OITO

1.3K 320 104
                                    




Apenas uma leitora acertou o resultado do jogo de hoje, foi por pouco hein? Parabéns a Thais Frizero que garantiu o capítulo do dia. Para as meninas do Wattpad: entrem no grupo, porque se houver bolão na sexta, vai ser lá novamente 😉



Boa leitura!

__________________________

Dentro do carro que me tira do inferno, dito o endereço, em modo automático, e fecho os olhos, lutando para não chorar mais uma vez diante dele. Ricardo dirige em silêncio e eu agradeço aos céus por ele não querer puxar assunto. Quando ele estaciona o carro em frente ao apartamento, quase não tenho forças para encarar o homem que me ajuda.

          — Você vai ficar bem, Eva? — Ricardo me encara preocupado.

          — Não, mas obrigada pela carona... 

          — Me empresta o seu celular?

          — Deve estar descarregando — digo ao entregar, sem entender para quem ele ligaria naquele contexto.

          — Pronto, aqui está — devolve o aparelho — salvei o meu número, pode me ligar quando precisar. 

          Não respondo. Abro a porta e desço do carro rapidamente, imaginando que posso desabar a qualquer instante. Não noto os andares passando até que as portas do elevador se abrem eu entro no maldito apartamento. Como um zumbi, continuo me movendo em linha reta e, sem que me desse conta, minutos acabo sentada no chão do banheiro chorando de raiva e dor. Olho-me no imenso espelho e o reflexo me dá ódio, a mulher que me olha dá pena. Eu não devia ter ido ali, aquele é um lar de mentira em que um casal de mentira fingia brincar de amor.

            Idiota!

            Levanto-me com fúria e arremesso o secador de cabelo contra o espelho que se espatifa em infinitos pedaços, um grito feio escapa da minha garganta e atiro todos os objetos da minha bancada no chão.

***

            Apago. Não faço ideia de como me arrastei até a cama, nem de quanto tempo faz que estou ali. As horas correram sem que eu percebesse ou nem um maldito segundo se passou? As cortinas pesadas do quarto não permitem que a luz do sol penetre e eu não faço ideia de quanto tempo passei dormindo. Tateio em busca do telefone sem fio, no criado mudo. Disco os números do restaurante e no terceiro toque a ligação é atendida.

            —  Diego, boa tarde.

            — Diego, preciso falar com o Sr. Luiz.

            — Eva? Por que você não deu retorno ontem à noite.

            — Diego, por favor passe a ligação.

            — Mas...

            — Agora! — grito alto.

            Ouço seu suspiro antes de a ligação ser transferida.

            — Pois não.

            — Boa tarde, Sr. Luiz é a Eva, não estou me sentindo bem...

            — Aconteceu alguma coisa?

            — Algumas, mas vou resolver... Estou ligando para informar que não terei como ir trabalhar hoje.

            — O expediente já começou... Aconteceu algo grave? Você nunca faltou ao trabalho.

            — Estou com uns problemas pessoais.

Belo Mentiroso - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora