Notur

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Poucas coisas marcaram mais a evolução humana, do que o nascimento da magia. Ela nos deu o dom de mudar o mundo, de entoar canções que curam nossos aliados, e de amaldiçoar espadas para destruir nossos inimigos.

Mas antes da magia existir, as pessoas usavam seu próprio poder, para mudar algo muito mais profundo do que esse mundo.

Escondido sob a superfície da luz, existe o "Reflexo", um mundo onde a luz não pode reinar. Ali, aqueles que eram os mais fortes, em espírito e mente, tinham sua força manifesta na forma de tinta. Logo, os mais fortes dos homens pintam o Reflexo, registrando sua cor, e seu poder, onde quer que estejam.

Por muito tempo, ter sua marca no reflexo era um símbolo de poder e autoridade, o que levou a uma competição cada vez maior. Com isso, surgiram várias escolas, que ensinavam a arte de acessar o Reflexo, e a ter poder, tanto físico quanto mental, para deixarem sua marca.

Mas a magia surgiu, e com o tempo, a maioria das escolas se perderam. Agora, só haviam seis delas, as primeiras a existir. Dizem que em uma guerra, os anciões são os últimos a cair... quem sabe eles tinham razão.

Com o desgaste causado pelo tempo, não havia mais um jeito de manter as escolas de pé, então, eles decidiram se unir em uma única escola.

Mas cada uma seguia uma doutrina diferente, ensinavam de forma diferente, e suas culturas eram diferentes.

Como escolher, qual caminho escolheriam?

Algwin olhou para as casas de pedra e as ruas por onde as pessoas se espalhavam, e uma parte dele se lembrou de quando era mais jovem.

Se lembrou de quando tinha sete anos, e estava correndo de outras crianças, mas caiu e cortou o joelho nas pedras. Ainda tinha a cicatriz como lembrança do dia. Também se lembrou de estar trabalhando em uma taverna, aos doze anos, e um homem misterioso apareceu, usando um manto que quase escondia sua postura, que tinha uma mistura curiosa de perigo e elegância.

Ele se lembrou de quando esse homem o convidou para sua escola, para aprender os mistérios do Reflexo, e quem sabe, ele se tornaria um Noctum, um dos competidores, que entram no Reflexo por glória e poder. Ele se lembrou dos anos de treino, e de cada gota de suor que derramou. E por um instante, nessa pequena rua de pedras, ele viu todo o caminho que percorreu, até chegar ali.

Agora, cinco anos depois, ele estaria fazendo o teste absoluto. Hoje, ele e mais 5 concorrentes competiriam para chegar no centro da cidade, e marcar o castelo com o seu símbolo. A escola que chegasse primeiro, absorveria as outras.

Ele andou pela cidade como alguém normal, observando os movimentos dos cidadãos, mas com o tempo, o motivo de estar ali começou a soar mais alto em sua mente. Já estava na hora de parar de bancar alguém comum, e começar a lutar.

Algwin fechou os olhos, e inspirou fundo. Ele concentrou toda a sua mente no escuro que havia sob as suas pálpebras, e esperou.
Com o tempo, as sombras começaram a tomar forma, até se tornaram um portão cinza escuro, com um homem guardando a porta.
Algwin se espreguiçou e foi em direção a porta, agitando os membros para acordá-los.

- Algwin. - disse o guardião do portão.

- Torkus. - Ele disse sorrindo. - Como estão os novatos?

Torkus deu uma risada

- Os "Novatos" já estão muito mais perto do castelo.

- O QUE?! - Algwin sabia que não era o mais rápido, mas ser o mais lento, significava que ele ia perder. Não podia perder, sua escola dependia da vitória. Sua escola confiou nele para ter a vitória. Ele não podia decepciona-los assim. - Droga, Torkus, abre o portão, rápido!
Torkus riu, e tocou na porta, ele começou a se abrir devagar.

A Taberna Dos SussurrosWhere stories live. Discover now