Degustação Pt5

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Mesmo com o coração apertado sem saber bem o motivo que mexe com minhas emoções, no final da tarde antes de fechar a floricultura, a cada minuto, quase que involuntariamente fixo meu olhar na direção da entrada do estabelecimento, pois estou ansiosa para ver Alberto chegando e como se o destino quisesse me testar, passam trinta minutos desde o horário previsto enviado por ele através do SMS na sua última parada.

— Ai meu Deus, cadê o Alberto? – Fecho os olhos no momento que busco respostas divinas.

— Olha eu aqui para responder a sua prece. – Meu coração volta a acelerar, abro os olhos e então eu o vejo largando a mochila no chão e vindo em minha direção todo lindo com sua altura e corpo másculo que sempre me hipnotiza. — O pneu do ônibus furou e atrasou um pouco, também passei em casa rápido e estou aqui para ficar contigo a noite toda. – Seus olhos castanhos brilham ao me olhar e eu não consigo dizer sequer uma palavra enquanto ele me abraça, apenas correspondo o gesto e ao contrário do meu bombom "a cura da saudade" não sinto o sabor adocicado cobrindo o amargo que a falta dele causou durante tanto tempo, nem quando seus lábios tocam os meus.

— Ainda bem que chegou, passei o dia ansiosa e com o coração apertado. – Nossos olhares ficam presos um no outro e ele acaricia meu rosto. — Temos tanto para conversar, o que está acontecendo conosco? – Ele toca carinhosamente meus lábios.

— Você está linda, na verdade ainda mais e sobre nós, sei que temos que conversar, estou ciente que a distância não está ajudando, mas eu tenho um plano. – Ele respira fundo parecendo cansado. — Podemos conversar após o evento na praça? Encontrei seu irmão e ele também me chamou, na verdade me obrigou ao dizer que você também vai.

— Por mim tudo bem, prometi a Rute que iria e também será bom pois todos nossos amigos estarão por lá, você vai poder matar a saudade deles.

Após uma conversa rápida e alguns beijos, encerro as atividades da floricultura e de mãos dadas com meu noivo, que finalmente apareceu, caminhamos até minha casa, tenho certeza que hoje os boatos serão amenizados.

Como meus pais estão presentes e também meu irmão ciumento, me arrumo em meu quarto sem a presença de Alberto enquanto ele usa as dependências de Bruno e no meado da noite, lá vamos nós para festa, acertados que na volta precisamos conversar e faremos isso provavelmente durante a madrugada.

Em cidade pequena, tudo vira manchete e como chegamos cedo demais na praça, todos os presentes nos enxergam, pois o evento ainda não começou.

Entre barracas de doces, salgados, bebidas variadas e embalados ao som instrumental da música religiosa, nossos amigos em comum vêm nos abraçar e todos querem saber o motivo da demora de Alberto aparecer.

— Ahhh, você veio, cunha. – Rute me surpreende com sua empolgação e em seguida cumprimenta Alberto com um aperto de mão. — Olha aí você provando a parte doce do seu bombom. – Ah Deus! Ela é tão romântica e para não ser um balde de água fria, apenas respondo com um sorriso.

A verdade é que pensei que estaria mais feliz neste momento, mas acredito que meu desânimo pode se dar ao fato de ainda não termos tido tempo para ficarmos a sós em um momento mais íntimo.

— Line, quer cachorro quente? – Alberto me pergunta e meus olhos logo brilham, as vezes meu desânimo seja apenas fome.

— Por favor e eu quero dois. – Ele me diz que comprará também para Rute e meu irmão e logo se afasta enquanto fico observando o pequeno palco onde uma televisão enorme de cinquenta polegadas está ligada no momento que passa o telejornal do estado.

Entre uma conversa e outra, o responsável do som pluga a TV no alto-falante e para minha surpresa, começa uma reportagem que eu reconheço de imediato, o trabalho de Alberto.


O DIRETOR - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now