Capítulo 9

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Ela me encarava em pânico.

Eu não poderia julgá-la. Não quando minhas mãos suavam mais do que na primeira vez que eu subira em um palco.

Eu não poderia dizer por quanto tempo eu segurara minha respiração. Talvez tempo o suficiente para matar um ser humano normal.

Eva abre a boca e fecha tão rápido que eu mal posso acompanhar seus movimentos. Minha ex balança a cabeça como se saísse de algum tipo de transe e eu sinto minha boca seca.

Eu imaginara esse momento durante anos. Como um tipo de fantasia masoquista que parte de mim almejava que acontecesse, enquanto a outra tentava correr para o mais longe o possível de Eva Mohn.

- Oi. - murmuro sentindo minha voz falhar.

Ela franze o senho e eu engulo seco esperando qualquer reação da sua parte.

Talvez Eva chutasse meu saco ou quebrasse o pouco de bom que ainda restara em mim.

Ambos doeriam o mesmo.

Contudo, contrariando todas as leis básicas do universo, Eva apenas pegara a bandeja ao seu lado e andara para uma mesa aleatória, ignorando totalmente minha existência.

- Constrangedor. – William assobia e eu serro meus olhos em sua direção – O que?

A mulher, que antes estava ao lado da minha ex namorada, fecha os olhos e nega pondo uma de suas mãos na testa.

- Não é um assunto meu. – ela diz dando de ombros e eu assinto vendo a mulher a minha frente desaparecer por uma das portas que ficavam atrás do balcão.

Eu não tomava boas decisões.

Eu estava ciente que todas as coisas ruins e erradas que aconteceram na minha vida ocorreram por minha única e exclusiva culpa.

Fecho os olhos sabendo que depois de hoje a única decisão sensata a se tomar seria me jogar de um penhasco ou me jogar na frente de um carro em movimento.

O que doesse mais e fosse rápido.

Sinto o olhar de William em mim e grunho sabendo que ele não me deixaria sair daqui sem ter uma conversa de mais de uma palavra onde os dois falam.

Prendo minha reputação me virando em direção a minha ex. Eva sempre fora um fenômeno da natureza. Eu sempre desconfiara que ela fosse apenas fruto da minha imaginação.

Nada real poderia ser tão bonito.

Eu acho que parte de mim poderia ouvir minha respiração se misturar com o som dos meus batimentos cardíacos enquanto eu dava passos, quase que em câmera lenta, em direção a ela.

- Me desculpa. – murmuro e minha mente berra "idiota".

Depois de anos, isso é tudo que eu conseguira dizer?

"Eu sinto muito, Eva"
"Me desculpa, Eva"
"Eu sou um merda, Eva"

Eu deveria ter dito algo melhor que isso. Qualquer coisa. Alguma coisa que ninguém na história do mundo tenha dito, e que mudasse tudo. Algo que a fizesse parar e olhar pra mim da mesma forma que ela olhara no dia do nosso primeiro beijo.

E pra ser honesto, em todos os dias que passamos juntos.

Para um cara que escreve músicas, eu deveria ter me saído melhor que isso. Contudo, todos os diálogos criados durante noites de insônia, transformaram-se em duas palavras ditas quando você pisa no pé de alguém.

Colisão(ChrisxEva)Where stories live. Discover now