Capítulo 5

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Don't lose who you are in the blur of the stars
Seeing is deceiving, dreaming is believing
It's okay not to be okay
Sometimes, it's hard to follow your heart
Tears don't mean you're losing
Everybody's bruising
Just be true to who you are

Jessie J - Who You Are

Eu não conseguir fazer com que o Benjamin esqueça que eu existo. Então, quinze dias depois, cá estamos nós na casa dele por que ele resolveu que ia me fazer um jantar pra provar que ele não era um completo babaca. Palavras dele, não minhas. Depois daquele dia no mercado ele me persegue, manda mensagem de bom dia, boa tarde e boa noite. Pergunta se eu já tomei café, se já almocei ou se já jantei. Me chama pra sair, diz que até assiste aqueles filmes românticos água com açúcar. Se eu gostasse. Me mantenho firme, não crio expectativas de que todo esse cuidado seja por que ele se importa comigo. Com certeza quando eu menos esperar ele vai embora, assim como todo mundo. Aí eu vou ficar mais quebrada do que já sou. Vou ter que lidar com duas partidas: a dele e a minha. Eu vou me quebrar se eu me apaixonar por ele. Por que eu sei que esse jeitinho dele é muito apaixonável: cuidadoso carinhoso e preocupado. Construí um muro ao meu redor desde sempre. Por isso eu não consigo me apegar a ninguém, pelo menos não romanticamente falando. Ele nao sabe dos meus problemas. Ele não merece ter que se preocupar por que eu não valho a preocupação. Meus pais já desistiram, então, pra que mais alguém ser arrastado para esse meu mundo caótico e depreciativo? Prefiro lutar sozinha.

-Cassie? - olho pra um Benjamin todo no estilo dono de casa, com avental e tudo. Nem tinha prestado atenção nesse detalhe.

-Hm... Sim?

- Tem duas horas que estou te chamando, garota. Está pensando em que?

- Coisas da faculdade - minto.

- Sei, sei. Fiz macarrão com queijo, espero que goste - quem não gosta, pelo amor de Odin?

- Gosto, sim, obrigada.

Comemos em silêncio, mas eu tenho certeza que ele me observa enquanto mexo o macarrão pra um lado e pro outro. Não estou com fome, mas não quero fazer desfeita.

- Parece que você não está muito afim do macarrão, está tudo bem? - desvio a atenção do prato e o observo por um tempo.

- Está tudo bem, sim. Acho que só estou um pouco cansada - da vida. Da faculdade. De mim. Do mundo.

- Quer assistir um filme ou você está muito casada pra isso? - pergunta com uma sobrancelha arqueada

- Acho que vamos ter que deixar pra outro dia, Ben - ele me olhou espantado

- O que foi?

- Você me chamou de Ben! Meus deuses do céu, vai chover! Você nem gosta que eu te chame de Cassie, diz que acha desnecessário essas abreviações escrotas, puta que pariu!

- Não tô entendendo essa sua felicidade toda - digo revirando os olhos

- Ah, baby, você está deixando de ser essa gótica do mal! Está vindo pra luz, docinho - faço uma carreta

- Eu não sou uma gótica do mal. Muito menos estou indo pra luz

- Sabe, Cassie, às vezes eu não entendo toda essa sua repulsa por conversar com alguém, me contar o que é que está acontecendo. Eu posso ser um bom ouvinte. Posso te ajudar também

- Não preciso de ajuda - esse papo me deixou alerta. Daqui a pouco ele vai querer saber até o número do meu CPF

- Amor, todos precisamos de ajuda. Eu posso ter te conhecido há apenas alguns dias, mas eu sei que você precisa de alguém pra conversar - já está forçando a barra, não vou entrar nesse assunto. Não mesmo

- A conversa tá boa mas eu vou indo. Obrigada pelo jantar, estava muito bom - digo já me levantando e encerrando o assunto

- Cassie...

- Não. Por favor, não vamos por esse caminho. Preciso ir. Até mais.

Dou as costas, mas quando estou quase abrindo a porta ele segura meu braço. Prendo a respiração e ele me puxa pra um abraço. Meus olhos lacrimejam. Eu não recebo um abraço desses desde que deixei Enzo pra traz. Foi aí que eu percebi que está sozinha mais uma vez.

L O S TOnde histórias criam vida. Descubra agora