Dante : A história de um assassino (CONCLUÍDO)

Olhares

6 de maio de 2017
23:54hrs
Daisy

Me remexo na cama. Respiro fundo e me levanto num salto.

__Odeio dormir de roupa...

Tiro tudo mas antes vou até a porta para conferir se o meu peculiar carcereiro já se foi mesmo. A porta não tem fechadura nem tranca, só maçaneta o que me deixa meio insegura.

__Já pensou alguém entra aqui e tenta me matar enquanto durmo?

Estremeço e fico completamente nua já que lavei minha calcinha e meu sutiã ainda a pouco quando fui tomar banho. Não tem jeito, não consigo dormir vestida. Volto a me deitar na macia cama branca e reflito um pouco mais sobre minha nova realidade.

1: Sou a testemunha de três assassinatos;

2: Vi o rosto, belo e marcante rosto, do assassino;

3: Fui raptada;

4: Estou na casa branca...do assassino;

5: O assassino é bipolar e perigoso;

6: Eu me irrito muito fácil com o assassino;

7: Ele se irrita muito comigo e me ameaça;

8: Ele diz saber tudo sobre mim
...o que não é grande coisa já que não há muito o que saber sobre mim;

9: Vou conviver com o assassino por "algum tempo";

10: Ainda não caiu a ficha...

__Deus, como será minha vida agora? Tanto tenho me esforçado para evitar essas coisaa e agora me vejo em uma situação estranha dessas...o que vai ser de mim agora?

Pergunto em meu monólogo e suspiro. Ainda sinto fome e fico mal por ter discutido com o Sr.Eu Sei De Tudo. Ele tem um cachorro...um cachorro muito mansinho para ser dele. Me ajeito na cama mais que confortável e penso nos meus empregos, em minha amiga Corini, na Medeleny e na meu bloquinho...Ele disse que foi até minha casa e mexeu em minhas coisas.

__Além de assassino e sequestrador ainda é bisbilhoteiro...

Mas não me sinto realmente irritada, não sei ao certo como me sinto. Sei que ele me odeia e que quer se livrar de mim de uma forma não convencional.

Mas algo nele me intriga. Talvez seja o fato de ele saber cozinhar...ou a forma como fala, sempre frio e distante como se não falasse comigo realmente.

__Ele é mais um perdido por aí...tenho certeza.

Desligo a luz do abajurzinho (Branco) e fecho os olhos me sentindo tão velha e louca quanto o mundo...

*  *  *

Me sinto estranha e remexo-me na cama. Apaguei mesmo...Abraço os lençóis e cheiro sem pensar. Não tem o cheiro de pano puído que os meus tem. Me encolho e abro os olhos devagar.

__Bom dia.

Arregalo os olhos ao ouvir a voz tranquila do homem sentado na cadeira branca junto a porta do quarto. Seu olhar castanho esverdeado se fixa no meu e eu congelo.

Se cobre! Se cobre!

Minha consciência berra então puxo os lençóis brancos até o queixo. O constrangimento me sufocando.

__O-o que...mas...Você viu...

Eu tento me expressar mas não consigo. Seu olhar se torna mais calmo e plácido contrastando com meu colapso de constrangimento.

__Calma, não fiz nada só fiquei aqui parado te olhando. Então, dormiu bem?--Pisco com sua frieza diante da situação. Como pode? Ele me viu nua! Ninguém me viu nua desde os meus sete anos!--Não? Sou um homem de sorte então?