Estraguei tudo?

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4 de julho de 2017--- 9:34hrs

Daisy


Olho ao redor quando ele diz que estamos em seu quarto. A curiosidade fala mais alto que a vergonha por estar nua. Eu não acredito! Esse...esse...esse louco. O quarto é todo lindo e decorado. As paredes são em tons neutros, entre o bege e o cinza. As cortinas são de um tecido diafano azul, a parede em frente a cama é de vidro com portas duplas enormes, também de vidro.

Tento me sentar mas os braços de Bryan não deixam, continuo olhando muito revoltada. A cama é enorme e com lençóis negros e macios, há criados-mudos suportando abajours muito lindos e alguns livros milimetricamente arrumados, uma televisão média acoplada na parade ao lado de frente para um sofá chesterfield preto. É tudo tão personalizado aqui que fico até revoltada. Olho pra ele.

_Por que a casa é toda branca e só o seu quarto tem cor? E você ainda vez um drama pra pintar o meu? E...vo-você está se-sem....nu-u?

Pergunto olhando para seu peito forte e torneado. Ele me solta e se senta na cama. O lençol de seda desce indecente pelo seu tórax definido e se amontoa nos quadris onde...help God. Bryan coça os olhos e depois passa as mãos pelos cabelos eriçados. E não é só o cabelo...

_Bom dia, baby. É, eu dormir muito bem, obrigado.--Ele debocha sorrindo. Me sento também mas levo os lençóis comigo.--Uau...Você está linda.--Meu rosto esquenta pelo elogio. Ponho os cabelos pra trás. Sinto sua mão na minha e a outra no meu queixo o erguendo.--Vou responder as perguntas mas antes.--ele me puxa até meu corpo pesado estar em cima do dele. Minha nossa, quê que isso?--Não se assuste, você vai se acostumar.--Ele se refere a esse negocio roliço e rijo que está me cutucando? Help God! Não tenho tempo pra pensar pois ele se apossa da minha boca. Hum...suas mãos passeiam em meu corpo. Poxa, vou alcançar super nova outra vez! Sensacional. E o ar falta novamente nos forçando a parar. É, tenho que ser mergulhadora logo. --Vamos fazer o café da manhã primeiro, baby. E sim, eu estou nu, mas vou me comportar, vou pôr isso.

Ele levanta da cama erguendo o roupão que eu estava ontem. Uau...

_Assim é melhor?-- mal consigo raciocinar com ele assim, e me olhando desse jeito então. Apenas assinto muito hipnotizada com sua imagem.--Vem.--estende a mão. Eu pego e já ai me erguer até lembrar que estou nua. Recolho a mão.

_Não dá, estou sem roupa.--digo sibilando. Bryan revira os olhos e vai até uma das três portas do quarto. Acho que é o closet já que ele volta de lá com uma camiseta cinza. Joga pra mim e cruza os braços.

_Agora vamos.

Visto e me levanto. Amarro o cabelo no alto da cabeça. Sou puxada até a cozinha. O dia está incrivelmente ensolarado hoje. Até passarinhos cantam lá fora.

_Me ajuda a fazer o café da manhã. Nada de frituras, Daisy.--ele reclama quando abro a geladeira e pego o bacon. Bufo revirando os olhos e devolvo o bacon para a gaveta da geladeira. -- Não sei nem quem comprou isso se eu não como.--opa, tenho que defender a senhora Joyce, ademais foi eu quem pediu pra ela contrabandear esse bacon pra mim.

_Também não sei quem foi...--falo com descaso enquanto vou pondo os ingredientes da panqueca na ilha. Bryan se vira e me olha com a sobrancelha erguida.

_Não sabe, não é?--evito o olhar e nego.

_ Você não vai trabalhar hoje?--desconverso e olho para o relógio da cozinha. 9:46hrs...está tarde.

_Não, vou ficar aqui com você.--me pego sorrindo ao ouvi-lo dizer isso de uma forma tão natural que me comove. Mordo uma maçã, ainda estou virada de costa para ele que prepara agilmente nosso café.--Faça o café, baby. Você sabe onde ficam as cápsulas.--Assinto e vou até o armário. Me estico pra pegar mas não chego. Argh! Porque tenho que ser desse tamanho? Pulo para alcançar a lata, ouço a risada dele e sua pergunta de "quer ajuda". Nego e se não estivesse tão irritada talvez tivesse rindo junto. Largo a maçã e puxo um dos bancos giratórios altos da bancada e posiciono. Subo devagar e quando estou de pé tento me equilibrar.--Desce daí. Daisy! Droga, por que não pode me pedir ajuda?

Ignoro ele e alcanço a lata. Me sinto tão vitoriosa que solto as mãos do armário. Já ia descer quando escuto o latido de Febi, me assusto e o banco gira comigo em cima dele. Solto um grito e fecho os olhos. Ouço o grito de pavor de Bryan quando caio no chão. Grito de dor. Meu pé.

_Daisy! Inferno.

Tento segurar o choro. Estou agarrada a lata e sentada por cima do pé esquerdo o qual está doendo excruciante e lancinantemente.

_Ai...Quase eu caio...Será que bati meu pé?--tento ver meu pé mas não consigo me mexer que dói.

_Quase? Você disse quase? É claro que caiu! Maldição! Eu avisei mas você não me escuta, não é Daisy?--ele grita agachado do meu lado, está tão irritado que puxa a lata da minha mão. Eu não quero que ele fique zangado comigo...Não agora que estávamos nos dando tão bem...estraguei tudo. Tenho vontade de chorar.--Não! Não chora, eu não quis gritar...eu vou chamar um médico. Não se mexa e não chore.--ele pede parecendo um pouco torturado e muito preocupado, me beija rapidamente e corre não sei pra onde.

_Ai...sua idiota!--dou um soco no chão mas me arrependo porque quando me mexo meu pé dói. Dói muito mesmo. Meus olhos se enchem d'água.

_Não, não, não. Não chora, por favor.--Bryan já está do meu lado passando as mãos no meu cabelo. Engulo o choro que estava ameaçando sair.

_ Ai...tá doendo, Bryan. Me desculpa, eu estraguei tudo não foi? --peço me sintindo muito culpada. E a culpa é realmente minha. Sinto uma lambida da orelha. Olho pro lado e vejo Febi me olhar.--Oi.--Bryan o manda se afastar.

_Pode se mexer? Consegue?--Não.

_Sim. Só me...--Ele já está me carregando. Meu pé balança e dói. Gemo me agarrando a ele.

_Desculpa.--olho pra ele e vejo culpa em seu olhar. Toco seu rosto.

_A culpa foi minha. Toda minha, sou muito orgulhosa mesmo.--confesso que quero fazer as coisas sozinha e sem ajuda. Bryan me põe no sofá onde ficamos até tarde ontem e eu já me sinto melhor só de lembrar.

_Só não faz mais isso.--Faço que sim e me ajeito no sofá. Minha bunda também está doendo um pouquinho. Será que eu bati?--Foi só o pé que bateu?--Não.

_Sim. Só sinto dor no pé e olha--aponto pro meu pé que está inchando e ficando meio verde. Rio.--Acho que eu estou virando o incrível Hulk...--Solto uma risada e ele tenta não rir mas acaba me acompanhando.--Cuidado comigo agora, você sabe, o Hulk esmaga.--Gargalho da minha bobeira mas paro quando sinto meu pé latejar. Ai.

_Fica quieta, por favor?--Ele pede e parece estar sentindo a mesma dor que eu...a porta se abre num rompante e um senhor baixinho de olhos puxados e cabelos pretos e acinzentados entra rápido. Atrás dele está Shem, um homem que não me suporta. Ele me vê e trinca o maxilar. Acho que ele me odeia.

_Onde está o ferido?--o médico, deduzo por estar de jaleco, pergunta. Shem fecha a porta e fica olhando pra mim muito irado.

_Ela está aqui. Não é ferimento. Ela caiu de uma altura considerável.--Bryan explica e segura minha mão.

_O que temos aqui, minha jovem.

Ele me examina, dá o diagnóstico e por sorte foi só uma torção. Bryan não soltou minha mão e ouvia tudo atentamente, eu não ouvi muita coisa já que me concentrei na mão quente do Bryan na minha e quando o médico começou a pôr o meu pé no lugar e eu soltei uns gritinhos contidos ele só faltava matar o médico com o olhar mas se controlava.

Vou ter que usar uma meia ou uma bota ortopédica até melhorar. Ele foi embora mas disse que voltaria para acompanhar meu tratamento. Gostei bastante do doutor Amadeu. E lá se foi uma manhã que tinha tudo pra ser romântica se tornar uma droga. Bryan não saiu do meu lado e está me tratando como um bebê.

Até que eu gosto de ter sua atenção total. Na verdade gosto tanto que acho que quando esse pé sarar eu vou chutar uma pedra com o outro só pro Bryan ficar bem coladinho em mim...

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Dante : A história de um assassino (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now