History

261K 8.7K 61.7K
                                    

Music on* La Forza – Elina Nechayeva

Os alunos da Universidade de Harvard se reuniam atípicos em um dos anfiteatros, novos, da faculdade de História Política. Em uma cerimônia solene de apresentações e falas enumeradas, apresentavam ao público geral a contribuição mais do que generosa de uma princesa egípcia que não vivia em sua realidade, mas que se doava de corpo e alma para ajudar quem pudesse.

A inauguração do novo campus na faculdade de História com um investimento altíssimo da princesa do oriente chamou a atenção de alunos de outros cursos na faculdade. Queriam compreender a mulher, saber sobre sua vida tão limitada, mostravam amor e empatia por uma das madrinhas mais ativas e generosas da Universidade que vivia das perseguições internacionais.

Noticiavam pouco sobre sua vida e das perseguições políticas, devido ao fato de que a imprensa internacional ligada ao Egito tivesse restrições impostas por Al Sisi de maneira veemente. Sabiam ainda de muito pouco sobre a mulher que vez ou outra recebia uma atenção de veículos de imprensa que não seguravam suas línguas.

A cerimônia em honra a Karila Aistarabaw I aconteceu em Massachusetts, na faculdade de História da Universidade de Harvard, sem sua presença física, mesmo que ela tenha feito questão de deixar implícita em uma carta escrita a Universidade e aos alunos que sempre eram beneficiados com sua ajuda, que ela sentia orgulho e muito carinho pela faculdade que podia não ser sua Alma Mater, mas que tinha seu afeto completo e sempre teria.

O novo campus de História levaria seu nome, além de uma placa na entrada do hall para quem quisesse ver em três idiomas, com as honras em inglês e árabe, além do latim. A princesa fora convidada como personalidade social política para receber um título honorário da universidade em uma cerimônia em que sua presença se fazia necessária.

Não era como se ela quisesse negar, mas estava proibida de sair do Egito mediante a um acordo. Não podia ir aos Estados Unidos ou a qualquer país em troca da vida de Normani Kordei, as honrarias a sua pessoa só podiam ser possíveis pela distância, e ela aceitou todas elas de bom grado.

A história se contava por si só, sentia-se justa em pensar que sua presença não se fazia necessária além de sua existência, e aquilo bastaria. Todas as próximas gerações de Historiadores formados na Universidade de Harvard, levariam consigo as contribuições de Karila Aistarabaw I, a última princesa do Egito.

Aos fundos do anfiteatro uma loira imponente e discreta com hijab sobre os cabelos se ergueu olhando a extensão do palco de apresentações, seus olhos pairando sobre a placa dourada que levava o nome de Karila demarcado. Aquela loira conseguiu facilmente se misturar com outras jovens muçulmanas que estudavam ali, não chamava a atenção por se cobrir e manter sempre seu olhar baixo quando ousavam olhá-la por tempo demais.

Notava quanto os jovens que não eram sequer da mesma realidade que a si, nutriam admiração por uma princesa que mal sabiam sobre. Ela negou a experiência de efusões e caminhou anfiteatro à fora sendo recebida por seus seguranças fortes logo a seguida, preocupados com o tempo demorado que se deixou ficar entre estrangeiros estranhos na América.

O bentley negro a esperava e ela desapareceu dentro dele puxando o hijab dos cabelos assim que se encontrou sem seu terreno neutro e seguro.

— Temos que voltar ao Marrocos. – Avisou em um árabe apressado ao motorista de seu carro.

Suas ordens foram atendidas em segundos enquanto seus olhos tão dourados quanto as joias que escondia debaixo de seus panos eram, reluzia em uma idealização de supremacia que era devastadora e corrompível. O preço a ser pago será tão caro...

HiddenOnde as histórias ganham vida. Descobre agora