4. Nhum Nhum.

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#NhumNhum

Odiar as coisas não é certo.

E sim, este é um momento apropriado para gargalhar do fato de que essa frase é produto meu, a pessoa mais propícia a detestar as coisas e cultivar irritação pura e autêntica por, tipo, literalmente tudo"O que você passa nesse rostinho para ter essa pele de bebê, Jimin?": passo nervoso e muito estresse, obrigado. Brincadeira  ou não —, não estamos aqui para discutir meus defeitos — acreditem, poderíamos perder horas botando-os na mesa, digamos que sou quase como um erro de fabricação —, pois o foco é discorrer sobre o seguinte tópico: odiar as coisas não é correto.

Mas isso não significa porra nenhuma.

Está bem, é claro que significa, mas essa história toda de bom samaritano me dá nos nervos; não sou um herói politicamente correto saído de HQs, e como ser humano, cometo esses deslizes. Todavia, para tapados de plantão, prestem atenção num aspecto importante: não é como se estivesse tratando de ódio verdadeiro, pois sou contra qualquer discurso desse tipo e todo ser humano que se preze deveria ser. É um termo forte demais, desse modo, creio que não seja de muita necessidade martelar na tecla de que o ódio em questão não é ódio de verdade, mas apenas um desgosto consideravelmente grande que não se enquadra em "não gosto", portanto, a utilização de "odeio" é de muita ajuda para intensificar a sentença, sem que se encaixe no real sentido e/ou peso da palavra.

Por exemplo: eu odeio Jeon Jungkook.

Talvez eu quisesse dar um socão na orelha dele ou chamar o maluco pra sair na mão qualquer dia, mas não odiava Jungkook de verdade. Era apenas um ranço saudável, uma antipatia dentro do aceitável. Eu costumava comparar minha relação com ele ao meu lance com tomates; não era como se quisesse ter posse de armas exterminadoras de tomate para caçá-los nas feiras da cidade, apenas os queria o mais longe possível do meu paladar. Veja bem, eu não dava uma simples foda para Jeon Jungkook, certamente não era de meu interesse focalizar meu estresse diário nele quando poderia muito bem continuar odiando os tomates, pois tomates eram mais dignos da minha atenção do que um guitarrista bonito e arrogante. O ponto, no mais, é que eu meio que tentava ser um humano legal às vezes, tentando arduamente não ceder ao lado ruim da coisa e não cultivar esse tipo de sentimento, e há quem diga que boa parte dessas minhas tentativas de honrara os bons ensinamentos que recebi da minha mãe, em sua maioria, resultavam em um prejuízo; bon voyage, dignidade.

Sempre soube que não era saudável me estressar com coisas que não mereciam isso, bem como sabia que precisava deixar de ser tão estressado e ao menos tentar agir como uma boa pessoa assim que tivesse oportunidades. Contudo, alguns momentos da vida te desafiam a botar sua moral em risco, te forçando a sucumbir à raiva e talvez falar coisas que normalmente não falaria em estados de paz interior, tais como:

— Não dá mais, vou ter que usar a violência.

Naquele instante, forcei meu travesseiro numa agilidade que eu nem sabia que tinha na direção de Jungkook, que estava—– como sempre — perigosamente perto do meu rosto com aquele perfume característico. Era uma daquelas situações onde se reflete acerca de tudo o que falei até agora, sobre essa merda toda de tentar ser um carinha gente fina e o caralho. Percebe? Não há lucro em ser bonzinho. Portanto, conclui-se com a seguinte cena do filho do cão me fodendo a paciência, que não há como tentar ser um bom cidadão quando se tem Jeon Jungkook cutucando seus mamilos às 7h30 da manhã de uma segunda-feira e um humor predisposto à irritabilidade, o que certamente é meu caso.

— DESINFETA, VERME! — Meninos irritados e putos pela manhã, me adicionem. Continuei pressionando o travesseiro contra Jungkook, uma tentativa um tanto idiota de afastá-lo, já que ele era incontáveis vezes mais forte do que eu. Não se enganem, o desgraçado era o Anderson Silva disfarçado de colegial sul-coreano.

NÃO CONFIE NELE  • jjk + pjmWhere stories live. Discover now