[🥀] T.S.O.Y. || PJM

|| 6.9 ||

— Yrina, e-eu não sei o que ele te falou, eu não sei o que você viu, mas não é bem assim. Você precisa me escutar Yri.. - a voz de Jimin soava trêmula, como se estivesse a ponto de chorar.

Eu podia ouvir também o barulho que seus passos faziam no piso acima de nossas cabeças, aproximando-se cada vez mais da porta do porão.

— Tudo a-aconteceu tão rápido, é como se fosse um borrão.. - ele funga e gagueja enquanto fala, como se estivesse chorando.

A cada degrau que ele descia, mais rápido meu coração batia. A tensão estava cada vez maior, era quase impossível respirar.

— Yri, por favor, fala comigo. Se quiser ir embora e nunca mais voltar, você pode ir. Eu só quero explicar tudo.. eu te amo. - a voz trêmula de Jimin soa mais perto desta vez e eu já não podia conter minhas lágrimas.

Talvez fossem de medo, ou então desespero. Talvez fossem de amor, um amor corrompido despedaçado em pedaços, assim como meu coração.

No instante seguinte, Yoongi me solta e seu calor não faz-se mais presente ao segurar-me. Eu estava paralisada de medo naquele momento, mas sabia que eu precisava agir.

Saio de trás da pilastra e vejo Yoongi tentando enterrar a faca que ele havia pego na cozinha em algum pedaço da pele de Jimin.

Enquanto um fazia força de um lado para empunhar, o outro fazia para empurrar a ameaça de perto de si.

Aquilo se deu em questão de poucos segundos que pareciam ser eternizados pelo horror e angústia que tomavam conta de mim naquele momento.

— Corre Yrina, agora! Fuja!! - Yoongi berra, ainda fazendo força com a faca contra o outro.

Mas assim que os olhos de Jimin encontram os meus, ele consegue tomar o controle da situação e tomar a faca de Yoongi, prendendo-o contra se corpo pelo pescoço que sofria agora a ameaça de ser cortado pela mesma faca que havia pego antes.

Eu não fui capaz de mover um músculo. Apenas as lágrimas, que rolavam face a baixo, e meu corpo trêmulo impedia-me de parecer estática.

O rosto de Jimin estava contraído e vermelho. Seus olhos transbordavam enquanto ele mordia os lábios. Ele segurava Yoongi fortemente, golpe certeiro que impedia-o de livrar-se.

— Yrina, e-eu achei que fosse isso o que queria.. - ele diz aos prantos.

— Yrina, não confia em nada do que- antes Yoongi pudesse terminar sua frase, Jimin golpeia-o, com a palma estendida, na região de seu pescoço.

No mesmo momento, o corpo de Yoongi pesa e fica mole preso pelos braços de Jimin. Ele perde a consciência e Jimin o coloca no chão.

Corro até ele e confirmo que ele estava desacordado. Eu não sabia o que Jimin havia feito, eu estava desesperada. Envolvo Min em meus braços e choro ainda mais.

—  O que você fez?! Yoongi, acorda, por favor! - berro em prantos.

—  Ele está bem, só fiz ele dormir. Quero poder falar com você sem interrupções, quero me explicar Yri.. - ele tenta se aproximar de mim mas, ainda abraçada ao corpo de Yoongi, tiro meu estilete do bolso e o aponto para Jimin.

—  Não se aproxima! Para mim está muito claro o que aconteceu aqui, você não precisa explicar nada! - fungo enquanto as palavras disparavam de minha boca e atingiam Jimin como se fossem balas.

— Yri, me escuta.. eu te amo, eu me importo mais com você do que comigo.. eu não queria te machucar, nunca! - ele implora.

— Você achou que eu os queria mortos? - encontro forças dentro de mim para soar com desdém entre meu próprio pranto.

— Eu queria acabar com o seu sofrimento e eles eram a razão dele. Eu não queria.. tirar a vida de ninguém, eu não faria mas..

— Mas o que? Qual é a sua desculpa Jimin?

— Aconteceu tudo como um borrão, foi muito rápido, como num sonho.. como se seus desejos se materializassem.

— Nao, nao, nao.. eu não acredito em você!

— Eu juro Yrina, tudo o que eu queria era fazer a dor desaparecer.

— E quando à Yoongi? Você iria matá-lo, estava consciente e não me venha dizer o contrário.

— Você disse que queria ficar daquele jeito pra sempre, comigo.. ele queria tirar isso de nós, vindo até minha casa e invadindo.. ele estava tentando nos afastar Yrina! Ele me ameaçou!

— Iria matá-lo também então? Iria matar todo e qualquer um que ficasse entre nós?

— Eu só queria que ele parasse de falar, de me ameaçar caso eu não ficasse longe de você. Mas se for isso o que você quiser, me diga que eu o faço. Eu me importo mais com os seus sentimentos do que com os meus Yrina, eu te amo! Tudo o que eu tenho feito é por você.

Grunho baixo, chorando com dor no estômago por tudo aquilo que me estava sendo dito.

— Se pedir para eu me afastar, eu o faço por você sem pensar duas vezes. Eu nunca senti isso antes na vida, é tudo novo, é tudo com você e para você. Você é tudo o que eu tenho Yrina! - ele abaixa-se na minha altura e aproxima-se devagar.

—  Não, não, não.. - repito em negação enquanto meu corpo todo tremia.

—  Eu deveria ter te contado, eu sofro desses apagões desde pequeno. É como se quando eu desejo uma coisa tão profundamente, aquilo acontece sem eu nem me dar conta. Tudo apaga e quando eu acordo, já o tinha feito.

—  Então você não nega que queria matá-los? - seguro o canivete apontado para ele com ainda mais força e seu olhar cai.

—  Eu queria que eles desaparecessem, foi isso o que eu desejei. Eles estavam te causando tanta dor e doía muito em mim ver você sofrer, era uma dor física.. ainda é, como se estivéssemos conectados Yrina, você entende isso? - lágrimas rolam pelo rosto de Jimin enquanto ele falava entre soluços.

Eu queria dizer que sim, queria ser honesta e falar a verdade para Jimin. Eu nunca havia visto ele chorar e naquele momento, à minha frente, ele parecia desesperado.

—  Por que não me disse então sobre esses apagões? Por que não foi honesto desde o começo? - digo, tentando normalizar minha respiração para acalmar-me.

—  Porque eu tinha medo Yrina, tinha medo de você me abandonar por isso. Eu preciso de ajuda, mas ninguém nunca me ajudou com isso. As pessoas fogem e eu estava com medo de você fugir também. E acabei te machucando tanto com isso..

Jimin dizia entre seu próprio choro enquanto, ainda agachado, aproxima-se mais de mim. Ele segura minha mão que o ameaçava com um canivete e ao invés de o tirar de mim, aproxima-o ainda mais de seu peito.