Parte III - Não Deve Esquecer

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Esse é o preço que você paga
Deixe para trás seu coração e o jogue fora
Apenas mais um produto do hoje
Melhor ser o caçador do que a presa
E você está parado no limite, de cabeça erguida

- Natural - Imagine Dragons

...

Alphonse bateu na porta duas vezes. Ele conseguia ouvir a respiração do vampiro do outro lado da porta.

Apesar de não ter necessidade, o mais jovem respirava apegado aos hábitos humanos. Felizmente o vampiro do lado de fora compreendia muito bem, afinal, ele havia passado por aquela situação há muito tempo atrás.

    — Eu sei que é difícil, mas você precisa aceitar isso...

A porta continuava fechada. Ele resolveu entrar, mesmo que isso fosse contra as regras de etiqueta que ele tanto gostava.

Ao adentrar, se deparou com uma cena estranha: Raviel estava com a mão exposta à luz do sol que passava por uma fresta, provavelmente feita por ele mesmo.

Calmamente, Alphonse caminhou até ele e colocou a mão em seu ombro. Isso fez o rapaz retirar a mão, que começara a soltar fumaça.

    — É uma maneira bem peculiar de testar se é um pesadelo. Eu optei por me cortar quando me transformei.

Raviel olhou assustado para ele. Não havia notado que o homem de barba bem feita e terno alinhado tinha entrado. Estava tão imerso na dor e na visão da mão queimando ao sol, que nenhuma mudança havia sido captada a sua volta.

Somente com o toque em seu ombro que ele conseguiu entender perfeitamente as palavras.

    — Eu queria ter certeza, mas parece que não fui agraciado com a benção de ser só um pesadelo. Sabia que o momento de arrependimento chegaria, mas não esperava que fosse tão intenso.
Ele olhou para o chão e respirou fundo.

    — Aceitar que não pode mudar agora é o melhor. Vai te poupar bastante tempo em negação. Venha comigo, vou te falar um pouco sobre sua nova espécie. Talvez fique mais fácil de aceitar sua condição.

Alphonse falava enquanto andava até a porta esperando que o outro o seguisse.

Raviel tentava afastar os pensamentos da antiga família. Não porque queria, mas era doloroso demais manter as duas vivas em sua mente, quando na realidade estavam enterradas no terreno de sua antiga casa.

As memórias deveriam ter o mesmo destino e serem enterradas o mais fundo possível e assim ele se esforçou a fazer.

Ele seguiu o vampiro mais velho pela gigantesca mansão. Passaram por várias portas e pinturas de paisagens feitas a mão até chegarem a uma gigantesca biblioteca.

Suas paredes estavam escondidas atrás das estantes que seguiam do chão até o teto, repletas de livros com diversas cores e conteúdos múltiplos. No meio do cômodo havia uma mesa, alguns sofás e poltronas. Acima do móvel, havia mais alguns livros esquecidos de serem guardados.

    — Aqui tem basicamente todo conhecimento sobre nossa raça de vampiros e muitas outras coisas relevantes, como poesia, filosofia e até alto ajuda.

Ele falou andando até uma das estantes, pegou um livro de capa de coro vermelho e  jogou para o rapaz.

    — Esse é bem detalhado sobre as espécies, mas pode vir aqui sempre para tirar dúvidas.

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