𝟎.𝟕 𝑸𝒖𝒂𝒓𝒕𝒆𝒓𝒍𝒚 𝑻𝒆𝒔𝒕𝒔

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Terça-Feira 1:57 p

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Terça-Feira 1:57 p.m

Midtown School of Science and Technology

Eu nunca acreditei em deuses ou qualquer divindade mas as ultimas semanas se arrastaram como se Cronos quisesse me castigar diretamente. Desde a primeira semana de aula se passaram quatro meses, que mais pareciam um ano inteiro. Eu não queria desistir e acabar como mais uma que fugiu pra cidade grande e acabou numa valeta, mas eu fui muito imatura quando pensei que tudo fosse ser tão fácil.

Perdi as contas de quantos bares, cafés e lojas me rejeitaram. Aquela foi minha tarefa mais recorrente no mês, ainda mais na última semana. Meu passe anual do metrô foi, definitivamente, útil, já que circulei por toda a cidade à procura de emprego. Já que, aparentemente até o cargo de faxineira era concorrido. 

Eu já tinha passado do estado de desespero a alguns dias, estava vivendo um jejum que deixaria qualquer santo anti-materialismo com inveja. Tudo o que eu tinha àquela altura do campeonato eram dez míseros dólares, que estava economizando a dias, e o aluguel do quarto venceria no fim do mês, o que não estava muito longe.

A dor no meu estômago me despertou do meu devaneio de reclamação e auto piedade um pouco antes do sinal das duas horas tocar. Ouvir aquela sineta que soava como as trombetas do inferno nunca foi tão satisfatório. Senti minha cabeça girar, a pressão caindo. Peguei na bolsa um pacotinho de sal que afanei do refeitório e engoli a metade antes de me levantar devagar.

Fechei a prova, que tinha respondido nos primeiros minutos do prazo, antes de me levantar da mesa, entreguei ao avaliador e saí da sala. Era semana de testes trimestrais, tinha sido estressante, com todos os alunos surtando. Passei pelo meu armário pra pegar mais alguns currículos que tinham lá. Talvez eu tivesse alguma sorte em Long Island. Era realmente muito longe da minha habitação, mas antes pegar duas horas de metrô até o trabalho que morrer de fome. Eu daria conta. Abri o cadeado e guardei todo o meu material, pegando os papéis que precisava e vestindo o casaco de volta.

A tontura voltou, me fazendo derrubar as folhas no chão, no meio da tentativa de me apoiar em algo. Poucos segundos depois de me abaixar com cuidado e começar a apanhar os papeis, enxerguei uma mão se enfiando pelo meio dos papeis. Quando olhei pra cima percebi que era o garoto do café...Ricci, ele devia estar por perto quando as coisas caíram, seu armário não ficava longe e ele nunca perdia a oportunidade de me perturbar. Ele recolheu os papeis em silêncio e se levantou, ao mesmo tempo que eu, me entregando os papeis depois de dar uma rápida espiada neles.

-Tá precisando de emprego? - ele perguntou, mais afirmando que qualquer outra coisa

-Eu já disse que não preciso de ajuda - ok, muito grosseira, mas o meu mal estar me parecia uma boa desculpa pra irritação. fechei o armário e saí depois de pegar as folhas da mão dele

-Que pena, achei que fosse dizer que sim, aí eu ia dizer que hoje é seu dia de sorte... - estanquei no lugar e me virei depois de breves segundos

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