Degustação Pt 4

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— UAU! – Rute pega o próximo e dessa vez come bem devagarzinho. — É-é maravilhoso, esse doce tem sabor de encontro, Line. – Ahhh, eu amo o que ouço.

— Isso, encontro é a palavra. – Meu irmão morde mais um pedaço. — Primeiro ele começa amargo como a saudade e depois vem o doce do encontro. – E então eu como a minha pequena porção, deixando uma lágrima de emoção fluir. Para mim a comida é uma arte e conseguir deixar o seu sabor descrever tal sentimento é maravilhoso. — Quero mais, mana.

— Não. – Nós três gargalhamos com minha entonação ao responder negativamente e eu como mais um pedacinho do meu bombom. — Esses eu vou vender, vou fazer cinco kits com cinco bombons em cada caixinha em formato de coração partido com a etiqueta colando as partes. – Explico e graças a Deus os dois entendem.

— Sabe, eu tenho seu irmão comigo e ele é meu amor. – Apesar de eles serem novinhos, eu acho tão fofo os olhares e o que ouço. —Não tenho mais meu pai e esse doce me fez pensar que apesar de todo amargo da vida, a parte gostosa sempre vem. Enfim, cunha eu quero uma caixinha. – Rute me emociona com suas palavras e meu irmão sendo bastante cavalheiro compra para namorada o mimo.

Eu acabo vendendo pelo preço de custo apesar dos protestos dos dois. Meu maninho sabe que junto dinheiro, que os doces são pelo menos cinquenta por cento da minha renda, já que na floricultura ganho meio salário mínimo e ainda assim agradecendo a dona Camélia. Em uma cidade do interior não é fácil conseguir serviço e ele conseguiu o de menor aprendiz na agência bancária.

Quando eles saem de mãos dadas demonstrando o quanto estão apaixonados, termino de embalar os doces, coloco as caixinhas no local refrigerado apropriado e vou para o quarto escrever o cartão personalizado que acompanha o mimo.

"Com estes bombons, quero te lembrar que apesar do amargo, o doce da vida sempre volta...

Com carinho,

______________"

Obrigado por escolher, Line Doces"

Imprimo quatro unidades e pensando positivamente sobre o futuro vou dormir.

Acordo com meu celular tocando, estico-me para atender e quando vejo quem é, meu coração até aquece um pouquinho, mais não o suficiente para sarar a dor que a distância traz.

— Te acordei, amor? – Ahh Deus, será que estou sonhando?

— Sim, mas não tem problema. Já têm dois dias que a gente não conversa e só mensagens não é tão bacana. – Alberto passa os próximos minutos me pedindo perdão, explicando sua rotina pesada nos plantões da fábrica e dos turnos trocados.

— E eu sei que nada disso justifica, minha linda. E por isso tenho uma notícia para você. – Um suspiro de esperança me acomete e eu aguardo na linha após respirar fundo. — Hoje, no início da noite, estarei aí matando a saudade de você e eu ficarei todo final de semana ao seu lado.

— Jura? – Meus olhos se abrem de vez. — Não brinca com algo tão sério, pois você sabe que cheguei no limite da saudade. – Ouço sua risada que tanto gosto e sentia falta.

— Sim, já estou na rodoviária pronto para encarar as próximas doze horas de viagem. – No momento que ouço a sua promessa, sinto um misto de emoções. Sei que estou feliz, porém eu achava que ficaria mais ao ouvir tal notícia. O que está acontecendo comigo? Será que a distância me esfriou? — Agora tenho que desligar, na estrada a ligação vai cair, beijos. Te amo.

— Beijos, e-eu também. – Encerro a ligação, pronta para encarar um novo dia.


O DIRETOR - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now