A última cartada

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18 de outubro de 2017
1:34hrs

Dante

A observo dormir agarrada em mim, isso é o paraíso...
Penso no que conversamos ainda pouco. Sobre o bebê.
A convenci a fazer o acompanhamento da gestação com os médicos do nosso plano de saúde. Preciso saber que a vida dos dois está em mãos competentes. Falamos sobre nomes também...ela me pediu para escolher um de menino. Sugeri que se chamasse Drew, Daisy gostou muito.

Confesso que estou bem excitado com a existência do meu filho, minha cabeça já fez e refez milhares de planos e programas para nós. Fico com medo de não ser um bom pai, cheguei a dizer isso a Daisy mas ela me garantiu que estamos apenas assustados por sermos pais de primeira viagem, que logo nos adaptariámos a situação e então cuidaremos com amor e carinho do nosso pequeno bebê. Acredito nela.

Ainda não lhe contei sobre nossa nova casa. Embora seja recém reformada eu quero mudar algumas coisas nela e também quero que minha esposa a decore como bem entender.

Cheiro sua cabelos, nunca me canso de sentir o aroma gostoso que eles exalam. Estão muito longos, quando soltos batem em sua bela bunda redonda e grande...uau. Isso é uma senhora bunda...salivo só de pensar na comissão traseira da minha baby.

_Só daqui a duas semanas...Que Deus me dê forças para resistir a tentação que é dormir do lado dessa mulher linda completamente nua e toda enrolada em mim...É tortura desahumana.

Realmente é. Mas me sinto muito feliz em poder estar junto dela, agora somos três. É estranho pensar que daqui a cinco meses eu vou ver meu filho nascer...
Esse tipo de emoção eu só senti quando escalei o everest pela primeira vez, foram mais de oito mil metros de altura, quando ainda era um alpinista meio louco pendurado em cabos de crampons e subindo montanhas sem me importa com que aconteceria depois de alcançar o topo. Eu só queria chegar lá.

É igual ao que eu sinto agora, não sei como será depois do bebê nascer mas por hora quero apenas pensar no caminho até o nascimento. Ansiedade, curiosidade, medo, excitação, alegria, esperança e mais um bocado de outros sentimentos me motivam.

Pela manhã vou precisar ir até minha antiga casa, fazer o reconhecimento do corpo, assinar papéis, fazer um velório talvez e enterrar meu primo. Vai ser estranho ver tantas pessoas pensando que eu morri...mas será inédito. Já me ligaram informando do acidente, disse que estava viajando a negócios mas que pela manhã estaria lá.

No entanto, reluto em deixar minha baby sozinha aqui com essa Cassandra Hil. Não gosto dessa garota, mas confesso que ela tenta cuidar e proteger Daisy. Não importa, eu estou aqui pra isso, não preciso que uma qualquer venha roubar a atenção da minha esposa de mim. Não abro mão disso.

A aperto mais contra meu corpo. Ela é minha. Suspiro pensando no dia cheio que terei pela frente. Fecho os olhos tentando descansar.

* * *

_Meus pêsames, senhor.

_Obrigado.

Respondo ao investigador da polícia, acabamos de ter um conversa intensa sobre os fatos ocorridos na tarde de ontem. Fiz questão de falar com ele pessoalmente, fiz perguntas características de uma pessoa que acabou de perder um ente querido e desconfia das causas da morte. Fui um perfeito ator, ninguém será capaz de dizer que eu não sou o próprio Dylan Fer Farx...

É impressionante o número de pessoas que estão tristes pela minha morte, meus supervisores, contadores, administradores, colaboradores de projetos sociais, diretores das ONGs, e mais uma massa de pessoas que me admiravam. Estão todas no cemitério para o enterro, sem velório pois o corpo está completamente carbonizado, as pessoas entenderam minha decisão e apoiaram achando que era tudo muito doloroso pra mim.

E eu nem tinha o mínimo afeto pelo cara...mas tenho que prestar as homenagens. Chego no cemitério com o traje típico de uma cerimônia fúnebre mas acrescentei os óculos escuros. Tenho que fazê-los acreditar que chorei pelo morto. Afinal só existe uma pessoa no mundo que me fez chorar e essa é minha esposa que na ocasião fugiu de mim me deixando apenas uma maldita carta de despedidas. Só de lembrar ainda sinto a dor do sofrimento que passei por isso. Foi doloroso.

_Minhas condolências, filho.

O reverendo me deseja antes de dar início a uma longa cerimônia. Finjo estar prestando atenção nas palavras consoladoras do homem mas meu instinto me faz encarar disfarçadamente um cara baixo e de olhos puxados que está de pé em meio ao aglomerado de pessoas chorosas. Ah, merda.
Porra.

Ele me encara fixamente, mas sem deixar que o percebam. Está me espionando. Bernard filho de uma...cachorra! Não acredito que meu padrinho tinha uma última carta contra mim na manga. Velhote ardiloso e esperto, foda-se! Minha mente trabalha rápido elaborando planos e estratégias de defesa.

Bem, se eu estiver certo (coisa que sei que estou) ele já sabe que não sou eu naquele caixão e com certeza estava me seguindo como o rastreado desgraçado que é. Ele deve saber da Daisy.

Porra, isso é ruim...muito ruim.

Penso em uma forma eficiente de eliminá-lo. Por sorte eu o conheço bem e como sempre estudei todos as fraquezas e habilidades dos que me rodeavam afim de me manter sempre um passo à frente de todos, sei que Bernard trabalha sozinho. Esse cretino é um ninja muito bom mas eu sei sua fraqueza, vou usá-la como arma em minha defesa, da minha mulher e filho.

Traço um plano em segundos, faço cálculos e balanços precisos até chegar a um resultado final favorável. Mantenho meu teatro quando a cerimônia acaba, recebo os pêsames de um bocado de gente e digo que preciso ficar sozinho.

Como sei que ele é esperto demais para tentar me atacar agora eu ponho meu plano em prática. Ligo para Shem.

_Senhor?

_Daisy está bem? Está segura?

_Sim senhor...Não estou entendendo.

_Escuta. Bernard está aqui, sabe quem o mandou. Aquele velho era um cão do inferno. Tinha em mente que eu poderia me livrar dos três primeiros e manteve um plano B.

_Desgraçado! E agora, chefe? O senhor sabe que se ele está ai é porque está o seguindo desde que matou os mercenários. Provavelmente sabe sobre a menina.

_Eu sei. Preste atenção. Informe aos seguranças mas mantenha-os de bico fechado. Eu tenho um plano.--Digo enquanto afroxo o nó da gravata. Passo meus olhos pelo escritório do pastor.

_O senhor pensa muito rápido, chefe.

_Não baba meu ovo. Vou levar Daisy pra morar comigo na nova casa assim que eu chegar. Lá posso criar um sistema de segurança eficiente. Converso com você depois. Até lá, não deixe ninguém chegar perto da minha mulher, fui claro?

_Como água, senhor.

_Ótimo.

Desligo e respiro fundo tentando me recompor. Ainda tenho que ficar aqui por algumas horas, até os trâmites legais serem entregues. Bufo de ódio daquele velho que mesmo morto adora complicar minha vida.

_Ok. Vou te mandar um presentinho, padrinho. Um frio e sangrento presentinho. Espero que goste.

Sorrio já sentindo o gosto do ódio que estou sentindo agora. Ninguém vai destruir minha felicidade recém reconquistada. É burrice tentar fazer isso...posso ser muito cruel e perigoso quando ameaçado. Muito mesmo...e implacável.
O ódio e a raiva me instigam a ser muito mau.

_Você está tão ferrado, Bernard.

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Oi queridas

Gostando?

VOTEM LINDAS e comentem...

Reta final...

Bjjsss e continua...

Dante : A história de um assassino (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now