Parte VII - Monstros

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Agora só isto parece claro
Eu preciso mudar, eu preciso lutar
Eu preciso me perder hoje à noite

- Come With Me Now - Kongos

...

Seguindo Gabriel pelos telhados, Raviel pensava como poderia matar o homem. A quantidade de formas e a satisfação que sentia ao imagina-las o surpreendeu. Talvez a transformação estivesse expondo um lado sombrio que nem mesmo o rapaz era conhecedor, pelo menos, era essa a teoria que ele tinha.

- Raviel, você deseja muito essa vingança?

A pergunta, que poderia ser considerada boba, veio do outro vampiro o resgatou de se aprofundar em pensamentos malignos.

- Logicamente. Essa é a única razão para eu ter aceitado essa maldição.

- Então você precisa manter o controle. Entendo que perdeu sua família, mas não pode cometer atos burros como da última vez e acabar todo furado. Deve dominar a vingança e não o contrário. Por isso, quando chegarmos lá, eu vou falar e você vai apenas me escutar. Prometo que terá sua vingança.

Logo, eles chegaram ao armazém e observaram a construção simples e alta, feita com paredes de madeira e telhas cinza, ao seu redor várias caixas vazias e sacos de lixos atraiam pequenos roedores e cachorros abandonados, que procuravam por abrigo e alimentos.

Graças aos sentidos ampliados ambos podiam escutar o som de passos e risadas vindas do lado de dentro.

- Está vendo o homem ali? Ele é o vigia.

Tal homem estava escondido numa das muitas sombras do local, resultado da pouca iluminação. Ele não parecia ser muito velho, usava um casaco preto surrado e nesse momento, retirava o cigarro da boca soltando uma fumaça branca e densa. Raviel não o tinha notado até ser comentado por Gabriel.

- Eu cuido dele e dos outros, pode ir atrás do seu alvo entrando por cima. Não se esqueça do que falei: nada de perder o controle, espere ele atirar e gastar a munição. Nunca conseguem recarregar a tempo.

O jovem concordou movimentando a cabeça e Gabriel começou a contar usando os dedos, em ordem decrescente a partir do três. Quando sua mão se fechou por completo ele avançou rapidamente na direção do homem que apenas teve tempo de ver um vulto antes de sentir o golpe em seu peito.

O chute foi tão forte que afundou as costelas no peito e o jogou contra a parede, esta era tão frágil que não aguentou o impacto e se partiu, anunciando a todos a chegada, nada sutil, do vampiro.

- Boa noite cavalheiros...

Ele falou com um sorriso ao entrar no local ocupado por seis homens. A maioria usava casacos de frio e as idades variavam entre trinta e cinquenta anos, pelo menos essa era a conclusão que chegara aos primeiros momentos.

Para a surpresa de Gabriel, todos estavam devidamente armados com variedades de lâminas a armas de fogo.

Os três que portavam revólveres Colt modelo Navy começaram a disparar, mas o vampiro se movia rapidamente em ziguezague e aliado à dificuldade de iluminação, poucos tiros atingiram o alvo.

Quando as armas pediram mais munição, o vampiro sorriu e avançou contra eles. Os homens que empunhavam espadas avançaram também, demonstrando a estratégia de suporte, para que as armas pudessem ser recarregadas, infelizmente para eles, lhes faltavam habilidades.

Servo de SangueWhere stories live. Discover now