Um mês se passou desde aquela noite quando Gabriel nos entendemos. E de lá pra cá viemos nos entendendo cada vez mais. Parece que isso de re-colorir nossa amizade nos tornou ainda mais próximos, e bom a essa altura do campeonato creio que nem preciso mensurar o tamanho do meu tombo pelo meu melhor amigo não é mesmo?
Tentei ser forte contra essa minha mania de me apaixonar sempre, e essa paixonite aguda já evoluiu pra crônica. Mas estar sendo correspondida anda sendo uma sensação muito boa. Pena nunca ter experimentado isso antes.
Hoje é quinta-feira, estou na quadra conversando com a Bruna, sozinhas. Bruna e Matheus como vocês já sabem deram um "passo a mais" na relação deles. A questão é que eles esqueceram o juízo na parte anterior. E agora a minha querida amiga está aqui, a beira de um ataque de pelanca, graças a sua menstruação duas semanas atrasadas.
Na verdade ela está até muito calma, se formos analisar a chance disso ter dado merda. Porque se fosse eu nessa situação, já estaria desesperada com um dia de atraso. Vê lá se eu ia esperar duas semanas pra averiguar isso.
O que eu faço com essa menina? Soco? Chuto? Obrigo a me deixar ser madrinha caso isso tenha mesmo acontecido.
- Minha mãe vai me matar Júlia. Você têm noção disso?
- Talvez ela queira te matar no princípio. Mas tenho certeza que no final de tudo, vai dar tudo certo.
- Ah Jujuba! Eu não enxergo essa história com tanto otimismo quanto você. Eu já estou me imaginando encaixada em uma guilhotina, pronta pra ter o pescoço decipado.
- Não seja tão exagerada Bruna. Além do mais, isso é apenas uma suposição, paranoias da sua cabeça. Acho melhor você tirar essa dúvida logo.
- Eles não fazem exame de sangue em menores de idade sem um adulto responsável. E obviamente não vou chamar a minha mãe pra isso. - Revirou os olhos, enquanto eu continuei a encarando. - Nem vêm, não vou falar isso com o Matheus.
- Porque não? Ele é seu "namorado" e é maior de idade. Creio que ele deva contar como responsável legal.
- Não posso chamar o Matheus, Júlia. Pelo simples fato que não contei pra ele sobre a minha suspeita.
- E você está sofrendo essa angústia toda sozinha? - Bufei. - E depois eu ainda que sou a trouxa.
- Não quero criar alardes com algo que pode não ser nada.
- Ou pode ser tudo Bruna.
- Tá eu sei Júlia! Eu sei tá legal?
- Argh Bruna! Já sei como vamos resolver isso. Me espera no final da aula, vamos passar em alguma farmácia e iremos resolver isso.
- Eu não tenho coragem de comprar essas coisas.
- De tranzar sem camisinha você teve né? - Ela revirou os olhos. - Tá, tá legal Bruna. Eu compro o teste, e se der negativo até compro alguns preservativos pra vocês. Quem sabe assim vocês usam.
- Você fala assim mas quero ver se quando começar a ter relações com o Gabriel se vai ser tão cuidadosa assim.
Bom, eu ainda não parei pra pensar em ir pro passo dois com o Gabriel. Não que não andemos sentindo vontades, coisas do hormônios, mas também nunca conversamos sobre isso.
- Espero que quando eu for a "doida-do-sexo", vulgo "senhorita-transante", esses desejos não ofusquem o lado pensante do meu cérebro.
- Há-há-há, muito engraçadinha Júlia, muito engraçadinha. Agora vamos pra sala, já estamos atrasada. Nos vemos no final da aula. - Ela me deu um beijo no rosto e foi andando pra sua sala, e eu fui pra minha em seguida.
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O Fruto do Pecado - Livro II
RomanceO amor de Manuela e Lucas foi louco, por vezes fraco mas sempre intenso. Esse amor rendeu frutos, e esse fruto cresceu. Júlia agora com dezessete anos, continua sendo a mesma menina meiga, doce e engraçada, porém agora está se tornando uma mulher e...