWhere stories live. Discover now