Estamos bem, será?

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_ Quer entrar? _ falei depois de um silêncio.

_ Te espero aqui fora _ respondeu sem pretensões, mas ele estava meio distante.

Tomei banho e troquei a roupa. Desci apressada, meus cabelos ainda estavam um pouco molhados.

_ Desculpa por não ter voltado para casa a noite _ falei prendendo-o dentro do meu abraço, quando o encontrei em pé, encostado ao seu carro.

Correspondeu ao meu abraço e expirou alto, como se estivesse prendendo a respiração até agora.

Abriu a porta do carro para mim e entrou. Levou um tempo de hesitação, antes de girar a chave do carro e sair.

O dia prometia um calor insuportável, por isso fomos para a piscina da casa do Chris.

Como eu não levei biquíni, fiquei de calcinha e sutiã. Não conversamos, apenas nos beijamos e ficamos juntos e agarrados o dia todo.

O Chris beijava as minhas pernas, enquanto a tentava me secar deitada ao sol. Abraços dentro da piscina e beijos carinhosos em meus lábios e corpo. O Chris parecia tão carente.

Saímos da piscina para almoçar, os seus pais e a sua irmã não estavam em casa. Ajudei ele a fazer uma salada crua e um suco. De repente, os seus braços me envolveram por trás e ouvi a sua respiração estranha. O Chris estava chorando!

Tentei soltar o seu abraço e me voltar para ele, mas ele não deixou. Apertou mais o seu abraço enquanto desabafou.

_ Estou te perdendo, Yasmin _ falou quase na minha nuca, e tinha um tom impotente quase infantil na voz.

Tentei virar de frente para ele e consegui. Segurei o seu rosto _ Não fala assim, nós podemos superar nossos problemas. Estamos bem _ beijei-o sendo retribuída com gosto de lágrimas.

Natan

Cheguei em casa a tempo de resgatar a camisa que a Yasmin usou durante a noite, do cesto de roupas sujas, antes que fosse lavada. O perfume dela e o cheiro do seu corpo ficou na camisa, como uma lembrança de que ela esteve aqui e dormiu no mesmo quarto que eu. Deitei no mesmo lugar da minha cama, em que ela dormiu.

Lembrar do seu rosto adormecido me faz sentir bem. Como se ela estivesse aqui neste momento. Como se eu pudesse protege-la de toda a dor, e fazer um sorriso surgir no seu rosto triste. Este pensamento me faz sorrir.

A primeira vez que vi a Yasmin, ela tinha um rosto sério e seus olhos estavam tristes. Parecia desesperada para se livrar de tudo o que sentia. Estava tão machucada, que eu lembro da primeira frase que me veio a mente "porque ela não está chorando?".

Mas ela preferia sorrir e fingir que estava tudo bem. Certo, pensei. Comecei a ensina-la sobre o orfanato e o seu funcionamento e do trabalho que ela desempenharia como voluntaria. Fiz piadas. Falei de mim, tentando quebrar a barreira que ela ergueu ao seu redor.

Ela se mostrou doce e frágil, como eu imaginei. Depois de uns dias, me contou um pouco sobre si mesma e dos seus motivos para estar fazendo trabalho voluntário.

Não sei ao certo quando comecei a amá-la, ou como isso aconteceu. Mas tive que disfarçar. Tenho que disfarçar. Não quero ser odiado por ela. Não quero que ela pense nada de errado sobre o que sinto por ela. Posso amar sozinho. Foi o que pensei à princípio, mas é uma grande mentira.

Amar sozinho dói. Dói muito. Lembro do momento, quando estávamos na piscina e o olhar da Yasmin caiu sobre os meus lábios como um pedido. Queria beijá-la. Como eu queria!

A noite de ontem me trouxe de presente a esperança. Pode ser tolice minha, mas por algum motivo, senti que a Yasmin gosta um pouco de mim. Se for assim, tenho sorte, afinal.

Mas não vou fazer nada até ter certeza. Nem tendo certeza. Por mais que o Christopher mereça, eu não quero ficar entre eles e ser o motivo da sua separação. Prefiro um relacionamento limpo e livre de karmas. Se tiver de ser, será.

Na verdade, tudo o que quero é que a Yasmin seja feliz, independente de tudo.
Dentro daquele beijo, salgado de lágrimas, senti o calor do desejo do Chris me envolver. O beijo de consolo ficou mais quente e virou luxúria. O Chris me levantou sentando o meu corpo sobre a mesa, durante o beijo e retirou a minha calcinha, como havia feito naquela festa.

Imaginei toda aquela frieza mecânica se repetindo e me anulei para não rejeita-lo. Mas o Christopher foi carinhoso, embora me pegasse com força e desejo em suas investidas, distribuía beijos e carícias pelo meu corpo. Foi diferente.

Gemi o seu nome durante o orgasmo e ele retribuiu em carinho _ Eu te amo _ me disse quando nossos corpos se acalmaram.

_ Eu quero um tempo _ falei ainda ofegante.

O olhar do Chris pousou incrédulo sobre mim. Depois de ter dito que estávamos bem, eu peço um tempo. Era esperado que ele não entendesse. Eu mesma não me entendia.

Ele se afastou se recompondo, e virou de costas para mim, olhando o nada como se sê situasse no mundo. Coçou a nuca nervoso e virou para mim _ Como? _ disse pedindo para eu repetir.

Vesti a minha calcinha _ É só um tempo, Chris. Uns dias _ olhei em seus olhos pedindo compreensão.

Ele fez que não _ Chega de me torturar. Se você tem dúvidas, acabamos aqui _ sua voz falhou, mesmo que o seu rosto estivesse decidido.

_ Não quero terminar. Eu te amo.

_ Você me amou _ retrucou _ Vai embora, Yasmin.

Diante das suas palavras, eu me vi obedecendo. Vesti a minha roupa, e saí da sua casa chorando.



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