5. Sobre Katanas e Invasões.

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#NhumNhum

Acordar rindo é muito bom.

Fato curioso, sobretudo quando se tem o pressuposto de que acordar é ruim, uma vez que desconheço qualquer criatura de bem que tenha apreço por estar desperto às 7h e pouco da matina. No entanto, estamos tratando de uma situação específica aqui – aliás, anexada a algumas circunstâncias realmente peculiares, já que não estaríamos falando do cotidiano da minha vida se não falássemos, também, do combo de coisas esquisitas que acontece nela.Todos sabem que acordar é ruim, mas acordar rindo é verdadeiramente bom, e contestar esse fato não é onde quero chegar.  O ponto, no fim, é nos lembrarmos de que essa trama ainda não deixou de ser sobre Park Jimin, logo, creio que seja importante fazer uma ressalva à verdade incontestável de que a presença de azar impregnada em mim era quase como uma maldição fodidona e inquebrável, e nem sequer coisas tidas como boas pelo senso comum – tais como o ato de despertar gargalhando – conseguiam ser de algum lucro e/ou prazer para mim. E, sim, acordei rindo, isso é verdade.

Rindo de nervoso.

Para explicar o porquê disto, vamos voltar um pouco no tempo, mais especificamente antes da minha soneca da tarde, quando eu tinha acabado de chegar da escola de um dia estressante e insuportável naquela selva de otários – adolescente é uma merda, e afirmo isso com o maior prazer de me incluir na categoria. Eu estava quase desmaiando de sono quando finalmente cheguei em casa, justamente pelo fato de que havia dormido muitíssimo mal na noite passada, trocando os momentos que poderia ter passado roncando por horas e mais horas pensando em coisas inúteis. Com isso, em consequência da noite mal aproveitada, assim que cheguei da aula, acabei por capotar ali mesmo, no sofá, ouvindo um Jungkook ao fundo reclamar sobre alguma coisa que eu não entendia – e nem queria entender –, pois Park Jimin ainda não tinha virado o Harry Potter e consequentemente não compreendia a língua das cobras. Maus ae, Jungkook.

Eu estaria sendo um verdadeiro mentiroso se dissesse que havia superado completamente o ocorrido com o desgraçado na noite anterior, naquele episódio nada inédito onde ele protagonizava o babaca de sempre e agia como se tivesse algum maldito direito de brincar com as pessoas. Este, na verdade, tinha sido o motivo principal para minha falta de sono na noite passada, já que estava muito ocupado roendo as unhas de puro ódio. Todavia, alguma espécie de intervenção divina resolvera, em algum momento daquela madrugada fria, me dar um soco espiritual para que eu tomasse vergonha no cu com cãibra que costumava chamar de cara, me fazendo constatar que precisava parar de ser um bocó e perceber de vez que o cretino do Jungkook não valia um terço sequer do estresse pelo qual eu estava passando por conta dele. Respirei fundo, depois de longos e duradouros xingamentos e pragas que fiz questão de jogar na cascavel, e por fim, dormi com a consciência limpa e a determinação na alma de quem estava muito a fim de virar o jogo. O que é teu está guardado, Jeon Jungkook.

Encerrando o assunto da noite passada e voltando ao presente, depois de chegar da aula, tirar um ronco no sofá de casa e ignorar Jungkook a manhã inteira – nada além do que aquela besta animal merecia – acordei pela tarde, o que, devemos admitir, é a coisa mais prazerosa do mundo, ficando atrás somente de uma gozada e de quando oferecemos chocolate a alguém por obrigação e a pessoa nega. Acordar de tardezinha é uma delícia, exceto – você realmente achou que não haveria um  “exceto”? – quando se é Park Jimin e Satanás te pega no pulo tentando aproveitar sua vida já nem tão proveitosa.

Foi aí que acordei rindo. De nervoso, obviamente.

Tive três pensamentos assim que abri os olhos depois da soneca, e o primeiro foi “puta merda, que fome”, porque estamos falando de mim, alguém que socaria a costela do melhor amigo se oferecessem um mês de dogãográtis em troca; o segundo havia sido “que vontade de um frango”, porque frango é gostoso; o terceiro pensamento, por fim, veio acompanhado de um barulho esquisito na cozinha, seguido do meu breve espanto ao notar que a porta da sala estava aberta, e fora mais ou menos “ih, mano, invadiram a casa”.

NÃO CONFIE NELE  • jjk + pjmWhere stories live. Discover now