𝟎.𝟏 𝑾𝒆𝒍𝒄𝒐𝒎𝒆 𝑻𝒐 𝑩𝒊𝒈 𝑪𝒊𝒕𝒚

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O trem estava consideravelmente vazio e era confortável às vistas de qualquer outra coisa que eu já tivesse experimentado

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O trem estava consideravelmente vazio e era confortável às vistas de qualquer outra coisa que eu já tivesse experimentado. Tinha me sentado na janela, com quase todos os assentos ao lado vagos. Passei a maior parte do tempo de viajem observando a vista, que em certo ponto passou de completo breu a céu estrelado.

Apesar de ser noite e tudo passar tão rápido que eu mal pudesse enxergar, ainda podia admirar as constelações. E foi o que eu fiz. A imensidão e mistério do céu noturnos eram a representação de tudo o que eu tinha agora.

Liberdade

Sem mais colegas de quarto intrometidas ou stress pré-visita-de-casal-rico-que-obviamente-não-vai-me-adotar. Eu estava livre de Saint Claire, longe o suficiente da Filadélfia.

O sol ainda não tinha nascido quando saltei em uma estação que não conhecia, com saída em uma rua qualquer do Queen's. Caminhei um pouco e parei em um parque, onde me sentei em um dos bancos que não estivesse ocupado por algum morador de rua e esperei que as coisas começassem a funcionar.

Não podia dormir, a menos que quisesse ser assaltada, então permaneci acordada, com a bolsa nas pernas, mãos cruzadas sobre a mesma e o olhar perdido encarando o nada, pensando em uma forma de proteger e fazer meus poucos dólares durarem.

O plano era encontrar alguma pensão de quinta, me hospedar e arranjar um emprego.

A ideia de me matricular em alguma escola não me agradava muito, interações humanas não eram muito agradáveis desde Saint Claire. Eu pretendia evitar o máximo de contato emocional possível.

O fato é que um QI muito alto, na maioria das vezes, impacta em um QE (quociente emocional) proporcionalmente baixo. Motivo pelo qual no momento, aos quinze anos, eu poderia me classificar como socialmente desajustada.

Mas, infelizmente, a necessidade de um diploma mudou minhas prioridades. Então, eu teria que encarar a escola pela primeira vez desde os sete, quando passei a ser educada em Saint Claire. De qualquer forma, não precisaria interagir com ninguém se todos fossem como as garotas do orfanato.

Assim que as lojas começaram a abrir, avistei um restaurante. Tinha portas bonitas, sempre gostei de portas bonitas.

Enquanto eu andava até lá, observava tudo. Ainda tinha que achar um lugar pra ficar. Passei em frente a uma loja com vidros espelhados e resolvi olhar meu reflexo. E, cara, eu tava um lixo. Era perceptível que tinha passado a noite em claro.

O rosto amassado e as bolsas proeminentes abaixo dos olhos me davam um ar meio doente e as roupas amassadas, em conjunto com o cabelo arrepiado contribuíam com o visual que me fazia parecer moradora de rua.

O tilintar do sininho acima da porta soou assim que entrei. O lugar cheirava muito bem. Café, canela, baunilha e panquecas. Fui recebida pelo olhar gentil da senhora no balcão, e passei direto pra uma mesa na janela.

Elektra - AvengersWhere stories live. Discover now