هبوط

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Karila que lidera a entrada em sua sala de reuniões, cedendo espaço para que a agente americana tomasse seu tempo para se sentar, e ela o faz, cruzando as pernas casualmente e abrindo os botões do blazer para livrar o corpo do aperto, observando o movimento da princesa ao rodear a mesa e sentar em sua cadeira.

Sua observação silenciosa chama a atenção de Karila que se acomoda melhor e a olhar diretamente.

— Então? – Questionou seriamente, não era das mais satisfeitas com aquela visita.

Allyson Brooke sequer ponderou ao entrelaçar as mãos frente ao corpo.

— Não lhe conheço, não sei quem é a não ser por aquilo que ouço. Poucas pessoas aliás a conhecem no ocidente, e todas a conhecem pelo mínimo que ouvem, não pelo o que veem, isso é traiçoeiro, eu só confio naquilo que vejo com meus próprios olhos, por isso estou aqui pessoalmente, senti ser um dever moral a ser cumprido já que coloca a segurança de conterrâneos em jogo. – Ela falou detalhadamente, observando Karila não esboçar reação alguma com algo que ela já sabia.

— Essa visita é estritamente limitada a me conhecer com os próprios olhos, ou existe denúncias descabidas que eu esteja infligindo a segurança dos americanos? – Karila questionou intrigada com a quão repentina toda aquela situação se tornou.

— Creio que nenhuma dessas opções se encaixe nas intenções. Preciso averiguar a rotina dos americanos, sua vida limitada começou a ter palco no cenário internacional, as pessoas têm intenções, elas querem saber o que acontece com sua gente em outro país, o presidente até mesmo fez questão de enviar-lhe uma carta escrita a punho, reforçando a necessidade de analisar o bem-estar de quem aqui está, não há nada além disso, a não ser que queira me mostrar. – A loira sugeriu com um sorrisinho de canto debochado.

Karila desgostava do fato de que a cada palavra a mulher deixasse implícito que sabia muito mais do que aparentava.

— Corrija-me se eu estiver me equivocando, mas quer que eu lhe abrigue em minha casa, e a deixe vigiar todas as minhas ações, incluindo meus convidados, como uma vistoria, com o álibi de que não tenho nada a esconder para nega-lo? – Karila perguntou arqueando a sobrancelha.

— Exatamente, não serei invasiva, mas isso exige certo tempo e permissões, você que determina se é capaz de passar por isso, se negar não há nada que eu possa fazê-lo em imediato, não é uma ordem judicial, é apenas a sua espontânea vontade. – A loira ainda sugeria com o riso no canto da boca como se estivesse a desafiando a negar logo.

— Ironia falar de espontâneas vontades quando explicita que eu não devo negar se não tenho nada a esconder, levando em conta que nossas culturas e maneiras de viver são diferentes e se torna muito difícil para uma mulher como eu abrir as portas de minha casa para uma desconhecida visivelmente traiçoeira. Se não sabe, sou uma mulher perseguida, não há como exigir que eu confie em qualquer movimento como esse assim magicamente, Senhorita Brooke. – Karila expunha real aversão a presença dela.

— Entendo suas relutâncias e posso fazer meu máximo para minimiza-las, sou uma mulher perseguida também, Senhora Aistarabaw, o sonho de qualquer terrorista é exibir minha cabeça como um troféu, entenda que não sairia de meu país para vir em terreno hostil se não importasse com meu país e meu povo acima de tudo, compartilhamos de preocupações. – Allyson falou seriamente, movendo o corpo para colocar o envelope sobre a mesa diante dela, o símbolo de governo americano estava marcado ali, expondo a importância do documento.

Karila tocou no envelope e o moveu para abrir e ler, se mantendo em silêncio todo o tempo.

"Sua Alteza Real, Karila Aistarabaw I,

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