Mata-me lentamente

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Não se trata de gostar de estar triste, não é que eu faça questão de estar deprimida. Não, não se trata disso. Mesmo sem saída, a tristeza tornou-se um caminho cómodo, assim como a depressão se tornou igualmente confortável para mim. São estados que por muito sombrios que possam ser trazem-me a escuridão de um fim que por vezes desejo. Talvez não faça muito sentido mas neste momento não tenho escolha. Estou presa nesta situação sem forças, a esperança desapareceu e o que me resta é apenas isto. Gostava de dizer que já não me reconheço mas nem isso posso fazer pois nunca conheci outra versão minha se não esta. Penso e repenso em cada erro meu, em tudo o que correu mal e nos meus arrependimentos enquanto sufoco nas inúmeras lágrimas que derramo. Tornou-se uma rotina incontrolável para mim e além de ser o meu estado de espírito tenho consciência de que a própria situação é igualmente triste. Sinto-me presa dentro de mim. A minha mente é a minha maior inimiga, o pior sítio onde eu posso estar, mata-me aos poucos. Tortura-me lentamente e não há nada que eu possa fazer para a impedir. A minha sentença é viver isto até tudo terminar, só não sei até quando consigo aguentar e isso assusta-me. Estou proibida de viver outras emoções e sentimentos até esta tempestade acalmar. Tenho o meu bem estar e toda a minha liberdade condicionados. É como se o mesmo filme passasse vezes e vezes sem conta e eu não encontrasse o botão para pausar. Já tentei tudo e nada resulta para atenuar ou acabar com isto. Rendi-me e agora resta-me sentir esta tamanha dor e esperar a mesma partir.

Vivemim.Where stories live. Discover now