Capítulo 27

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Mais uma vez eu estava atrasada, e por mais que eu ligasse para minha mãe, o celular só dava fora de área. De repente meu telefone toca e pelo visor vejo ser Nicholas. Sorrio feliz e atendo.

– Oi amor!

– Não vá para a casa. – a voz esforçada e sussurrada me arrepia. Luna diminuiu os galopes ao me perceber desatenta, mas seguiu firme.

– Está tudo bem, Nicholas? – pergunto outra vez.

– Foge! – grita agudo e me assusto. Luna freia de uma vez me derrubando no chão, passando por mim quando volta a correr. Arfo pela dor do impacto, mas quando olho para frente, para ver Luna, percebo que já estou em casa.

Tudo está silencioso e escuro, mas uma luz me chama atenção na sala de jantar. Como se alguém tivesse tirado o som do mudo, ouço risadas virem de lá. Franzo o cenho e chamo pelo meu pai. Não tenho resposta. Sigo em frente e abro a porta de uma vez. De repente as risadas se calam. A cena é assustadora. Na mesa, sentados em cada cadeira, toda minha família morta com um tiro na cabeça.

Abro os olhos sentindo meu corpo pesado e minha respiração ofegante. Olho para Nicholas ao meu lado que me observa preocupado. Foi só um pesadelo, está tudo bem. Sorrio quando ele acaricia meu rosto, fazendo meu pensamento voltar ao que tivemos horas atrás. Se for essa intensidade sempre que estiver com ele, estarei mais que satisfeita para o resto da vida.

– Estava tendo um pesadelo? – ele pergunta com a voz parcialmente acordada.

– Não estava dormindo?

– Estava até o momento em que notei seu corpo se mexer de forma rápida. Sua expressão não era de tranquilidade. – explica e balanço a cabeça.

– Ah, foi só um sonho bobo.

– Não sabe mentir, petit. – diz e baixo meus olhos fitando seu peito.

– Você bem que poderia fingir ás vezes. – retruco tentando graça, mas não consigo. O pesadelo repassa em minha cabeça.

– Quer falar sobre o sonho? – pergunta carinhoso mais nego.

– Melhor não. – olho pelo quarto achando-o mais escuro. Já deve ter anoitecido.

– Preocupada com Verônica?

– Está nítido assim? – indago crescendo os olhos.

– Eu vou consertar tudo, não se preocupe. – diz confiante, porém a voz dizendo que algo pior estar por vir me amedronta.

– Podemos voltar para casa? Estou morrendo de fome. – alivio a conversa ignorando meu pressentimento.

Nicholas pode até aparentar estar calmo e seguro, mas eu o conheço e sei que por dentro, está inquieto sobre o que fazer com toda essa situação.

Caminhamos de mãos dadas para a casa. Estava ansiosa para ver meus pais. O pesadelo tinha realmente tirado meu sossego. Entramos na casa e percebo o silêncio. Nicholas dá um pequeno aperto em minha mão por eu ter estancado na porta de entrada. Olho para a escada não tendo nenhum movimento ou barulho de lá de cima.

Onde está Edgar?

– Acho que todos devem estar na cozinha. – diz Nicholas como se escutasse meu pensamento e aceno sendo puxada.

A luz estava acesa mais não havia ninguém. Podia sentir o cheiro de comida, mas não tinha nenhum prato sujo na pia. Dei meia volta com Nicholas me pedindo para ficar calma. Saio da cozinha com pressa e mal consigo escutá-lo quando paro em frente à sala de jantar. A porta estava fechada, a luz saindo pelas frestas.

Seduções & Segredos - A Chama Where stories live. Discover now