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10:23AM

Decidi que já tinha dado a hora de eu ir embora. Estava por lá desde quase oito da manhã, e como era sábado, eu tinha que colocar as coisas na minha casa em ordem — aquilo havia virado uma bagunça. Avisei que estava de saída, recebendo como resposta uma despedida em forma de grito e uma bronca por não querer ficar mais.

Ri de lado, prometendo que voltaria mais tarde — e realmente voltaria —, pronto para ir embora. Parei no meio do meu caminho até a saída da cafeteria assim que, ele, o garoto mais... Incrível que eu já tive a sorte de observar passar ao lado de fora — apenas lhe via porque as vitrines eram transparentes — da cafeteria. Estava na calçada, caminhando de forma preguiçosa, mais ainda sim animada. Fiquei paralisado, como uma estátua, acompanhando-o com os olhos, até que ele virou, e decidiu entrar.

Dei graças ao céus pelo cachecol xadrez vermelho envolvido em seu pescoço não ter escondido suas orelhas com argolas e ter deixado seus lábios visíveis — se bem que cobria seu queixo e sua clavícula, era uma pena não poder observar aquela área tão linda.

Desviei o olhar, repentinamente consciente da quantidade infinita de coisas erradas em mim. Eu estava com uma calça jeans velha que algum dia foi azul, um moletom gigantesco com o nome de uma banda da qual eu nem gostava mais. Tinha também o meu cabelo, ah, o meu cabelo; bagunçado das piores formas possíveis, e eu nem tive a preocupação de, poxa, dar uma pequena escovada nele antes de sair de casa! Ele estava enrolando até, eu detesto quando isso acontece!

Virei a cara numa rapidez quase surreal, me jogando sobre uma das cadeiras macias ao redor da mesa; fui rápido em cobrir minha cara com o cardápio. Ele pareceu não ter me notado, o que era bom se levarmos em consideração a minha péssima aparência. Somente retirou os fones, espreguiçou o corpo de forma discreta e dirigiu-se até o balcão.

Minhas bochechas coraram quando vi o sorrisinho que surgiu de um canto ao outro em seu rosto quando fora atendido rápido, assim como quando uma porção de churros apareceu em sua frente, junto da bebida quente de morango. Seus olhinhos sorriram e ficaram pequenininhos.

É a coisa mais linda do mundo.

Agradeceu pela refeição servida com um aceno e fora se sentar, na mesa em frente a minha.

Caramba, tenho uma bela visão daqui.

Ok. Acho que sou mesmo um stalker.

— Moleque, você não ia embora? — Jin pronunciara bem alto que eu ainda estava ali, e por minha atenção ter sido totalmente cativada pelo meu belo vizinho, saltei de susto assim que ouvi sua voz.

Minha paixão platônica dirigiu o olhar para nós também.

— Oh. Cachos. — Sorriu alegre, observando meu cabelo de forma surpresa. — Meu Deus, você ainda tem cachos? Me lembra os velhos tempos, que coisa adorável! — Jin continuava dizendo, e o pior era saber que o ruivo permanecia nos fitando.

Sabe quando você sente uma vontade quase incontrolável de rir, mas ainda sim consegue segurar e um sorriso reprimido surge na sua boca? Era exatamente esse sorriso que estava estampado nos lábios do meu vizinho.

Não o culpo. Aposto que a cena do Jin fuxicando meu cabelo era hilária.

— Sim. Eu ainda tenho cachos. — Murmurei, sem demonstrar reação alguma.

— Posso tirar uma foto? — Tirou o aparelho celular do bolso de seu avental.

Era incrível como Seokjin me tratava como uma espécie de filho seu. Sempre que eu fazia algo diferente, ele queria registrar no seu telefone. Na minha formatura, tirou mais fotos minhas que minha mãe e ainda chorou como uma criança.

O ruivinho do quinto andar {jikook}Onde as histórias ganham vida. Descobre agora