Capítulo 16

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Pov Alice

Nunca pensei que iria passar por isso de novo. Eu não desejo essa dor a ninguém. Lydia era tão jovem e tão alegre. Ela é, era minha melhor amiga.

Meu pai se casou com ela quando eu tinha 10 anos. Demorou um pouco para eu aceitar ela, só que ela foi me conquistando aos poucos com o seu jeito animado e carinhoso.

Nos últimos anos realmente adotamos um relacionamento de mãe e filha. Meu pai nunca gostou que eu a chamasse de mãe e sempre cortava isso. No fundo meu pai sempre quis que eu me reaproximasse da Lili, parece que ele se sente culpado pelo meu mau relacionamento com a minha mãe.

Eu não consigo acreditar que  ela morreu. Isso é culpa minha, eu que a apressei para vir me ver. Eu sou muito egoísta, eu só penso em mim mesma.
Tudo que eu queria era pode sumir.

Depois que  sai de casa corri até a cachoeira. Comecei a subir aquelas pedras. Parei onde eu e Miguel pulamos na água. Sinto as lágrimas borrarem a minha visão. Adentro mais o lugar até ficar em uma altura assustadora. Eu só queria que essa dor passasse.

Me aproximo da beira e olho para baixo. Sei que se eu pular faria um estrago muito grande. Todas as lembranças  do meu sequestro e da morte da Milena invadem a minha mente com força. Minha respiração fica desrregulada.

Sinto meu peito doer de tanta dor. Talvez se eu fizesse isso toda essa dor iria acabar e quem sabe eu não encontraria a Milena e a Lydia.

Fecho os olhos com medo e me afasto um pouco da beira e sinto o meu corpo perder as forças. Antes que eu caia sinto braços familiares me segurarem.

- Alice. Vai ficar tudo bem. -  Disse ele me apertando contra seu peito.

- Eu estou cansada. - Disse.

- Eu vou te tirar daqui. - Disse ele e me ajeitou no seu colo e começou a andar. Cansada acabo adormecendo em seus braços de tristeza.

Pov Miguel

Quando eu a vi nunca pensei que iria  me importar tanto com ela. Ela parecia aquelas meninas mimadas demais e superficiais. Nunca  iria pensar que ela guardava tanta dor consigo e era tão sensível.

Depois que eu consegui enxergar ela verdadeiramente tudo ficou tão mais claro. E para completar acabei me apaixonando por ela.

Nunca gostei de demostrar meus sentimentos. Sempre   fui um cara  frio, muito mais  depois da morte dos meus pais e de uma decepção amorosa. Nenhuma mulher conseguiu despertar o meu interesse como Alice. Todas as outras mulheres com que me  relacionei eram muito atiradas e superficiais. Acabei me conformando que era melhor ficar sozinho, até ela aparecer.

Não sei exatamente em que momento o que eu sentia por ela deixou de ser só atração. Eu simplesmente sinto que tenho que proteger ela. Eu não consigo ver ela sofrendo. Eu só quero que ela seja feliz.

Ontem tivemos uma tarde  incrível, e me senti tão bem quando consegui distrair ela um pouco. Não sei o que  está acontecendo com ela mas eu espero que ela melhore logo. Não consigo ver ela triste assim. Prefiro ver ela reclamando de todas as tarefas como no início do que vê  ela assim agora.

Estava voltando do galinheiro quando eu vi o carro do pai da Alice estacionado em frente a casa. Não estranhei muito porque poderia ser  só uma visita. Soube que  estava errado quando vi Alice sair de casa correndo e chorando.

Assim que vejo que  ela estava indo em direção a cachoeira corro para tentar alcançá-la. Vejo ela subindo nas pedras, só que ela não para onde nós paramos ontem. Ela vai muito além, para um lugar mais perigoso.

Assim que alcanço ela vejo que ela estava muito na beira. Me aproximo devagar para não assustá-la. Quando estava perto suficiente ela da um passo para trás e seu corpo perde as forças. Seguro ela contra o meu peito. Falo que  vai ficar tudo bem para ela e ajeito ela no meu colo.

Começo a andar para tirar ela daqui. Ela adormece no meu colo e começo a descer com certa dificuldade e cautela por ser escorregadio e algumas partes só serem pedras.

Assim que  consigo sair ando um pouco mais rápido e prefiro ir até a minha casinha que era mais perto. Entro e vou até  o meu quarto colocando ela com cuidado na cama. Cubro ela com um cobertor por conta do frio.

Ela parecia tão serena dormindo mas sei o quanto ela está sofrendo. Preciso saber o que aconteceu para ela ficar assim. Vou até a minha pequena cozinha improvisada e começo a preparar um café para quando ela acordar.

Escuto passos apressados se aproximarem e saio de  casa. Encontro Camilla se aproximando. Ela está bastante ofegante.

- Miguel. Preciso da sua ajuda. -  Disse ela.

-  O que aconteceu? -  Perguntei.

- Alice sumiu. Ela deve  está em algum lugar por essa fazenda. Você conhece isso aqui melhor que ninguém. - Disse ela.

- Eu já achei ela. Ela está dormindo. -  Disse e ela suspirou aliviada.

- Que bom!  Acho melhor deixar ela aqui por enquanto. Claro se você não se importar. - Disse ela.

- Não me importo. O que aconteceu com ela? -  Perguntei.

- O pai dela veio aqui avisar que a Lydia, a madrasta dela acabou falecendo em um acidente de carro ontem. -  Disse ela e tudo fica mais claro.

- Meu Deus! -  Disse.

-  Vou voltar para avisar que  ela está aqui e bem. Assim que ela  acordar e estiver  pronta avise que os pais dela estarão lá para conversar. - Disse ela.

- Ok. - Disse e ela começou a se afastar.

Entro e vou até o quarto, vejo que ela ainda dorme tranqüilamente.
Ela não merece tanta dor. Ela parece tão frágil. Fico velando o sono dela por um tempo até ela dar sinais de que  estava acordando.

Ela começa a falar palavras desconexas e começa a chorar. Ela abre os olhos assustada.

- Hey. Eu estou aqui. -  Disse me aproximando para tentar acalmá-la. 
Ela me abraça me surpreendendo.

-  Por que isso está acontecendo comigo? - Perguntou ela com a voz embargada.

- Eu não sei, mas Deus nunca da um fardo que a gente  não consiga aguentar. -  Disse.

- Obrigada. -  Disse ela se afastando do abraço e limpou as suas lágrimas.

- Você comeu hoje?  - Perguntei.

- Não deu tempo. E também  não estou com fome. - Disse ela.

- Você precisa comer para ficar forte. Você tem muita coisa para enfrentar quando voltar. Vou te trazer um café.- Disse e fui até a cozinha.

Peguei o café e pus em uma xícara para ela. E peguei alguns biscoitos para ela também.

Voltei para o quarto com a bandeja e coloquei sobre os pés dela.

- Obrigada. - Disse ela e pegou a xícara e bebeu o conteúdo.

Ela comia e bebia distraidamente olhando para nada. Há tanta dor nos seus olhos.



Oii gente. Espero que gostem do capítulo.

Votem e comentem.

Bjos. ♡

O caipira Where stories live. Discover now