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— Eu vou castrar aquele filho da puta!– George diz irritado, depois de eu ter contado sobre o que acontecera na noite passada em que Luca me abordara.

— Deixa pra lá, George! Agora vamos trabalhar antes que Carmen apareça aqui!

Observo uma mesa cheia de universitários.

Meu sonho era fazer uma faculdade, mas depois que meu pai morreu, minha prioridade agora era trabalhar e sustentar minha casa.

Quem sabe num futuro próximo não consiga fazer minha tão sonhada faculdade de direito?

Sorrio com o pensamento.

Minha mãe insiste para que eu esqueça um pouco meu trabalho e comece a me preocupar com o eu futuro. Claro que me preocupo, só não estou em condições disso ainda.

(…)

Faltavam cerca de trinta minutos para acabar meu horário de trabalho, e eu já estava quase implorando para que o tempo corresse mais rápido.

Tiro o avental e limpo a bancada de mármore. A cafeteria já estava praticamente vazia, haviam apenas algumas pessoas que terminavam seus cafés.

— Quero fazer um pedido!– ouço a voz que eu conhecia pelo som imponente.

Levanto os olhos e o observo os olhos esverdeados e gélidos da delegada Montgomery.

Ela me olha com aparente tédio e eu suspiro.

— Sim, senhora! O que deseja?

— Um café expresso.– senta em uma das banquetas.

Preparo seu café rapidamente e logo o coloco na bancada, à sua frente.

Ela ao menos agradece.

— Meredith, pode ir pra casa. Eu acabo tudo aqui.– George diz, tocando meu ombro.

Assinto e pego minha coisas, me despedindo logo em seguida do meu amigo.

Dou uma rápida olhada para a delegada.

Sei que eu deveria poupar esses pensamentos, mas ela era realmente muito bonita

Seus olhos encontram os meus. Frios. Inexpressivo.

Desvio os olhos rapidamente e sinto minhas bochechas arderem.

Saio do estabelecimento e respiro fundo antes de começar a caminhar.

Vejo ao longe um homem encostado em uma parede, fumando um cigarro e meu corpo entra em alerta.

— Ei!– ele tenta me alcançar depois que passo à sua frente.— Sabe que ainda não acabamos a conversa de ontem!– puxa meu braço.

— Sim, acabamos!– tento me soltar.

— Não, não acabamos! Sabe que uma hora ou outra você vai estar implorando para estar em minha cama.– diz apertando meu braço com força, onde ficarão prováveis marcas.

— Me solta!

— Não! Se não quiser vir por bem, vai vir por mal!– me agarra pela cintura.

Junto todas as minhas forças e o empurro, dando passos para trás.

— Me deixa em paz!– tento correr.

— Você não vai a lugar nenhum!– puxa meus cabelos, logo depois desferindo um tapa em meu rosto.

— Filho da puta!– o xingo com a mão no rosto.

— Que boca suja!– sorri debochado e agarra meu braço, tentando me arrastar para algum lugar.

— Solta ela!– ouço aquela voz familiar.

— E quem é você para me dizer o que fazer?– Luca ri debochado.

A delegada, revira os olhos parecendo impaciente com o comportamento de Luca

Solta o copo de café que tinha nas mãos e anda confiante até o mesmo.

— Vou falar pela última vez...– suspira.— Solte-a!

— E eu repito: Não!

A delegada dá um golpe em Luca fazendo-o se afastar de mim. Gira seu braço, fazendo com que o mesmo ficasse em suas costas.

— Melhor me obedecer!– ela rosna.

— Desgraçada!– choraminga por conta da dor.— Me solta!

— Você vai ficar longe dela,  entendeu?– Luca assente e a delegada o solta.

Porém, a tal delegada não esperava que fosse empurrada com força, batendo as costas no muro

Quando a delegada se desencosta da parede, sem expressão alguma. Sorri de lado, olhando para baixo e só então o encara. É como se seus olhos estivessem repletos de ódio. Diferente dos de Luca, que estavam nitidamente cheios de arrependimento.

A delegada o derruba no chão e começa a socá-lo sem pudor. O rosto de Luca já estava cortado e seu nariz saía sangue. Ela tira seu distintivo do bolso e mostra à ele que arregala os olhos.

— Eu não vou te prender! Ainda não, seu filha da puta!– segura seus cabelos.— Pois eu quero ver, seu play boyzinho de merda, se tem coragem de chegar perto dela! Eu te procuro no inferno, seu desgraçado. Te coloco atrás das grades e acabo com você lá dentro.– rosna.— E não pense que não ficarei de olho em você. Eu vou saber de tudo que você estiver fazendo. Por isso, é melhor ter cuidado. Entendeu?

— Si-Sim, se-senhora!– gagueja.

— Ótimo! Agora suma daqui!– Luca não espera nem mais um segundo e sai correndo dali.

Fico ainda petrificada.

Eu não consegui dizer nada ou me mover.

Fiquei apenas vendo como aquela delegada socava Luca com força. Ela é mais forte que qualquer homem por ai, não é atoa que é conhecida como a melhor delegada de Vancouver.

— Devia escolher melhor seus namoradinhos.– diz guardando seu distintivo.

— Ele não é meu namorado!– reviro os olhos, saindo de meus devaneios.

— Bom, acho que ele não sabe disso.– vem em minha direção.

Bufo e dou-lhe as costas.

Como ela consegue ser tão... Desprezível!

— Não é muito educado virar as costas para uma pessoa!– diz irritada

— Me desculpe!– digo irônica.— Tenho que ir!– ela me encara por algum tempo, mas logo depois dá de ombros e sai do meu campo de visão, entrando em um carro que estava estacionado perto dali.

Reviro os olhos mais uma vez.

O agradecia imensamente por sua ajuda, obviamente, mas sinceramente, quem precisava de ajuda era a própria. Aquele mau humor e suas palavras frias e ácidas, com certeza davam a entender que ela não passava de uma mulher solitária.

Respiro fundo e saio dali, apertando meus braços contra meu corpo. Eu precisava urgentemente de um bom banho e um bom descanso.

Meus pensamentos estavam uma verdadeira bagunça.

My dear delegateDonde viven las historias. Descúbrelo ahora