Capítulo 17

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Pov Alice

Eu estava enrolando para voltar para casa. Não quero ter que encarar os meus pais e a realidade.

Eu não acredito que estou passando por isso. O que eu fiz para merecer todo esse sofrimento?

- Obrigada Miguel. - Disse depois de terminar de comer.

- Você precisa de mais alguma coisa? - Perguntou ele.

- Coragem. - Disse e sinto as lágrimas voltarem a molhar o meu rosto.

- Eu sinto muito que você tenta que passar por isso tudo. Mas não se esqueça que se precisar de algo eu vou estar aqui. - Disse ele.

- Muito obrigada. - Disse e abracei ele fortemente.

Me solto do seu abraço e respiro fundo.

- Eu preciso ir. - Disse.

- Eu te acompanho. - Disse ele.

- Não precisa. Prefiro ir sozinha. - Disse.

- Tudo bem. - Disse ele meio contrariado.

- Obrigada mais uma vez. - Disse e me levantei.

Sai da casa dele e começo a andar em direção da minha casa.

Quando estou chegando perto sinto um nó se formando em minha garganta.

Encaro a porta por mais tempo que deveria. Escuto uma movimentação na casa e então eu abro a porta.

Adentrando a casa vejo os meus pais e meu tio na sala sentados no sofá.

- Filha. Que bom que você voltou. - Disse Lili e eu a ignoro.

- Quando a gente volta para casa pai?- Perguntei e Lili me olhou assustada.

- Como assim voltar para casa? - Perguntou ela.

- Eu vou voltar mais tarde. Eu preciso resolver tudo para o enterro. - Disse o meu pai.

- Eu vou com você. Eu quero me despedir dela. - Disse

- Claro minha filha. Que tal irmos para o seu quarto para conversarmos um pouco? - Perguntou ele.

- Tudo bem. - Disse e subi na frente para o meu quarto.

Abri a porta e adentrei o quarto junto com o meu pai.

Antes que eu pudesse falar algo ele me puxou para um abraço apertado.

- Eu sinto muito minha filha. Eu sei o quanto está sofrendo. Eu sei o quanto amava  ela, eu também a amava muito. - Disse ele emocionado e eu não consigo segurar as minhas lágrimas.

- Me desculpa pai. Isso é tudo culpa minha. Se eu não tivesse pedido para ela voltar rápido nada disso teria acontecido. - Disse chorando.

- Shiii. Isso não é  sua culpa. Foi uma fatalidade. Ela também estava querendo voltar. Ela estava morrendo de saudades de você minha filha. Ela te amava demais. Te amava como uma filha. - Disse ele.

- E eu a amava como uma mãe. - Disse.

- Eu falei com ela antes dela partir. - Disse ele.

- E o que ela falou?  - Perguntei me afastando dele.

- Ela só chamou o seu nome o tempo todo. E dizia que te amava e que precisava te ver. - Disse ele e eu começo a chorar compulsivamente.

- Isso não é justo. - Disse e meu pai voltou a me abraçar.

- Vai ficar tudo bem minha filha. Nós vamos ficar bem. Essa dor vai melhorar com um tempo. - Disse ele.

- Não vai não. A dor da perda da Milena continua a mesma. Ela e a Lydia se foram por minha culpa. Eu não aguento mais isso pai. Eu só queria sumir, parar de sentir essa dor. - Disse e ele voltou a me apertar em seus braços.

- Não fale isso minha filha. - Disse ele.

- Eu preciso ficar um pouco sozinha. Eu vou arrumar as minhas coisas. Quando você estiver indo me chama. - Disse.

- Tudo bem. Eu te amo muito filha. - Disse ele.

- Eu também pai. - Disse e ele saiu me deixando sozinha.

Vou até a minha mala e arrumo tudo dentro dela e a fecho.
Sento na minha cama começando a me sentir sufocada.

Me levanto com a intenção de sair mas alguém bate na porta e entra.

- Oi. Posso falar com você? - Perguntou Lili.

- O que você quer? - Perguntei.

- Eu sinto muito minha filha. Eu queria tanto poder tirar essa dor de você. - Disse ela com os olhos cheios de água.

- Pare com isso. Grande parte dessa dor começou por sua causa. - Disse.

- Eu queria tanto te explicar só que não é o momento. Eu só queria te dar um abraço e te dizer que eu estou aqui e sempre estive aqui para você mesmo você achando que não. - Disse ela.

- Para com esse papo. Você nunca esteve  aqui para mim. Você não pode achar que vai conseguir recuperar o tempo perdido que foi causado por você mesma. Independentemente de você ter tentando falar e manter contato comigo durante esses anos não vai apagar os três  anos sem notícias suas. Você sabe o que é para uma  criança se abandonada? Você já pensou nas  consequências  disso na vida de  uma criança? Eu cresci achando que ninguém iria gostar de  mim ou me amar, já que a minha própria mãe foi incapaz de fazer isso. E os dias das mães na escola? Esses com certeza foram os piores dias da minha vida. Ter que ver todos os meus colegas com as suas mães e eu sempre entreguei os presentes para a Tereza. E sabe quem foi que supriu a sua ausência e fez o papel de minha mãe? A Lydia. Desde que  ela se casou com o meu pai ela estava presente em minha vida. Ela que me ajudou na minha primeira menstruação, foi para ela que eu contei a minha primeira paixão e e pedi conselhos, foi para ela que eu contei sobre o meu primeiro beijo, foi ela que sempre escutou os meus problemas. - Desabafei.

- Minha filha... - Disse ela.

- Fica quieta que eu não terminei. Pode se dizer até que a nossa relação desde que eu vim para cá melhorou mas eu não consigo te perdoar. Mesmo que isso pareça horrível, tudo o que eu sinto por você é rancor e ódio, porque não vai ter um dia em que eu vou olhar para você e não lembrar o que eu passei. - Disse e sai do quarto dando de cara com a Camilla que me olhava feio.

Passei reto por ela e desci as escadas com tanta raiva. Encontrei  na sala o meu pai, meu tio e o Miguel que me olhavam confusos.

Tentei ir embora só que eles me impediram.

- Onde você vai filha? O que aconteceu? - Perguntou meu pai.

- Agora você vai me escutar garota. Cansei de ver você humilhando a minha tia. - Disse Camilla descendo vermelha de raiva.




Oii gente. Espero que gostem do capítulo.

Votem e comentem.

Bjos. ♡

O caipira Where stories live. Discover now