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Coloco algumas panquecas sobre a mesa e ouço o som de passos. Logo percebo a presença da minha mãe, que sorri fraco, deixando evidente pequenas rugas ao redor de seus olhos.

— A senhora está bem?– pergunto preocupada, quando noto a palidez de seu rosto.

— Estou, meu amor!– ela sorri amarelo.

Ultimamente, minha mãe andava muito doente. Às vezes vomitava ou sentia fortes dores no corpo, o que me preocupava muito.

— Dona Ellis, a senhora trate de marcar uma consulta!– insisto.

— Não é preciso!– diz enquanto leva a xícara de café aos lábios.

— Mãe...– suspiro.— Sabe o quanto me preocupo. Por favor, faça apenas um exame rápido. Só para me deixar mais aliviada.– digo alcançando suas mãos e as beijando logo em seguida.

— Tudo bem!– ela se rende.

Sorrio e a abraço apertado.

— Bom, deixa eu ir.– digo.— Eu te amo, mãe!– beijo sua testa.— Até mais!

— Eu também te amo! Até mais!

Saio de casa e ando vagarosamente pelas ruas de Vancouver.

O clima estava agradável, deixando a tensão que ganhava no trabalho mais leve. Não era fácil trabalhar no Palace Coffe, Carmen, a chefe, era exigente quanto qualquer outra.

Finalmente chego na cafeteria e respiro fundo antes de entrar. O movimento estava razoável, mas não diminuía o trabalho que eu teria.

— Está atrasada, mocinha!– George resmunga divertido.

— Não conte a ninguém!– sorrio e ele sinaliza um zíper na boca.

Começo a servir os pedidos que eram feitos.

— Ih, mesa 4!– olho para George confusa.— Luca!– suspiro pesadamente.— Eu posso levar se quiser.

— Eu não sei...

— Me dê o pedido!– manda e pega a bandeja de minhas mãos até lá.

Suspiro e volto a realizareus afazeres, quando noto um George irritado ao meu lado.

— Eu odeio aquele filha da puta!

— O que ele fez?

— Não quer se atendido por ninguém além você. – joga o pano de prato que carregava nas mãos no balcão. — E ainda disse que se não fosse atendido por você, falaria com a Carmenzinha, para me demitir.– revira os olhos.— Quer saber? Eu vou dar na cara dele!– ameça ir até lá, mas seguro seu braço.

— Não se preocupe!– sorrio fraco.

— Mer...

— Eu já volto!– pego novamente a bandeja e respiro fundo antes de caminhar até onde o embuste se encontrava.

Ele carregava seu conhecido sorriso de deboche, o que me deixava irritada.

— Aqui!– deixo seu café sobre a mesa e me preparo para sair, mas sou puxada quando puxa meu braço.

— Espere aí! Não quer participar do café?

— Não com você!– ele me olha com irritado.— Com licença!– lhe dou as costas e saio, mas ainda escuto sua voz.

— Sabe que eu sempre consigo o que eu quero.– balanço a cabeça negativamente e me forço à me concentrar no trabalho.

Depois de alguns minutos, Luca sai do café, mas antes me lançando um olhar estranho.

— Eu ainda acabo com esse filha de uma puta!– resmunga, quando esbarra com Luca

Suspiro.

— Espero que um dia ele me deixe em paz.

— Ele vai deixar! E se não deixar, eu arranco as bolas dele. Porra, ele ainda vai pagar por tudo que está fazendo!

— Ai, amigas, podem contar comigo!– George se pronuncia, nos fazendo rir.

George era um bom amigo.

Ele sabia do meu antigo relaciomento conturbado com Luca, mas ainda sim, preferia omitir o fato de ele ter me agredido. George podia ser gay, mas ainda sim poderia acabar com Luca em dois tempos

(…)

— Tem certeza que não quer que eu te leve, amiga?– George pergunta.

— Sim, George! Eu posso muito bem ir sozinha. Não precisa se preocupar.– sorrio e ele suspira, derrotado, depois de tentar me convencer pela vigésima vez.

Claro que não queria o incomodar. Ele morava praticamente do outro lado da cidade.

Depois de pegar minhas coisas, me despeço de George e saio da cafeteria. Infelizmente, Izzie não me acompanhava quando meu horário de trabalho acabava, pois ela sempre saía mais cedo. Ou seja, eu sempre ia sozinha.

As ruas ainda estavam iluminadas e não era muito tarde, me fazendo suspirar aliviada.

Ando vagarosamente quando sinto mãos me puxarem.

— Luca...– digo, quando finalmente o encaro.

— Soube que andou indo a delegacia.– aperta meu braço com força.

— Está me machucando!– reprimo um gemido de dor.

— Sabe que podia facilitar se fosse para cama comigo.– solta meu braço e tenta acariciar meu rosto, porém me afasto.

— Eu já disse que não...– digo e agradeço mentalmente por notar um ônibus se aproximar.

— Não seja idiota!– esbraveja.— Ainda não me disse o que foi fazer na droga da delegacia!– ele sorri debochado.— Me denunciar? Sabe que eu posso subornar qualquer delegado de merda.

Ele podia sim fazer isso. Seu pai era um empresário bem sucedido que ao contrário do filho era um bom homem.

O ônibus para e antes que Luca falasse mais alguma de suas asneiras, corro até o ônibus. Subo e pago a passagem, mas antes olhando pela janela um Luca furioso.

Eu não o entendia.

Não posso negar que ele era um homem bonito e podia ter várias mulheres, mas insiste em me ter como mais uma das mulheres que ele leva para cama.

Na verdade, eu sabia bem o por quê de tudo isso. Orgulho ferido. O fato de eu ter o recusado feriu o seu ego inflado demais.

Respiro fundo.

Se ele ousar encostar mais um dedo em mim, eu não hesitarei em ir à delegacia novamente, mas desta vez, com as minhas próprias pernas.

Esse pensamento fez com que a imagem de uma delegada imponente vagasse por minha mente.

Reviro os olhos.

Era tão estranho pensar em uma mulher como ela.

Eu não tenho nenhum tipo de experiência sexual com qualquer pessoa que seja.

Estranho para uma garota de 22 anos? Em pleno século 21?

Acho que não!

Eu só quero ter minha experiência com alguém que me trate bem e que me faça sentir especial.

Sim, eu acredito no amor verdadeiro. Quero alguém ao meu lado um dia, que eu ame, e que me ame da mesma forma e na mesma intensidade.

O amor que meus pais sentiam um pelo outro me faz ainda acreditar que o amor existe e eu também posso tê-lo.

My dear delegateWhere stories live. Discover now