CAPÍTULO ONZE

62.2K 5.1K 2K
                                    

Senti um frio na barriga e depois todo o meu corpo. Não havia explicação para aquela sensação. Eu não ia. 

Busquei seu olhar, podia vê o desafio eu seus olhos. Se eu me recusasse a ir, daria a entender alguma coisa. Principalmente que sou fraca perto dele. 

- Tirem qualquer coisa que possa se tornar arma de assassinato daí - diz Rachel em meio as risadas. 

Me levanto e caminho até o armário e ele faz o mesmo. 

- Aproveitem - grita Bucky. 

Trancados no armário escuro, ouvindo apenas nossas respirações. Estou de braços cruzados, um óbvio sinal de bloqueio. Físico e emocional. 

- Por que você veio pra essa festa ? - ele quebra o silêncio. 

- Porque eu quis, o que é que tem ? 

- Nunca vi você em outras festas - fala - achei que você não tivesse vida social. 

- É uma opção ficar em casa, sabia ? Sei que é difícil para você  - digo. 

- Você é uma chata, Vi. 

Reviro os olhos. 

- Não me chama assim. 

- Odeio essa sua marra - diz ele. 

- Odeio você por completo, Matteo. 

- Tem certeza? 

Sinto ele se aproximar mais de mim. 

- O que você tá fazendo? 

O empurro levemente com a mão direita e ela a segura. 

- Está com medo? 

- De que? De você? Nos poupe, Matteo. 

- Do que você sente por mim, quatro letras. 

- Ódio? Não ficou claro nas mais mil vezes em que disse isso?  

Ele se aproxima mais de mim, me fazendo recuar. 

- Não, queridinha....  amor. 

Começo a rir. 

- Acho que você bebeu demais, queridinho - debocho. 

Posso vê-lo me encarando apesar da pouca luz no ambiente. O silêncio toma conta, ele está com seu olhar fixo em mim e meus olhos não deixam os dele. 

Nunca trocamos olhares assim, nem saberia descrever a sensação que estou sentindo. 

Desvio o olhar e ele segura meu rosto, e nossos olhos voltam a se encontrar. Ele abaixa meu braço que nos separava e nossos corpos estão próximos demais. 

- Matteo - sussurro. 

Posso sentir sua respiração. Nossos corpos estão quase colados. 

Ele aproxima sua boca da minha. Parece recuar, mas me dá um selinho. Sinto meu corpo arrepiar, não quero sair dali. 

Quando acho que ele vai recuar de vez, ele me beija, une nossas bocas, eu cedo rapidamente a sua investida e a respondo. 

Uma de suas mãos seguram meu cabelo enquanto a outra está na minha cintura. Estou totalmente vulnerável nos braços dele. 

Meu corpo não quer recuar, um misto de sensações me percorre, mas logo a sanidade aparece e eu o empurro. 

Estou ofegante, não consigo olhar para ele. Eu preciso sair dali. 

Saio do armário e vou imediatamente em direção a saída, ouço alguém me chamar, mas ignoro. Me afasto da casa e chamo um uber. 

No caminho para casa não paro de pensar no que aconteceu. 

Porque ele fez isso? Porque eu não recuei? Porque eu gostei? 

Ele estava bêbado, frágil pela briga ou foi tudo parte do jogo dele. Eu tinha que esquecer aquilo e deixar isso de lado. 

Não entendi porque parecia tão difícil. 

INIMIGOS DECLARADOS (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora